Esperava-se muito do debate na RTP-Açores sobre a eleição para a Câmara Municipal de Ponta Delgada. E, se por um lado, as expectativas não sairam defraudadas, a verdade é que, por outro lado, o debate deixou muito a desejar.
Comecemos pelo melhor: Berta Cabral. Sem dúvida que quem se recandidata à posição que já ocupa - seja qual for - tem a vantagem de conhecer por dentro todos os dossiês, pois lida com eles diariamente. Porém, na verdade, quem se recandidata tem também a desvantagem de ser o alvo de ataque dos adversários. O que é certo é que Berta Cabral demonstrou cabalmente as suas qualidades. Sabe do que fala e conhece a fundo os assuntos. Depois, talvez devido à sua maneira de ser e de estar na vida, não se limita ao conhecimento, tem uma abordagem totalmente hands on approach, é uma mulher de acção e não tem tempo a perder. Uma mulher com uma vitalidade invejável e que coloca todas as suas qualidades ao serviço da sua comunidade.
Assuntos havia que levantavam algumas dúvidas, como a central de camionagem em frente ao Coliseu, ou a opção por fazer um Museu. Em ambos os casos as respostas de Berta Cabral foram completamente esclarecedoras. No primeiro caso, a opção daquele local aconteceu porque os estudos demonstram que não é viável ter a central fora do centro, uma vez que seriam necessárias muitas mais "Bertinhas" para assegurar o transporte das pessoas da periferia para o centro. Quanto ao Museu, trata-se apenas do aproveitamento integral dos fundos comunitários que foram postos ao dispor da CMPD, que se destinam a museus, escolas ou bibliotecas. Explicações convicentes, dadas em respostas com propriedade e simpatia.
No entanto, o lado positivo do debate esgotou-se em Berta Cabral (para ser justo e em comparação com a moderadora do debate da rádio, Osvaldo Cabral também esteve em bom plano). Os restantes candidatos foram autenticas decepções. Comecemos pelos candidatos do CDS e da CDU. É verdade que os seus partidos estão longe ideologicamente, mas neste debate tiveram algo em comum: ambos roçaram o ridículo. Desde as propostas de artes marciais para a Polícia Municipal, passando pela habitação social em terrenos com 700m2 e com piscinas, estes dois candidatos foram simplesmente tempo perdido.
Quanto a Lúcia Arruda. Nota-se que estuda os processos, mas sofre de duas patologias. Por um lado a "bloquite" e tendência para falar mal de tudo, de ser sempre do contra e de apresentar propostas irreais. Por outro lado sofre de "zanguice", parece estar zangada com tudo e com todos. Tem uma postura demasiadamente agressiva, para quem se apresenta ao eleitorado. No fundo, é só barulho.
E por fim, Paulo Casaca. Manifestamente o melhor entre os piores, Casaca tem um discurso bom e escorreito e até pode vir a intrometer-se na luta de sucessão na liderança socialista. No entanto, Casaca e o próprio Partido Socialista não estiveram nesta campanha. Não se empenharam, não procuraram apresentar alternativas, foram apáticos e nem Carlos César andou em campanha em Ponta Delgada (à excepção de alguns minutos na últimas horas da campanha, em que esteve na Fajã de Baixo). Deste modo, Paulo Casaca neste debate foi apenas o Paulo Casaca da campanha: não esteve lá. Até naquele estudo que apresentou estava um ano atrasado em relação a Berta Cabral. Foi presa fácil demais para a candidata social-democrata.
Em conclusão, ficou claramente espelhado neste debate o que esteve em jogo nesta campanha. Berta Cabral empenhada, trabalhadora e conhecedora. Paulo Casaca ausente. Lúcia Arruda irrealista. Candidatos CDS e CDU palavras para quê. Foi, sem sombra de dúvida, uma vitória clara de Berta Cabral.
4 comentários:
Fantástica a Dra. Berta e aqui em toda a sua vitalidade.
Lidera-se dando o exemplo. Enquanto que uns dão exemplo de malcriação e arrogancia, a Dra- Berta dá o exemplo de trabalho, entrega e conhecimento.
http://www.youtube.com/watch?v=__6Kb0VVpRM
E a música é conhecida aqui do blog, porque será?
muito boa leitura Rui ;)
vai seguir uma queixa para a Comissão Nacional de Eleições porque este texto convenceu-me que a Berta Cabral era Jesus no dia de reflexão.
O atento à casa levou banhada!
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