30 dezembro 2008

Bélgica - O Fim?

O Rei Alberto II, da Bélgica, nomeou o democrata-cristão flamengo Herman Van Rompuy primeiro-ministro da Bélgica, numa tentativa quase inútil de unir um país que está cada vez mais dividido.

Em termos teóricos e gerais a definição de um Estado compreende três características fundamentais: um território, um governo e um povo. Ora, a Bélgica só tem mesmo o território, porque quer Valónia, quer Flandres e até Bruxelas têm o seu próprio Parlamento e Governo Regional e, talvez mais importante, a Bélgica não tem um povo, pois flamengos e valões são efectivamente dois povos distintos, com língua, cultura e identidade completamente distintas.

Ao passearmos pelas ruas da capital, Bruxelas, encontramos ocasionalmente uma bandeira do país pendurada nas janelas. Qualquer português pensaria imediatamente que o treinador da selecção belga de futebol adoptou o sistema de Scolari. Sendo certo que em ambos os casos há uma tentativa de mobilização da população em torno de algo que é nacional, no caso belga a questão é bem mais profunda que o futebol no caso português. Para os belgas é uma questão de sobrevivência da própria Bélgica.

E é Bruxelas que ainda mantém a unidade do Estado belga. Não tanto por ser a capital, mas porque é o centro da União Europeia. De facto, o efeito EU no processo unificação/desagregação da Bélgica é vital. Nem se consegue imaginar o que seria de Bruxelas e, por tabela, da Bélgica se a EU não tivesse lá a sua base. Por outro lado, há um outro factor importante que mantém a Bélgica unida, a monarquia, os belgas das diferentes regiões identificam-se com os reis.

No entanto, o futuro não se avizinha fácil para o Estado belga. O extremar de posições de um lado e outro tem surtido os efeitos desejados, ou seja a instabilidade política, que proporciona as razões para a definitiva divisão.

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