Todos nos recordamos da então anunciada crise global da informática, que estava prevista acontecer exactamente na entrada do novo milénio. A causa apontada seria a confusão e impreparação dos PCs quando se deparassem com os novos dígitos do ano 2000. Foi denominado de “Bug do milénio”, este drama Planetário que se previa. Gastaram-se muitos milhões para tentar prevenir as possíveis anomalias. Tudo em vão, para gáudio dos terrestres. Nada de mal se passou, e a informática continua evoluindo como uma ferramenta indispensável nas sociedades modernas.
Passados dez anos, encontramo-nos no final da primeira década do segundo milénio D.C., e surge uma nova crise que atemoriza o globo. Mas esta não foi anunciada com tanta antecedência, e as medidas vêm a reboque das sucessivas falências no sector financeiro, não deixando margem para previsões, ainda que estas de pouco valessem. Sendo o sector financeiro uma peça fundamental das economias, todas elas sentem o abalo, e algumas abrem mesmo “fendas” – como no caso da Islândia.
Qual tem sido (será) a solução?
Uma vez que o sistema financeiro já não é capaz de se auto-financiar, as medidas paliativas tiveram/ terão de ser tomadas pelos Estados, nacionalizando alguns sectores chave. Curioso, é o facto das democracias mais “arejadas” do Ocidente, terem evoluído ao longo das últimas décadas, no sentido de serem livres da “mão” interventiva do Estado, desenvolvendo-se com base num mercado livre, tendo como única fronteira as entidades reguladoras………até agora.
Será que chegou o “Bug do Capitalismo” ?
Em todos os países se fala da Crise Mundial, todos os líderes, de todos os quadrantes políticos, se vêm obrigados a reconhecer a sua chegada. Eu diria mais, todos nós a sentimos.
Alguns – liberais mais optimistas –, relembram uma grave crise na Suécia, em que o Estado se viu obrigado a adquirir (nacionalizar) grande parte da Banca do país, passando-a, posteriormente, novamente para as mãos dos privados. Os mais cautelosos – em resposta aos últimos –, dirão de imediato que esta crise é Global, e não à escala nacional, pelo que a sua resolução não se vislumbra tão fácil e linear.
Depois do colapso do sistema financeiro Americano, e das medidas anunciadas de combate à crise, começa agora a Europa a revelar a dimensão da sua crise. Em Inglaterra, Gordon Brown, prepara-se para nacionalizar parte da Banca. Em Itália verificam-se centenas de despedimentos no mesmo sector, obrigando Berlusconi a uma tomada de posição. Pode haver, aqui, uma mudança de paradigma?
Como responderá a Europa a esta crise? Quem será “A” voz da UE?
Não será descabido relembrar, perante o cenário actual, a recente discussão à volta do Tratado de Lisboa, e da necessidade da sua aprovação.
Eu não sou apologista de uma grande intervenção Estatal na economia, embora defenda que o Estado deva reservar para si o controlo de sectores considerados estratégicos. Em Portugal, a GALP é disso um mau exemplo.
Mas no que toca à justiça e equilíbrio social, uma vez que não sou neoliberalista, defendo um Estado Providência que assegure, ou melhor, que defenda os cidadãos dos excessos do Capitalismo Selvagem. (para que o Bug, a verificar-se, não nos leve a todos ao fundo com ele, por obra de alguns, que não dão a cara nem se submetem a sufrágio popular; tipo especuladores e afins)
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