23 junho 2009

Ver Baleias, ou Caçá-las?

Ainda me recordo de, em 1986, ser proibida a caça à Baleia nos Açores, por via de um Tratado Internacional, também assinado por Portugal. Nessa altura a decisão foi recebida com tristeza por grande parte dos Açorianos, em particular pelos habitantes da ilha Montanha, com fortes tradições baleeiras.

Foi em 1987 que foi arpoada, nos mares dos Açores, a última baleia. Esta excepção foi concedida - pois já vigorava a proibição -, para que um Britânico pudesse registar em documentário o modo tradicional e rudimentar com que os bravos baleeiros se lançavam ao mar, para defrontar e matar o maior mamífero do Planeta. Outros tempos, em que a parca economia das ilhas, também subsistia à custa do que se extraía desses cetáceos.

Deixo aqui um texto do Blogue “Notas do meu retiro”, do conhecido escritor, investigador e jornalista picoense, Ermelindo Ávila, e que considero uma boa síntese para aqueles que queiram conhecer alguns episódios, relatos e memórias desta pesca, com ares de caçada, bem como da arte da construção naval a ela associada. Também nele constam as sucessivas Leis que regeram esta actividade.

Pensei que esta, era uma prática já extinta nos nossos mares, mas este Mundo não é feito de certezas.

Orgulho-me dos bravos que escreveram este capítulo na nossa História - o da caça à Baleia. Mas nos dias que correm, são os museus e as recordações desse tempo que nos podem valer, e não um regresso à matança. Até porque se fosse retomada esta prática, os meios nela empregue seriam, como se sabe, bem mais dizimadores, e não artesanais como o eram.

Ainda convivemos com estes belos mamíferos, que há séculos cruzam os nossos mares, mas agora, em vez de os perseguirmos para manchar de sangue as nossas águas e dai retirar o ganha-pão de muitas famílias, procuramo-los para os apreciarmos, e para gáudio de quem nos visita. É este o futuro, e é dai que podem advir os dividendos para a nossa economia. Não anseio por um regresso ao passado, por mais orgulho que nele tenha.

Por isso, foi com tristeza e receio que ouvi o Ministro do Ambiente (!), Nunes Correia, admitir que a morte em águas nacionais destes grandes cetáceos não está posta de parte. (Conferir Aqui)

2 comentários:

Kik disse...

Caro Lopes,

Realmente, é lamentável que o Ministério ainda equaciona esta possibilidade/debate, além de ser um "crime" ecológico existe um caminho alternativo testado que funciona muito bem (Turismo), no qual, por exemplo, os Açores são pioneiros em matéria legislativa.
Existem matérias bem mais importantes, sinceramente!

Pedro Lopes disse...

Sem dúvida, caro amigo.

No Açoreano Oriental de hoje, escreviam em primeira página que o Whale Whaching nos Açores subiu 16% em poucos anos, e representa uma facturação anual de 5,5 milhões de euros. Ecologia é o caminho, não predação.

abraço