01 junho 2006

O Futuro da Educação III

A propósito de seriedade cívica e de gente responsável.

Qual é a principal condição que o Estado empregador deve dar aos professores, para que façam um bom trabalho? Eu respondo, é a autoridade. Se se continuar a retirar a autoridade aos professores, eles vão fazer um mau trabalho e, consequentemente, a formação do activos futuros deste país será muito pior.

Qual é segunda condição que o Estado deve dar ao professores, para que façam um bom trabalho? São condições físicas. As escolas devem estar dotadas de condições físicas adequadas à planificação de conteúdos, à pesquisa, etc. O que é que isso quer dizer na prática? Quer dizer gabinetes próprios e individuais, com a computadores e acesso à internet, e isso nas melhores escolas, porque muitas já se contentariam com telhados.

Portanto, quando o Governo diz que os professores têm que ficar mais 10 horas por semana nas escolas, sem quaisquer condições para fazerem o que quer que seja, que tenha alguma utilidade para a escola e para os alunos e que, ao mesmo tempo, estão sendo desposados da sua principal arma para fazerem um bom trabalho, que é a autoridade, então é claro que eu, de uma forma séria e responsável prevejo que o seu trabalho será pior e o resultado será uma pior formação dos futuros activos desta Região que se quer Autónoma e mais competitiva e deste país, que se quer ... melhor.

Eu posso dar um exemplo prático e real que eu conheço muito bem: vão à Escola Dom Paulo José Tavares, ou á Ruy Galvão de Carvalho, as duas em Rabo de Peixe e depois digam-me o que vão ficar a fazer os professores mais 10 horas por semana. Eu digo-vos: nada, não vão fazer nada, vão ficar a conversar uns com os outros e no dias em que chove (que são quase todos, no Inverno) podem ficar a limpar a água que entra céu aberto em muitas salas. Portanto querem mudar a carreira dos docentes, dêem-lhes, primeiro as condições. Se não há capital para dar essas condições, então encontrem-se outras soluções, estas não.

Falar em termos teóricos é muito fácil, mas neste caso é apenas utópico. Quando se diz que porque os restantes 700 mil funcionários públicos (são assim tantos?) estão a apertar o cinto, eu digo que se a máquina estatal não fosse tão grande, talvez não fosse preciso. Quando se diz que os juizes estão a perder as suas férias, eu digo ‘com o diabo então a Justiça portuguesa é assim tão célere que os juizes possam ter tamanhas férias?’ Quando me dizem que os polícias estão a ser mortos? Eu digo que não tem nada a ver com o assunto e que as razões para isso, também podem ser discutidas.

Portanto, querer justificar as péssimas e de consequências incalculáveis, medidas que estão anunciadas para a Educação, com outras medidas ligadas a outros ramos da função pública, isso sim, é falta de seriedade e irresponsabilidade cívica.

Como já tantas vezes aqui disse, em Portugal há uma barreira ideológica, lida-se mal com assuntos como a autoridade, tenta-se democratizar tudo. O exemplo maior da 'esquerdização' é a inclusão dos pais na avaliação dos professores. Isso irá retirar a autoridade a quem a devia ter para poder avaliar e vai democratizar a escola, permitindo aos pais participarem nas decisões. Ora, os pais não devem participar nas decisões da escola, porque as suas opiniões estarão sempre condicionadas pelos acontecimentos da vida escolar do filho, e porque o papel dos pais é educar, e o da escola é ensinar.

7 comentários:

Anónimo disse...

HAPPY MONDAYS!!!!

BRIL BRIL BRIL!!!!

:):):):):):):):):):):)

Pedro Lopes disse...

Caro Rui, antes de ler este post já aflorei algumas questões que aqui apresentas num teu post mais abaixo.
Muito há a dizer. Concordo quando pedes autoridade e melhores condições de trabalho e das escolas para que os docentes passam ensinar com mais e melhores condições. Todos saírão a ganhar, professores e alunos.
Também concordo que a máquina do estado está pesada por ter efectivos a mais. Mas não posso deixar de estranhar, embora entenda a importância social da claasse, que dês taamanha importância aos professores e Às sua reivindicações. Por ventura já dás aulas? eheheh
Há muitas outras áreas, não só no público, que sentem as politicas de "aperto do cinto" que vêm sendo implementada por este governo, e bem. O IVAA subiu para todos, as pensões e prestações sociais são quase todas para não-funcionários públicos.
Os professores, tal como os Juizes, são cidadãos iguais aos demais. A falta de autoridade, a falta de condições fisicas e de trabalho, entre outras, não são um mal exclusivo dos docentes e das escolas. Há outras áreas, como justiça, saúde, segurança social, só para falarde algumas, que estão doentes porque o nosso país é pobre e muitas vezes mal governado.
Defendo o que dizes, mas não em exclusividade. É um mal geral, infelizmente.

E a propósito, os professores não ficarão na escola só para: "e depois digam-me o que vão ficar a fazer os professores mais 10 horas por semana. Eu digo-vos: nada, não vão fazer nada, vão ficar a conversar uns com os outros e no dias em que chove (que são quase todos, no Inverno) podem ficar a limpar a água que entra céu aberto em muitas salas."
apoiem e promovam actividades lúdico/pedagógicas com os alunos, em prol de uma melhor formação Civica, pois no tempo não lectivo também se podem passar ensinamentos.

Não esqueçer que estas horas já são pagas, supostamente para que façam aquilo que se propoem quando seguem esta carreira, ENSINAR.

Pedro Lopes disse...

Amigo Rui já uma vez fui remetido, por ti, para outro Blog, hoje proponho-te que compres o Jornal Público (de Domingo) e leias os artigos sobre as reformas na Educação e a Entrevista à Ministra.

E vendo um programa na TV lembrei-me que nos últimos 32 anos só foi construido um Estabelecimento Prisional, vulgo Prisão, em Portugal. Todos conhecemos o aumento e diferente tipo criminalidade que tinhamos e temos.

Cumprimentos...e boa leitura

Rui Rebelo Gamboa disse...

Tá certo PP.

Eu apenas não achei correcto ser acusado de falta de seriedade civíca, pois é uma opinião, é a minha e pode ser combatida por todos os lados menos por esse. Quer dizer, o poder pode, mas eu acho que também posso me defender.

E, não acho correcto defender qualquer coisa que seja, indo buscar outras áreas; eu explico: tu dizes

"A falta de autoridade, a falta de condições fisicas e de trabalho, entre outras, não são um mal exclusivo dos docentes e das escolas. Há outras áreas, como justiça, saúde, segurança social, só para falarde algumas, que estão doentes porque o nosso país é pobre e muitas vezes mal governado."

eu acho que se deve discutir um assunto de cada vez e não defender o que quer que seja, porque outros sectores não estão bem, eu sou da opnião que quando um sector, uma classe, uma cidade, um país está bem, o resto vem de 'arrasto' (à falta de melhor palavra, que me falha agora)

Desculpa por ter levado tanto tempo a responder, mas isto está cada vez pior, em termos de tempo.

Quanto ao Público, vou ver se dou uma olhada, mas não sei se consigo.

Pedro Lopes disse...

Caro Amigo Rui, só dei outros exemplos de àreas que também carecem de reformas e melhores condições de trabalho, pois, embora concordando com essa carências na Educação, concordo com a generalidade das Reformas feitas por esta Ministra.
Ou seja, a falta dessas condições pode levar tempo a suprir, e não podemos esperar tanto tampo para implementar outras que, a meu ver, também são necessárias e visam uma melhor educação e um melhor acompanhamento dos alunos por parte do professores.
O passo seguinte terá de ser dotar as escolas de condições, ferramentas, para que as actuais reformas surtam efeito.

Por isso também afirmei defender perdas de certas regalias e uma uniformização dos direitos (ex. defendo que o funcionário do sector público se reforme em igual idade aos do privado) em outras áreas profissionais. Também acho que os professores e Juizes, por ex, têm demasiada voz nos média, e logo força reivindicativa, por isso trouxe para a discusão outras àreas que da atenção do Estado.

Não quero, nunca, que os mais vísiveis ofusquem as necessidades dos outros, ou que sejam sempre os mesmos a conhecer os privilégios e melhorias ou a sentirem-se INTOCÀVEIS pela sua importância social, não permitindo que lhes toquem no "direito adquirido".

Não temos Finanças para "direitos adquiridos". E os Sacrifícios tocam a todos.

Quanto à medida de "colocar os professores durante TODAS as suas horas de trabalho (mesmo não lectivas) nas Escolas" penso que já ficou clara a minha opinião.

E já agora, meu caro, não são só os docentes que, por vezes, levam TPCs para casa. Ossos do Ofício...ou pelo menos de alguns.

Um Grande abraço e..... até 4ª feira

Pedro Lopes disse...

Qundo escrevi: "por isso trouxe para a discusão outras àreas que da atenção do Estado"....ficou em falta o "também carecem da atenção do Estado".

Inté

Anónimo disse...

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