27 abril 2012

SATA e RTP .... Açores

Nesta semana estão na actualidade duas das principais empresas públicas dos Açores e cujos futuros têm que ser necessariamente debatidos em nome da nossa própria identidade Açoriana: a SATA e a RTP/A 

Comecemos pela SATA. Hoje, não temos dúvidas, uma das principais razões para o atraso crónico dos Açores em relação ao resto do país e da Europa, é a distância física que nos separa do continente e o preço que custa percorrer essa distância. Os preços que a SATA e a TAP praticam para levar e trazer passageiros de e para os Açores são um absurdo. É um absurdo, por exemplo, que uma passagem de Lisboa para Moscovo, ou outra qualquer capital da Europa, seja mais barata que Lisboa para Ponta Delgada.

Assim, e porque as eleições regionais estão aí à porta, o preço das passagens aéreas será o tema chave para a vitória em Outubro. O governo regional do PS é o responsável pela actual situação da SATA, nomeadamente a Secretaria regional da Economia, que tutela a área. Ou seja, mesmo apesar da sua estranha saída de secretário de Economia, o preço das passagens aéreas é uma herança de Vasco Cordeiro. A SATA foi mal gerida politicamente ao longo destes últimos anos. Tem servido como albergue de emprego e como instrumento para o PS se manter no poder, em vez de fazer serviço público. A SATA precisa, por isso, ser reorganizada e mantida, tendo em vista um objectivo apenas: baixar os preços para servir convenientemente os interesses dos Açorianos e continuar a ser este elo de ligação entre nós. 

Que soluções apresentam os candidatos? 

O PSD já apresentou a solução que pretende implementar: segundo Berta Cabral, com apenas 1% do nosso orçamento anual, consegue baixar os preços das passagens para valores aceitáveis. Uma solução que garante a continuidade da empresa, mas que exige, de qualquer forma, uma reestruturação. Já quanto ao PS, a ideia parece ser a vinda das low cost. Não devemos nunca colocar nenhuma hipótese de parte e as low cost são uma solução a pensar, sem dúvida. No entanto, estranha-se muito que só agora o PS fale no assunto, 16 anos depois de estar no poder e a 6 meses do fim ciclo. Só podemos interpretar esta hipótese low cost como um trunfo eleitoralista, atabalhoadamente atirado, para dar resposta à solução concreta do PSD. É que, pensemos bem, a abertura das rotas entre o continente e os Açores assim de repente, representaria garantidamente a morte da SATA com tudo que isso representa em termos de desemprego e perda de uma empresa que existe e serve os Açores há mais de 50 anos. 

Outra empresa que faz parte da marca da identidade da região é a RTP-Açores que, soube-se esta semana por portas travessas, vai mesmo avançar para a redução da transmissão já a partir de Maio. Não se percebe, antes demais, a falta de informação sobre o que se está a passar na RTP/A. A nova direcção entrou e ainda nada fez. Ou melhor, vai fazendo, mas sabe-se apenas porque ouve-se falar. A nova direcção ainda não teve uma intervenção pública que se saiba a explicar aos Açorianos o projecto que têm para a nossa televisão. E devem-nos isso. Custa muito, também, ver a RTP-Açores ser deixada ao abandono, principalmente por parte do governo regional. Se o governo de Lisboa decidiu vender a RTP casa mãe e reduzir os canais regionais a 4 horas, cabe-nos a nós defender os nossos interesses e a nossa televisão. E não custa muito. É que segundo os dados oficiais, o custo anual da RTP/Açores são 13 milhões. Lisboa deverá estar disposta a financiar pelo menos dois terços desse valor. 

A pergunta que devemos fazer ao governo regional é se não pode financiar o resto? Cerca de 4 milhões de euros por ano. Se pensarmos que o Orçamento anual dos Açores são 1.4 mil milhões de euros, 4 milhões representa cerca de 0.3%. A RTP/Açores não é importante ao ponto de merecer 0.3% do dinheiro que o governo regional gasta anualmente? Já agora, em vez de 0.3%, porque não dizer 1% e aumentar o financiamento da RTP Açores, permitindo melhorar o serviço? Claro que a RTP/Açores merece ter esse financiamento. 

Que tipo de Autonomia é esta que depende que Lisboa nos pague tudo? Nós podemos assegurar a continuidade da nossa RTP. É tudo uma questão de prioridades. Em vez de se gastar, por exemplo, milhões em obras de cimento e betão, que tal dotar um mísero por cento do nosso orçamento para garantir o futuro do nosso canal? É tudo uma questão de prioridades e objectivos, e das respectivas estratégias para as por em prática.

A prioridade deve ser sempre o interesse dos Açorianos e o objectivo o nosso desenvolvimento económico. Neste contexto, é do interesse termos a SATA a praticar preços baixos e manter bem viva a RTP/Açores a dar-nos informação independente diariamente. Estas duas empresas devem estar acima de qualquer luta política-partidária.

5 comentários:

Bandeira Açores disse...

A triste realidade é que:

A RTP/A não é dos Açorianos. O Governo da República manda e desmanda como quer na RTP/A. O governo da República vai fazer aquilo que sempre ansiou que é dar uma machadada na Autonomia.
Passos Coelho no seu melhor estilo certamente só anunciará no dia antes que afinal a RTP/A será uma janela de 4 horas. Agora não venham dizer que a culpa do desemprego na região é exclusivamente culpa do Governo Regional. Agradeçam a Passos Coelho...

Bandeira Açores disse...

A realidade quanto às passagens aéreas é que é possível baixar o seu preço, basta que usemos apenas 1% do orçamento da Região para isso.
A realidade sobre a RTP/A é que se usarmos 1% do orçamento da região é possível manter o serviço.
O que quer isto dizer?
Isto quer dizer que as finanças da Região estão de boa saúde e permitem que tal manobra seja feita, pelo menos é esse o entendimento do PSD/A.
O que eu não percebo é porque o PSD/A insiste que a saúde financeira da Região é pior do se imagina, se afinal até admite que existe margem de manobra para manter a RTP/A e baixar as passagens à custa de uma percentagem do orçamento.

Anónimo disse...

Alguem duvida que a RTP Açores é para acabar? a atual direçao está mandatada para acabar com a televisao regional. A auto intitulada comissao de trabalhadores da RTP Açores é que está muito calada. Agora que sabe que querem acabar com a televisao regional já nao fazem manifestaçoes? Que interesses os mantem em silencio ?

Anónimo disse...

Caro Rui
Eu aplaudo de pé a sua defesa da RTPA e da SATA.
Mas não será um pouco incongruente defender a Sata e a RTP, e ao mesmo tempo defender o Governo de Passos Coelho que tão apressadamente quer acabar com todas as empresas públicas?
Esta história da redução das tarifas aéreas nos Açores, já foi implementada pelo César, mas rapidamente as tarifas voltaram a subir.
Agora Berta Cabral diz pretender reduzir as tarifas aéreas para propaganda eleitoral, mas quando teve cargos importantes na Sata, não a vimos tão interessada na diminuição do preço das viagens.
Os governos PS e PSD, por melhor boa vontade(que eu duvido que tenha)não pode resolver só a nível autonómico o problema das tarifas aéreas e também da manutenção da RTPa, o Rui sabe que é assim mas para efeitos eleitorais tudo serve para conseguir o voto, não é?

Anónimo disse...

Hoje é dia de luta, não só porque se comemora o dia do trabalhador, em homenagem dos Operários de Chicago no dia 1º. de Maio de 1886, lutaram pela diminuição da jornada de trabalho, mas porque passados mais de um século os trabalhadores Portugueses são obrigados a fazerem jornadas de trabalho que podem em certos casos serem superiores aos que eram praticados em Chicago do século 19, torna-se fundamental a luta sair à rua num dia assim.
Viva o 1º. de Maio e a justa Luta contra as arbitrariedades do governo de Passos Coelho.