23 agosto 2011

Futebol, à míngua de assunto

Num café lisboeta, na mesa ao lado, três amigos, rondando os setenta, falavam de futebol. Assunto banal, até ter ouvido a frase: "No domingo, foi esmifrado o mito do "errar é humano" na arbitragem". Avizinhei o ouvido, apaladei a língua, bebericando o café, e perguntei o que se passara. E eles disseram-me.

Disseram-me que um tal Idalécio Martins, árbitro dos regionais, apitou um jogo da I Liga com competência e sem medo, ou seja, sem ciscos nos olhos ou na mente que lhe perturbassem a visão ou o discernimento.

Disseram-me que, eventualmente, o tal árbitro foi bafejado pela sorte, por aquele jogo ter sido morno, a dar para o fraco, mas tendo, por outro lado, o ambiente rodeante a escaldar até ao tutano, na marcação cerrada que se faz à sucessão do cargo de nomeador.

Disseram-me também que o teste não foi de fogo real, pois, para tal, exigia-se que, ao menos, um dos intervenientes fosse um outro clube..., mas que tinha sido melhor que nada.

Disseram-me que este súbito e anónimo Idalécio só tem importância por ter posto sob suspeição os critérios que sustentam a misteriosa ascensão de alguns apitadores até ao topo da carreira.

Disseram-me que ser familiar ou protegido de A ou B, ser adepto de C, ser adepto de D mas prejudicá-lo sempre em favor de C, ser visita assídua de E ou F, agradar a E, F ou G, ser sensível às "ofertas irrecusáveis" de A, B, C, E, F ou G, ter capacidade adrede para contradizer as suas próprias interpretações das regras do jogo, são qualidades muito apreciadas para uma rápida subida até ao topo.

Disseram-me que, em simultâneo, se pede alguma inteligência, sobretudo para agir agradavelmente, parecendo não o fazer.

Disseram-me que, pelo meio, face à evidência da real qualidade, e em nome da transparência, se promovem uns quantos competentes, para não parecer aquilo que parece que é.

Disseram-me que, mesmo assim, a arbitragem portuguesa é a melhor do mundo, excepto quando o acaso lhes engrena um qualquer Idalécio sem ambição e sem futuro. Como eles.

Ofereci os cafés, despedi-me e corri para o computador. E escrevi, antes que esquecesse.

6 comentários:

Anónimo disse...

Eu sempre pensei que era um absurdo as nomeações(e é uma prática diferente das outras profissões)devia era haver sorteio dos árbitros em igualdade de situações.
As nomeações são o caminho para as insinuações, os árbitros têm por obrigação saber arbitrar todos os jogos, se falharem é como em tudo, são erros da profissão,
Agora resta saber porque é que os clubes não querem?

Anónimo disse...

Ser adepto de D, afinal também ajuda na ascensão do apito? Diz-se que o Tenente Coronel JF, adepto incondicional de D, vai ser castigado por se ter escusado apitar S, mas aposto consigo Sr JG que isso é areia p olhos. as duas primeiras jornadas já definiram a classificação final. Vai uma aposta?
Savrega

Anónimo disse...

A propósito de ser sócio de D, e sobre a agressão se Pedro Proença:
"Um sócio do Benfica agride outro à cabeçada por divergências pela forma como exercem o seu benfiquismo..."
Savrega

João Ratinho disse...

A arbitragem esta ao serviço do primeiro. O clube lacaio, antes grande hoje uma especie de Braga, queria ter o mesmo tratamento. Não percebeu que é uma coisinha. Não conta para nada de tanto lamber as botas. O senhor João Ferreira é adepto do clubinho que um dia para ser beneficiado fez um dia de luto. O senhor Vitor Pereira, o senhor Xistra, o senhor Ferreira ou o senhor Olegário são adeptos deste clubinho.

Anónimo disse...

Oh Sr João Ratinho, os seus comentários fazem-me rir. então o seu clube D, com os tais 6 milhões, não tem ninguém nos futebois? pois, é mais um flop! o apiteiros são só do clube S e do C? o Ferreirinha é lampião, disso não haja dúvidas, e muitos outros tb. Não foi JF que foi preferido e combinado para um jogo da taça com o belenenses? e que normalmente é convidadao para as festas de D? o clube lacaio só pde ser o D, no tempo do Damásio, andavam sempre de mãos dadas...
Savrega Ratoeira

Anónimo disse...

Até os cronistas do Açoriano Oriental como Pedro Gomes à falta de assunto escreveram sobre a bola. a bola é mesmo importante porque retrata o país. Ambos falaram do mesmo assunto procurando apontar as causas da decadência da bola e por consequência do país. Muito bem. a bola retrata o país fraco com fracas reses.