O PS decidiu que nas próximas eleições - autárquicas e legislativas -, os candidatos que figurarem nas listas às autárquicas, não poderão surgir nas listas a candidatos a Deputados da Nação. É, sem dúvida, um bom princípio, um preceito que abona em favor da transparência e da veracidade eleitoral.
Poderiam tê-lo feito já nas eleições ao Parlamento Europeu, evitando, assim, que Elisa Ferreira e Ana Gomes estivessem presentes em duas frentes - candidatas a Euro deputadas e candidatas a autarquias. Os socialistas ter-se-ia esquivado, pelo menos, a algumas críticas internas, que, estou em crer, surgiram, porque quem as proferiu contariam com um lugarzito na AR, caso não conseguisse ganhar a autarquia a que se candidata. Este mal-estar demonstra que estariam dispostas a ser presidente de câmara, mas que, acaso não o conseguissem, prefeririam sentar-se no Parlamento, do que num lugar de vereação na Câmara Municipal à qual concorrem.
Não será de estranhar, que duas das vozes criticas desta decisão de Sócrates, sejam mulheres. Sim. Pois com a actual lei da paridade, estas senhoras socialistas, já se viam a fazer parte das listas às legislativas, na ânsia de “facilitar” o preenchimento de 1/3 dos lugares das referidas listas. (por esta, e outras razões, sou contra a lei da paridade)
Esta separação de figuras que constam das listas a eleições distintas, parece-me ser uma atitude coerente e que vai de encontro à verdade e clareza que se deseja na politíca. De outro modo, os eleitores, que já se sentem distantes e indiferentes à politica em geral, e às eleições em particular, ficariam confusos com os mesmos rostos em listas distintas. Saberiam que estavam a ser iludidos, e provocaria, ou alimentaria ainda mais, o descrédito que muitos têm em relação aos políticos e às suas reais ambições. Os cargos políticos e os desafios eleitorais, devem ser aceites pelas pessoas como forma de servir a comunidade, a sociedade a que pertencem, e não como forma de se servirem a elas próprias.
Todos sabemos que muitas vezes as caras que surgem em lugares cimeiros das listas partidárias, somente lá surgem como chamariz. Não raras vezes, em eleições legislativas e regionais, os primeiros candidatos são autarcas, que todos sabemos não abandonarão as suas funções para integrarem os lugares a sufrágio….e se o fizessem, estavam a atraiçoar aqueles que os elegeram para o cargo camarário, pois não cumpririam o seu mandato.
Esta decisão - de não integrar os mesmos nomes em eleições distintas -, vai também de encontro ao que o PS e a generalidade dos partidos defendeu : a separação destes dois actos eleitorais. Abre também caminho a uma renovação das listas, e à entrada de caras novas no cenário eleitoral, quebrando o circuito interno a que muitos partidos nos têm habituado.
Vamos ver se se torna regra, ou se será uma excepção atendendo à particularidade deste ano eleitoral.
7 comentários:
Pois, o PS lá se decidiu pelo mais correcto, coisa que o PSD já faz desde as Europeias e que não é notícia exactamente por isso, porque no PSD isso não novidade.
Como diz uma senhora deputada do PS, Sónia Sanfona, deputada e candidata socialista a Alpiarça, disse à Lusa que "o PS esteve muito mal ao mudar as regras a meio do jogo". "Bem andou o PSD, e mal andou o PS, por não ter anunciado logo de início a sua posição".
Caro amigo,
o PSD Açores, se bem me recordo, tinha nas suas listas à ALR, pela ilha de S. Miguel, pelo menos 3 autarcas. E esses, não são agora deputados regionais. Ficaram onde estavam, nas Câmaras Municipais.
Por isso, a ver se esta pssição se torna regra, em todos os partidos e para todos os actos eleitorais.
E, não esquecer, que o Rangel já foi sondado por Manuela Ferreira Leite para, eventualmente, vir a ser Ministro. Ou bem vai para onde foi eleito, ou então cai no mesmo erro que criticou durante a campanha.
A ver vamos!
Caros Rui e Pedro: uma questão pertinente, apesar de no activo haver muito poucos que possam aparecer como naturais defensores de tal orientação, sobretudo e também nos Açores. Mais uma vez sou de opinião que esta questão deve ser objectivamente definida em Lei, e não apenas num conjunto de orientações partidárias.
PS-E vou já embora, não vá aparecer por aqui um assessor cheio de artilharia e canhões e tudo.
Luís Almeida
Pedro, se recuares mais para trás irás encontrar muitos outros erros.
As coisas vão sendo "arranjadas" ao longo do tempo.
A ideia que fica deste teu post é que o PS abriu o caminho e espera-se agora que os outros vão atrás, quando na verdade não é bem assim. Só isso.
Rui, neste post, apenas pretendo dizer que sou a favor desta distinção clara entre as várias listas e os candidatos que nelas constam.
E tens razão quando dizes que se eu recuar no tempo, encontrarei muitos outros erros. Mas estes, foram cometidos por todos os partidos.
* Haverá coragem para fazer desta posição uma regra, retirando as figuras mais mediáticas dos partidos, dos primeiros lugares das listas, se, à partida, já todos sabem que não vão ocupar os lugares para os quais se apresentam ao eleitorado?
* Querem os partidos optar pela verdade e transparência?
É isso que me interessa, de facto.
Se reparares, começo por dizer que o PS não teve esse discernimento nas europeias e foi, e bem, criticado e atacado pelo PSD quando colocou Elisa Ferreira e Ana Gomes em duas frentes.
Não pretendo atribuir a “taça” a nenhum partido em especial, mas, em minha opinião, esta foi uma boa regra, e demonstra coragem, para além de esperteza. Claro que a proximidade das duas eleições, e a derrota nas Europeias, podem ter levado o PS a adoptar esta posição.
Aquilo que diz o Luís, não me parece descabido - legislar sobre esta matéria, evitando estes golpes eleitorais.
Pouco me importa quem adoptou primeiro este princípio, mas quem o afirmou tacitamente, foi, agora, o PS. E esta, é uma posição levada a cabo por políticos, que pode ajudar a regenerar a imagem dos mesmos e, desta forma, contribuir para uma menor abstenção.
Ninguém pretende atribuir a taça a ninguém, simplesmente parece-me ser da mais elementar justiça reconhecer que o PS não tomou esta decisão por esperteza, mas sim porque foi atrás do que os outros já tinham feito.
Penso que estamos aqui a confundir duas questões: uma a pertinência e importancia de não haver candidatos duplos e nisso estamos de acordo; outra coisa, que é aquilo que estou a apontar, é que a ideia que fica do teu post é que o PS tomou a iniciativa e que agora os outros deve ir atrás e isso está claramente errado.
A questãó é que esta não foi uma notícia para ser aplaudida. A notícia que deveria ter sido aplaudida e que, de facto, cabia que nem uma luva neste teu texto, seria aquela, antes das Europeias, que dizia que outros partidos, ao contrário do PS, não iriam concorrer com candidatos duplos.
E isto tem enorme importancia para nós açorianos. Não nos podemos esquecer de toda apolémica Maria dos Ceu Patrão Neves vs Luis Alves e as posíçoes que ocuparam. Na verdade o 5º lugar de Alves só aconteceu porque o PS contornou a Lei ao por candidatos duplos. O PSD, pelo contrário, concorreu com todos os candidatos reais.
Por isso custa-me um bocado ver elogios a isto agora, que mais não é do que ir atrás do que os outros já fizeram.
Quanto à questão em si, é evidente que não devem haver candidatos duplos, por todas as razões que disseste e, mais, os eleitores sabem muito bem discernir.
Rui,
se calhar a dupla leitura da palavra "princípio" é que te leva a pensar que eu considero que quem começou (principiou) com esta decisão - de não permitir que duas pessoas constem em duas listas a eleições distintas -, foi o PS.
No título, quando escrevo “princípio”, refiro-me a preceito moral, ou regra. É tão-somente isso. De resto não encontro outra frase ou palavra de onde se possa extrair tal leitura.
Quanto à critica que Rangel - e bem -, apontou na altura ao PS, este fê-lo pois ambas as visadas já tinham assumido as suas candidaturas às respectivas câmaras municipais. E, nessa ocasião, eram das poucas que se conheciam já como candidatas autárquicas. O PS com esta antecipação, marca pontos, pois obriga, agora, os outros partidos a proceder de igual forma.
E há a questão de Rangel, que depois de tanto criticar - e digo novamente, com justiça -, estas duplas candidaturas, fica quase obrigado a, caso o PSD venha a formar Governo, ficar fora dos candidatos a Ministros.
Rui, relembro-te que "os outros" ainda não demonstraram ser esta a sua regra, a sua visão das listas, pois, como digo acima, só depois das Europeias começaram a surgir os candidatos às autarquias. (Santana Lopes é das poucas excepções no PSD)
É, portanto, agora que se poderá saber - com estes dois actos eleitorais -, quem vai querer, e conseguir, manter esta premissa.
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