10 junho 2012

Do caos à pré-campanha açoriana

Uma série de pequenos factos aleatórios e aparentemente sem ligação entre si, logo que devidamente interligados conduzem a um determinado resultado que, apesar de expectável, pode, por influência daqueles, ser inesperado.

Por cá, no campo político, têm-se verificado uma série de pequenos acontecimentos cuja importância, por si só, parece despicienda e desprezível, e por isso não contestados, mas que se associados, conduzem a um padrão comportamental que visa um fim pré-determinado.

A desconsideração da líder da oposição nas comemorações do Dia da Região, o microfone do senhor secretário José Contente, o tratamento preferencial da assistente de bordo da SATA ao senhor secretário regional que embarcava na ilha Terceira, causando protestos e desconforto no demais passageiros, as mil e uma sessões de esclarecimento aos mais variados sectores de actividade económica com promessas mirabolantes e a presença em peso do aparelho partidário, sem o vislumbre da oposição, os consonantes "artigos de opinião" em jornais e rádios, a recém descoberta da RTP-A, a providência cautelar por causa da "janela" televisiva, a "opinião isenta" dos "comentadores" em programas na RTP-A, a recém-descoberta e apropriação da Autonomia, o ataque pirata à página pessoal da líder da oposição (algum simpatizante mais afoito, sem perceber a condenação geral), as constantes referências à situação da Câmara Municipal de Ponta Delgada, o silêncio sobre o caos no município de Vila Franca do Campo, o constante desviar de atenções para a Madeira, o apontar do dedo diário para o governo central, o silêncio acerca de José Sócrates, a política de transportes (ou a falta dela) na região, a falta de programa eleitoral, o obscurecimento repentino do candidato Vasco Cordeiro, a derrapagem no custo das SCUT, etc, etc, são fenómenos, à sua escala, que parecem desconexos e imerecedores de comentário ou, fazendo-se este, parecendo exagero, tal o alarido dos decibéis da reacção.

É aqui que a aleatoriedade se afasta, se se tiver em consideração o facto essencial e comum que lhe está na génese: há eleições daqui a três meses. Não chega?! Daí que o bater de asas de uma borboleta no Japão possa causar um furacão nos Estados Unidos.

Sempre defendi que os pequenos episódios deveriam merecer tratamento adequado, relevando-se o que houvesse a relevar, mas jamais se ignorando ou votando ao esquecimento qualquer grão de areia que possa emperrar a máquina. Tudo merece registo e análise, mesmo se aparentemente irrelevante.

É aquilo que eu traduzo por máxima de Gonçalves para a política:

Entre as diversas opções estratégicas à disposição do adversário, escolhe aquela que se revelar como mais nefasta para ti.

Realpolitik, pura e dura, eu sei, mas, como refere o ditado, cautelas e caldos de galinha...

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro José Gonçalves
As hostes do PSD regional estão mesmo descrentes, afinal tantos anos de governação do PS, só vos faz lembrar pequenos factos dispersos do governo, misturados até com Sócrates, e até talvez, com o sexo dos anjos e não sei que mais.
É necessário não terem programa e visão para o futuro para juntarem grãos de areia com a secreta esperança de derrubarem o governo.
Mas a verdade é que quando a oposição é igual(ou pior)ao governo, que havemos de fazer?
Só se esqueceu é que no que concerne ao governo Nacional todas as criticas são verdadeiras, pois as asneiras se reflectem no sucesso ou não do governo Regional, quer ele seja do PS ou do PSD.

Anónimo disse...

Anónimo das 00.51

Quem assinou o acordo "troikano" foi José Sócrates. Quem viesse a seguir a ele, mesmo se fosse o próprio, teria de cumpri-lo (embora no caso dele...)!
Não delinei, não fui ouvido, nem participei na elaboração do programa do PSD, nem pertenço a qualquer órgão do mesmo. O que escrevo, vincula-me, como sempre, só a mim. O que se constata é que o caro anónimo dá razão ao meu comentário.
Como li hoje num bom artigo de Duarte Freitas, o PS é o partido da desculpabilização. Adequa-se à minha tese. O PS é o partido do caos e da desculpabilização e, já agora, da memória inexistente.

JG

Anónimo disse...

Caro JG
Eu estava de acordo (em parte do que disse)se fosse o PSD governo e comete-se(como sempre cometeu) as mesmas asneiras que Sócrates cometeu.
O que tem que se demarcar é igualmente das asneiras de uns e de outros se quiser ter credibilidade.
Diz que foi Sócrates que assinou o memorando da Troika mas omite o facto do PSD e CDS, não só o terem assinado, como criticaram os que o não fizeram.
Catroga não só assinou pelo PSD, como fez a cena de ter alterado muito coisa ao acordo(mérito que não tem)o que lhe valeu um bom lugar na EDP com ordenados milionários, sendo mais papista que os boys do PS que dizia combater.
Mas ainda pior do que o plano da Troika(mãe de todos os males)é que Passos Coelho, no cimo da sua ignorância quis mostrar que era bom aluno(e saloio como é)a forma que encontrou foi ultrapassar o plano da troika, não demorará a ser a troika a dizer que (como se fosse possível, ser só isso)foi isto que provocou o caos que se prepara...
Que o PS é o Partido do caos e da desculpabilização é uma verdade que tem que ser completada com outra verdade que o PSD, completa e desenvolve tudo o que de mal tem o PS feito desde o 25 de Abril de 74.
Dizer que quem viesse a trás teria de cumprir este memorando é esquecer em primeiro lugar que ele já foi alterado em muito o seu texto inicial, por exemplo não constava a retirada dos subsídios de férias e de natal, a TSU seria reduzida e não foi etc, etc.
A própria realidade da Espanha e da Grécia cada uma de sua forma dão razão ao facto de não ser ser possível, negociar melhor(os negociadores foram PS/PSD/CDS)como a renegociação da divida será em breve tida como uma necessidade vital que desde o inicio devia ter sido contemplada.
Você diz e eu acredito que não tem cargos importantes no PSD, mas não seria este facto um bom pretexto(em falta de outros)para criticar não só a governação desastrosa do PSD Nacional(quer no governo, quer fora dele)como a ausência duma oposição credível nos Açores como insinuei no meu comentário.
Se é verdade que o Governo de César, não tem dado boa conta do recado, não é menos certo que Berta Cabral e o PSD regional, não reuniu um plano as vontades e os quadros necessários a este fim, e nesta consonância os militantes do PSD contentam-se em encontrar pequenos erros na na Governação do PS, sem apresentarem medidas que o possam destingir destes mesmos erros.

Anónimo disse...

Anónimo das 00:53

Eu sou um simples e humilde sócio e pequeníssimo accionista (perdedor monetário mas vencedor sentimental, diria) do Benfica, sem qualquer cargo nele.
Também faço parte dos corpos sociais de uma associação que, pela sua natureza e objecto, merece o apoio de todas as pessoas, quaisquer que sejam as suas simpatias e opções desportivas, políticas ou outras.
Uma vez que perdi (lamento-o hoje) há muito tempo a minha condição de sócio da Académica, corrijo-o e repito que não tenho qualquer cargo no PSD, não delineei a estratégia eleitoral, não participei na elaboração do programa eleitoral, nem fui ouvido para tal efeito (nem teria de o ser, pois qualquer partido tem órgãos próprios para o efeito). O que escrevo, vincula estritamente a minha pessoa. Sou livre de escrever sobre o que quiser e quando quiser, incluíndo o PSD. Recomendo-lhe a leitura do meu texo escrito em Junho de 2011, imediatamente a seguir às eleições, sobre cristãos-molaflex, o qual, por acaso, até já repeti este ano.

JG

Anónimo disse...

Caro JG
Agradeço o tempo que me dispensou.
Não lhe atribui cargos no PSD, mas julgo(corrija-me se estiver errado)que no mínimo é seu simpatizante.
Dito isto como comentador que acompanho, divulga ideias e estas têm um pendor de critica ao PS(que eu acompanho)e menos critica ao PSD.
Lembro-me do seu texto sobre a voracidade aos lugares no PSD no pós vitória eleitoral, e considero que foi um comentário acertado, gostava(por saber que é capaz) de ser mais assertivo em relação à politica do Governo Nacional e mesmo da não Assunção de autocrítica dentro do PSD regional e na necessidade de outra prática e da construção de uma oposição mais empenhada e com outro programa e outra visão para o futuro.
Não tem qualquer obrigação de o fazer, mas julgo que o seu empenho de vez em quanto, nos lembra não só que quer, como o de ser capaz.
Desculpe qualquer coisinha, mas eu penso que a urgência duns Açores melhores a isso obriga.
Saudações