20 junho 2012

Das Viagens e Ajudas de Custo à Falência duma Economia - Uma História Imoral


O início da semana fica marcado por duas notícias que dizem tudo sobre o que tem sido a governação socialista ao longo dos últimos anos. Duas notícias que se complementam e que estão intimamente ligadas, apesar de serem assuntos totalmente diferentes.

Primeiro, e segundo a capa do Correio dos Açores, Rui Bettencourt, Director Regional do Trabalho e Qualificação Profissional, vem admitir publicamente que já não há dinheiro para continuar a pagar a formação profissional, como até agora aconteceu. Os cortes vão ser muitos e vão atingir todas as escolas profissionais. Bettencourt admite que toda a oferta formativa na região tem que ser repensada, reconhecendo claramente que se cometeram excessos. Nós já aqui dissemos muitas vezes que a formação profissional tem vindo a ser usada pelo governo regional para mascarar o desemprego. E situações dessas, como se sabe, nunca duram para sempre. Eventualmente terá que se pagar a factura.

Segunda notícia: uma auditoria do Tribunal de Contas àsdeslocações e ajudas de custo dos gabinetes dos membros do governo regional que revela factos simplesmente inacreditáveis, inaceitáveis, autênticos abusos do poder e dos dinheiros públicos.

Há tanto para falar sobre o que vem nesse relatório, mas vamos nos concentrar em apenas algumas das conclusões.

Antes demais, dizer que o relatório só analisa as viagens no ano de 2010. E dizer, por exemplo, que só nesse ano, Carlos César e um dos seus imensos membros de gabinete, fizeram mais de 30 viagens.

Depois, há a já conhecida viagem da Dra. Luísa César ao Canadá que nos custou, a nós açorianos, 27 mil euros. Revela o Tribunal de Contas que a senhora e a sua comitiva de dois dos assessores de César, tiveram sempre limusines à espera, com um custo de 600 euros por dia. Revela também que no total da viagem de apenas uma semana, a factura de Luísa César foi de 3,500 euros, mas a dos dois assessores foi de 7600€, porque inexplicavelmente foram para Londres antes de regressarem aos Açores. 7600€?!? Ou seja, mais de 15 mil euros para os dois assessores em menos duma semana! Quando a maioria dos açorianos mal ganha 500 euros por mês e ainda tem que pagar uma data de coisas, estes senhores, que ocupam há anos as cadeiras do poder, gastam assim 27 mil euros em viagens sumptuosas e luxuosas com limusines e estadias nos melhores hotéis e até se dão ao desplante de regressarem via Londres, tudo pago pelo erário público, sem gastarem nada dos seus próprios ordenados que já são bem altos. Ultrapassa em muito a falta de ética, isto é simplesmente inaceitável!

Mas há mais. Noé Rodrigues, o secretário regional regional da agricultura e florestas, vive em São Miguel, mas tem morada oficial na Horta, por isso teve direito a 136 dias em ajudas de custo por estar na sua casa em São Miguel. Claro, em cima do seu ordenado.

Depois temos Sérgio Ávila, o vice-presidente, que tem um acordo com Hotel Altis para que, sempre que se desloca a Lisboa, ficar alojado na Suite Junior, por uma preço de diária de 250€. Os restantes membros do governo também ficam no mesmo Hotel e pagam cerca de 170€ de diárias. Quando há uma empresa açoriana que tem um Hotel em Lisboa e que faz preços bem mais apelativos. Mas o luxo é que interessa e nós a pagar.

Enfim, todo o relatório de auditoria só nos deixa uma reacção que é perplexidade, e indignação e até mesmo uma sentimento de ultraje, sentimos-nos enganados, diria, ao ver o que ali está. Porque, depois veem as outras notícias, hoje eu fiz a comparação com a falta de meios para a formação profissional, mas poderia ter falado na falência da Educação em geral, na falência da Saúde nos Açores, onde não há dinheiro para materiais básicos, poderia ter falado na falência das empresas, na falência de muitas famílias que simplesmente já não têm dinheiro para darem de comer aos filhos. Todos estes assuntos da falência da nossa economia podem ser confrontados com estes abusos dos nossos governantes. Porque foram eles os responsáveis por ficarmos nesta situação, ao adoptarem políticas erradas e, como se isso não bastasse, abusam dos dinheiros públicos para fazerem vidas de ricos, de jet setezinhos de trazer por casa, à conta dos nossos impostos. Porque, não tenhamos dúvidas, sempre que metemos gasolina, ou fazemos uma compra, porque nos é essencial para sobrevivermos, estamos a pagar uma percentagem e bem alta em impostos, que deveriam depois ser redistribuidos pelo governo para quem mais precisa e revitalizar a economia. O que se demonstra aqui é que o interesse deste governo socialista será sempre o deles próprios e nunca o da população. Já basta! Os Açores têm que mudar.

4 comentários:

Anónimo disse...

finalmente descobrimos porque é que as contas da viagem da assessora dos palácios e dos assessores que a assessoraram a "representar" o governo (coisa extraordinária!) custaram o que custaram. Estava em Londres a apelativa comunidade açoriana sedenta da visita eventualmente para mostrar como é o palácio de Buckingham para a assessora perceber como passa despercebida a realeza à séria. Uma visita de estudo justifica bem a despesa.
O Hotel Lisboa Açores tem melhores condiçoes do que o Altis. A piada é que os socuialistas invocam a autonomia como bandeira de campanha e depois desprezam as empressas regionais que por acaso praticam bem melhores preços. Tendo como exemplo os gasots do Matusalem que está em Lisboa a bitola nao poderia deixar de ser esta. tristes gastos em fim de carreira.

Bandeira Açores disse...

Mete nojo... Mas quem é a Luísa César para viajar às custas dos dinheiros públicos, que eu me lembre ela não foi eleita para coisa nenhuma, ela não tem cargo nenhum no governo...
Será que alguém vai ser responsabilizado por esta trapalhada...
O Tribunal de Contas parece-me ser uma instituição respeitável, mas no entanto parece-me que quando descobrem este tipo de coisas só serve para aparecer no jornal e pouco mais, depois não se percebe se há ou não consequências a partir das averiguações do TC. Acho que os Açorianos tem direito a ver o dinheiro gasto exageradamente devolvido.

Anónimo disse...

Este problema das mulheres dos políticos eleitos para 1º. ministros ou Presidente da república é um problema que tem abrangido o PS e o PSD e no fundo não passa de querer copiar uma prática Monárquica na republica, o que é um anacronismo que em parte é da responsabilidade dos cidadãos que não fiscalizam a vida politica e se deixam envolver pelas tácticas desinformativas tanto dos médias como dos governos que os dominam.
Em última analise estamos perante usurpação de funções ilegítimas, mas os partidos da governação PS/PSD e CDS, não querem mexer nesta temática pois não só sabem que estão comprometidos com elas como querem continuar a usufruir destas práticas abusivas e irregulares.

Anónimo disse...

Leiam esta prosa sobre Crises e comparem-na a outras análises (da crise Europeia)recentemente publicadas em jornais locais:

http://www.amazon.com/Legitimation-Crisis-Juergen-Habermas/dp/0807015210