09 outubro 2009

Elisa Ferreira uma mulher surreal

É difícil abordar qualquer tema que resulte da mais grosseira e atávica patetice porque a respectiva evidência é de tal ordem que o ridículo só não será perceptível por algum inane fã de quem tenha proferido tão grande "enormidade" (para suavizar a linguagem).

Ontem, além do surreal jornalismo desportivo, tivemos direito ao respectivo correspondente político, mas pior, porque, tratando-se de alguém que representa Portugal além fronteiras no Parlamento Europeu, já foi ministra e é candidata à Câmara Municipal do Porto, afecta o nosso discernimento enquanto cidadãos e eleitores e, sobretudo, mostra e demonstra a cepa na qual assenta a qualidade da maioria da classe política.

Entre outras pérolas, a ler aqui, Elisa Ferreira proferiu estas que transcrevo:

"Consigo o FC Porto volta a ter as portas da Câmara abertas?

Claro. O que estranho é que a relação entre a Câmara e o seu principal clube de futebol, que é também campeão nacional e promove a cidade internacionalmente, seja objecto de polémica.

Estranho é que eu tenha ido visitar o bispo do Porto, o reitor da Universidade do Porto, a Misericórdia do Porto e não tenha havido comunicação social.

Fui visitar o FC Porto e tinha uma mediatização como se fosse o Barack Obama.

Quem beneficiou da agressividade da Câmara com o FC Porto? Foi o próprio Rui Rio, que passou a ter pelo menos o apoio de seis milhões de benfiquistas.

Quem se portou impecavelmente? Foram os portistas, que disseram que uma coisa é futebol, outra é política e até o elegeram.

Quem está neste momento a misturar futebol e política é o presidente da Câmara do Porto, que resolveu com essa agressão transformar-se numa figura mediática nacional. Rui Rio é mais conhecido por alguma coisa que não seja a agressividade com o FC Porto? O que é que o fez um grande político nacional?
"

Para a senhora, o facto de ter o "tachinho" garantido no Parlamento Europeu, ser uma candidata de circunstância e ter feito uma campanha miserável, não é relevante.

Para a senhora, o facto de a comunicação social (certamente dominada pelo Benfica) só aparecer num determinado local, não lhe causa estranheza.

Para a senhora, o facto de invocar um clube da cidade e ter o apoio do respectivo presidente (declarado em exercício de funções) e, mesmo assim, ir perder as eleições não é demérito da própria e do dito presidente (condenado desportivamente por factos que contribuíram para o mau nome do clube e envergonharam a cidade), é indiferente, porque o adversário vai ganhar com os votos de seis milhões de benfiquistas (os quais organizaram uma grande cabala e se recensearam todos na cidade onde a senhora é candidata).

Para a senhora, confundir portistas e portuenses, é ressocializar, uma vez que, para ela, os portistas são seres inteligentes e os portuenses são idiotas, porque benfiquistas e, sacrilégio, não votam nela nem apreciam o tal presidente.

Para a senhora, tudo isto não é mistura entre política e futebol, é, naturalmente, dar voz "às forças vivas da cidade".

Para a senhora, na sua sanha anti-Benfica, qualquer lembrança de que este clube foi impedido, por uns quantos energúmenos (certamente portuenses, logo, benfiquistas), de festejar um título desportivo na cidade a que quer presidir, com a complacência das autoridades policiais e o silêncio cobarde e confrangedor do Governo de então (o dela), deve ser algum devaneio lírico contra o Norte.

Não, para ela tudo estará bem, desde que o clube do apoiante presidente possa festejar títulos na varanda da Câmara (talvez o desígnio mais importante do seu manifesto eleitoral), presumindo-se que lhe seja irrelevante a forma como os mesmos sejam obtidos.

Perante isto, quem precisa de fazer campanha eleitoral?!!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Por cá é mais "ou votam no PS, ou ficam 4 anos sem dinheiro do governo"

Abutre disse...

E ontem à noite, nos "Gato Fedorento", a pergunta que encerra a promíscuidade entre os Presidentes da Câmara Municipal do Porto eleitos pelo PS e o FC Porto e seu presidente:

A senhora vai se ganhar vai ser efectivamente presidente da CM do Porto, ou acontecerá consigo aquilo que aconteceu com fernando Gomes e Nuno Cardoso, ou seja, o Presidente da Câmara era o mesmo do FC Porto e os outros dois meros vices ou paus mandados?

Elisa Ferreira, muito enrrascada vomitou umas baboseiras.