As imagens da SIC que o Rui colocou no post abaixo, são – dizem os professores –, situações diárias nas escolas e salas de aula em Portugal. A única diferença, acrescentam, é que o caso em apreço foi amplamente divulgado e difundido e, mais importante, chegou aos meios de comunicação social.
A gargalhada geral da turma, quando a menina mal comportada diz à professora, em tom tirano e repressivo, “dá-me o telemóvel, já!!”, só deu mais força à rebeldia, e demonstra o quão excitante foi presenciar a setôra a ser humilhada e violentada pela colega. A autoridade desprezada.
Ninguém se impôs, ninguém se importou com a professora, só quiseram registar em vídeo o momento, para mais tarde recordar no You Tube, qual Kodak dos tempos modernos. Tristes recordações…
Urge pois atacar, mais do que os sintomas e manifestações, a origem destes comportamentos desviantes. Ao mesmo tempo que se pune, é necessário perceber o porquê, para que se pare com a proliferação de incidentes como este e se inicie uma nova etapa de aprendizagem e re-socialização. Uma reposição da autoridade, uma inversão dos valores actualmente vigentes.
É inquestionável o facto de termos que olhar com atenção para as manifestações dos desvios sociais, punindo-os de forma exemplar, tendo sempre em atenção o tratamento de eventuais distúrbios psíquicos e/ou traumáticos.
Mas sem intervir nas causas que motivam tais comportamentos anti sociais, corremos o risco de nos vermos condenados a, unicamente, perpetuar as curas e punições, dos sucessivos desvios e desviados.
Para que tal não suceda, é necessário ir de encontro aos meios de origem, aos bairros e famílias, aos grupos de amigos (grupos de pertença), conhecer as redes de vizinhança, em suma, uma intervenção de terreno. Neste caso, são os Assistentes Sociais quem, sem dúvida, se encontra mais habilitado, talhado e treinado para esse trabalho.
A primeira fase é a do diagnóstico, de modo a que se possa observar e avaliar as vulnerabilidades mas, também, as potencialidades a explorar. Depois destas estarem identificadas, vem a fase seguinte em que, com a família e seu círculo de relações, se exploram as possibilidades, os caminhos e as etapas, que se têm de percorrer para se efectivar uma mudança social, uma mudança de hábitos e atitudes do dia-a-dia. É indispensável um trabalho de orientação e consciencialização, uma pedagogia que quebre algumas barreiras culturais e tradições. Explicar, elucidar, demonstrar com exemplos práticos, e, claro, respeitar os ritmos e crenças de cada indivíduo ou comunidade. Tudo o que é imposto à força corre o risco de ficar “colado com cuspo”. Virasse as costas e persiste o problema.
Isto leva-me a defender a presença de Assistente Sociais nas Escolas, pois são estes os profissionais que podem fazer a ponte entre a comunidade e a escola. Uma mediação e interacção entre o exterior e o interior do espaço escola, onde por vezes as regras se chocam.
Eu disse, no comentário ao post da "votação", que os cães ou os animais são o reflexo dos seus donos, dos ensinamentos e exemplos que estes lhes passam. Pois bem, isto também é válido para o único animal racional conhecido; o ser humano.
As crianças exportam para as escolas e outros locais onde convivem e/ou frequentam, os ensinamentos e regras – ou falta delas –, que presenciam ou lhes são passados em casa, nos seus quotidianos, mas também nas comunidades onde moram.
Por isso, ou combatemos a praga arrancando a raiz (que neste caso será quebrar com a reprodução dos problemas sociais e de exclusão, educando para a cidadania e para o respeito pela autoridade) , ou, de cada vez que a cortamos (punimos ou remediamos), ela cresce com mais força na primavera seguinte (persistindo e até agravando os problemas) .
11 comentários:
Meu Caro,
A tua análise parece-me oportuna e correcta. Só mesmo alguém habilitado profisionalmente, poderia opinar de forma tão acutilante sobre o assunto em questão.
Concordando de uma forma geral, digo apenas que hoje vi no Telejornal do Canal 1 (é o único que vejo) que aluna em questão terá o castigo máximo do novo Estatuto do Aluno (se percebi bem) que é a transferência de Escola. Se isso é de facto assim, que o castigo máximo é apenas obrigar a mudar de Escola, já se vê alguma da origem do problema. Recordo-me que no tempo em que estava na Escola, muitos alunos foram mandados para cas durante algum tempo e recordo-me de um caso em que um aluno foi expulso, acarretando o chumbo de ano.
Há mais razões, evidentemente. E ao falar aqui com um jovem espanhol que tem uma brilhante carreira na Comissão, ele dizia-me algo que já aqui mencionei: há um problema geracional. Isto é, ele acredita que as pessoas mais jovens quando chegarem ao poder não vão olhar apenas para medidas eleitoralistas apenas, como construir, construir, construir. Vão, acima de tudo, investir na Educação, que apesar de nunca ter resultados a curto ou médio prazo, que depois ajudem a uma re-eleição, são as medidas que, cada vez mais, urgem a ser tomadas.
Boas
Eu concordo em parte com vocês, embora acho que este caso da aluna, do telemóvel e da professora, tenha sido mal gerido pela professora. Eu acho que a professora não tinha que retirar e teimar com a aluna, a única coisa que a professora deveria ter feito era avisar uma primeira vez e numa segunda mandar a aluna para fora da aula com falta disciplinar (se ainda existe)!
Não sei se algum de vocês viu a ultima "Causa Pública", um novo programa da RTP Açores. Neste programa estiveram presentes o Dr. Fernando Diogo, antigo Director Instituto de Acção Social e actualmente professor de Sociologia na Universidade dos Açores, Dr. Monteiro da Silva, antigo Presidente da APIA e actualmente 1º Juiz do Tribunal de Contas e professor de Economia da Universidade dos Açores.
Neste pequeno debate esteve em cima da mesa as questões da educação e da Pobreza. Depois de uma hora de debate, ambos os intervenientes chegaram à conclusão de que não existe uma suficiente aposta nas escolas e na educação, afirmando que não é a falta de recursos económicos e materiais (porque eles existem) que leva a este constante insucesso escolar, mas a falta de uma linha nas politicas de educação, o que por sua vez está relacionado com a pobreza nos Açores. E todo este contexto leva a outros problemas sociais como as Toxicodependências, o vandalismo e a criminalidade.
Continuo a achar que alguma coisa de mal se passa em casa. A educação recebe-se aí. Nunca me teria passado pela cabeça em jovem tratar assim uma professora - quanto mais não fosse pelo receio da reacção dos meus pais quando tivessem conhecimento do assunto!!
Concordo convosco. Sobre as declarações do Cláudio Almeida, também concordo, houve uma má gestão da situação, apesar de não saber ou imaginar como é estar naquela situação e a que falta de atitudes isso nos leva. Mas houve, correcto.
O q é um facto é q estamos num periodo de transição em q os intocáveis deixaram de ser os professores para serem os alunos.
Antigamente chegava a casa e dizia que a minha professora me tinha batido e...levava ainda mais do meu pai e da minha mãe!!!
Hoje em dia o menino leva uma advertência verbal, chega a casa diz que foi chamado à atenção por parte do professor e quem leva...é o professor!
...a autoridade está a ser atacada a todos os níveis, é um facto. Também os polícias precisam da autoridade para convenientemente exercerem a sua profissão, mas o que se vê é a protecção dos criminosos.
é incrível como num episódio de agressividade, violência, má educação e desrespeito se invoque a má gestão da professora. ou estou a ver isto de uma perspectiva muito distorcida ou falta-me a licenciatura em gestão.
Eu concordo contigo, SB. Acho que a culpa e palavra é mesmo essa "culpa" é toda da aluna. A professora geriu a situação da forma que melhor achou na altura. Estou certo que nenhum professor está preparado para lidar com aquilo. Não se pode tentar desculpar de forma alguma aquele comportamento e mudar o foco para a professora é, de alguma forma, desculpar a aluna.
Repito: pelo que sei o castigo foi a trasferência de escola, quando deveria ter uma punição exemplar, que teria de passar por expulsão que acarrateria chumbo de ano.
Camarada, verifico hoje que a pena para a jovem que fez o que fez à professora é a mudança de escola.
Pelo que só me apetece mandar à merda quem decidiu a pena, se é que assim lhe podemos chamar. Porque não mandar violadores para fora do pais, ou assassinos para a Riviera francesa. E os ranhosos que estavam a assistir. E a porcaria da geração que ai está, carregada de inúteis aos magotes, integrados em programas merdosos que onde treinam a indiferença por tudo o que é autoridade. Quanto mais burro, mais altivo.
Quanto mais burro maior o pré.
o castigo foi a transferência de escola porque é a sanção mais grave que o Estatuto do Aluno permite. Nãoe squecer que a 'sanção' escolar não se confunde nem tem qualquer ligação com o eventual ilícito penal que ocorreu. cada macaco no seu galho, às escolas compete educar e ensinar, aos tribunais a justiça. (parece que a professora apresentou queixa crime hoje)
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