02 novembro 2007

Selo, Seguro e Cor

A propósito desta medida, que visa sinalizar a qualidade e competência dos condutores, dei por mim a pensar que os Benfiquistas vão preferir ser maus condutores, e que os Sportinguistas vão querer ser, sempre, os melhores condutores, pois só assim podem exibir com orgulho as cores dos seus clubes ao lado do selo do automóvel e do respectivo Seguro. Eu, que sou do Sporting, estou condenado a ser Bom condutor.

Para além disto, não vejo que utilidade terá tal dístico na melhoria da segurança rodoviária, e na diminuição dos sinistros automóveis. Não é este o seu objectivo?

Talvez até se acicatem os ânimos nas estradas portuguesas, com os “Verdes” buzinando e gesticulando com veemência para que os "Laranjas” e “Vermelhos” se desviem, e não importunem quem “sabe conduzir”, ao mesmo tempo que apontam com orgulho para o seu “dístico” Verde.

E se o filho que “é Vermelho” sair com o carro da mãe que “é Verde”?

Andará a Polícia a controlar se cada um tem a cor que merece?

Basta que um condutor tenha sido culpado em quatro acidentes num período de 10 anos, para ser rotulado de “condutor de risco máximo”!

Será razoável que quatro toques com culpa própria em 10 anos justifiquem uma “falta a vermelho”?

E para os condutores recém encartados – em princípio os de maior risco, dada a inexperiência –, como será?

São necessários, segundo este projecto ora apresentado ao MAI, três anos para se conquistar o “dístico” Verde. Tou mesmo a ver, agora, em lugar de “Cuidado, bebe a bordo”, ou “no fear”, vão surgir nos vidros traseiros dos carros, autocolantes que alertam para o; “Perigo, Recém Encartado a Bordo”.
E as bestas que circulam na estrada e que batem e fogem? Ou aquelas que conduzem alcoolizadas ou em excesso de velocidade? Quais os “dísticos” que terão?
Uma Caveira, um Zé Povinho ou Uma foto do Nelson Piquet?

Enfim, espero que este seja daqueles projectos que nunca saem da gaveta.

4 comentários:

Rui Rebelo Gamboa disse...

Penso que não há muita hipotese de isso vir a ser realidade. Num caso como o meu - em que duas pessoas conduzem o mesmo carro - como é? E tantos outros exemplos podem ser dados.

O problema de rotular é grave, porque é ostracizar. Mas o que há em Portugal (continental, principalmente) é uma autentica guerra civil nas estradas, que não se resolve com este tipo de medidas.

Nos EUA, quando um pedófilo sai da prisão e via viver para um bairro, a sua casa é marcada, para toda a gente saber. Está certo? Ele já pagou a sua "divida" à sociedade e quer livrar-se do rótulo, mas não consegue. Por outro lado, poderá ir com o intuito de voltar a fazer o mesmo e aproximar-se de familias que não sabem do potencial perigo que ali está.

O caso que refiro é diferente, muito mesmo, do referido no post. No caso dos carros, acho que não resolve nada e até, como disseste e bem, poderá levar a um aumento da já grande tensão entre condutores e levar a mais acidentes. Contra-producente, portanto.

Pedro Lopes disse...

Rui, e tu, já tens o teu "auto-colante"?

Pois é, esta medida além de poder tornar-se contraproducente, como dizes, pode também levar a que os condutores culpados em pequenos acidentes, se sintam tentados a pagar a factura do seu bolso, não reportando o sinistro à companhia de seguros, pois é esta que envia os dados para a tal "autoridade reguladora", que depois dá ordem á companhia de seguros para enviar o "dístico" da cor X para o seu segurado.

Ou seja, é optimo para as companhias de seguro, porque receberão menos facturas de danos provocados por sinistros para pagar. E é certo que os ricos nunca teriam um "dístico" Vermelho, pois pagariam todos os danos provocados a terceiros dos seus recheados bolsos, nunca tendo cadastro de sinistros com culpa própria.

Mais uma vez quem levará com o pior (neste caso a cor Vermelha) são os que menos poder económico têm. São sempre os mesmos a sentir a crise.

Claudio Almeida disse...

Eu vou precisar no minimo de uns 10.

É completamente estupida essa medida.

SS disse...

esta medida pode ser directamente nomeada para estupidez do ano. as entidades que promovem concursos e prémios que estejam atentas e não deixem esta ideia escapar.