11 julho 2012

Da Herança de Sócrates à Herança de César


José Sócrates deixou o país à beira da bancarrota. Foi o seu próprio ministro das finanças, Teixeira dos Santos, que disse que o Estado não teria dinheiro para pagar nem ordenados nem pensões nem nada, no mês seguinte se não se recorresse à ajuda externa. Foi assim que fomos para eleições antecipadas e o PSD de Passos Coelho venceu e herdou um país a pedir esmola à troyka, com um memorando de entendimento já assinado, que previa uma série de cortes e austeridade para os portugueses pagarem a dívida deixada por Sócrates.
E foi por isso que nos tiraram os subsídios de férias e de Natal. Só que, afinal, não vivemos numa república das bananas e os senhores da troyka, apesar de nos estarem a salvar, emprestando-nos dinheiro para sobrevivermos, não podem por e dispor como entendem. O Tribunal Constitucional declarou inconstitucionais os cortes nos subsídios de férias e de Natal e o governo de Passos Coelho tem agora que encontrar uma nova forma para recuperar o valor que esperava colectar com a retenção dos subsídios.


O corte dos subsídios de férias e de Natal foi uma má medida do governo de Passos Coelho. É verdade que estava condicionado ao memorando da Troyka, mas Passos devia-se ter imposto de outra forma e deveia ter colocado os interesses dos portugueses em primeiro lugar e ter ido buscar o dinheiro que precisava para corrigir o deficit a outras fontes, principalmente do lado da Despesa Pública como revendo as super onerosas Parcerias Público Privadas e extinguindo uma série de Fundações e Instituições que todos sabemos que existem e que consomem milhões do erário público.

Entretanto, a Espanha também vai ser alvo dum resgate financeiro, que, aparentemente, irá trazer algumas boas notícias para os portugueses. É que, o nosso memorando com a troyka foi quase um ultimato. Sócrates deixou-nos sem qualquer poder negocial com a troyka. Já a Espanha, também por via da sua dimensão, não será tão complacente e as imposições troykianas serão, certamente, mais suaves e serão alargadas a Portugal. Portanto, espera-se algum abrandamento da austeridade que nos tem sido imposta.

Mas toda esta enorme crise que estamos a viver, não pode passar despercebida para a História. O Partido Socialista de José Sócrates foi o responsável por estarmos nesta situação, em que, no fundo, somos governados pela troyka, porque se agarrou ao poder e quis sempre adiar os problemas, em vez de os encarar e os resolver. E o mesmo, infelizmente, se está passar aqui nos Açores. Tal como no continente, no fim da governação Sócrates, aqui nos Açores, os sinais também estão todos aí: empresas a fecharem, desemprego galopante, notícias seguidas de falta de dinheiro dentro do governo para fazer face a necessidades básicas, como saúde, etc.

 E tal como aconteceu no continente, com Sócrates, também aqui se mantém o discurso cor de rosa, que tudo está bem. Mas nós sabemos que as coisas não estão nada bem. E só esperamos é que, depois de Outubro e da mais certa saída do poder do Partido Socialista, não se encontre um buraco nas contas que exija uma ajuda externa, tal qual aconteceu no continente e, já agora, na Madeira também. Mas se isso acontecer, ou seja, se depois do PS sair do governo aqui nos Açores, se constatar que esconderam as contas e que vamos ter que ser alvo dum resgate, temos a certeza que a tenacidade da Dra. Berta Cabral não vai permitir que o fardo caia em cima dos mais fracos.

Aliás, tal como no continente, há muito por onde cortar antes de se ir ao bolso da classe média trabalhadora. Basta extinguir as dezenas de empresas públicas que este governo socialista criou, apenas para dar emprego aos seus, e teremos uma folga que nos permitirá investir verdadeiramente no desenvolvimento dos Açores. As dúvidas vão-se dissipando cada vez mais com o passar do tempo, o PS/Açores já não tem nenhuma capacidade para governar os Açores e uma mudança ocorrerá em Outubro, para bem de todos nós. Já não há espaço para mais governações irresponsáveis e a pensar em obras de cimento e betão. Está na hora de mudar para uma governação que resolva os nossos problemas estruturais e que dinamize e economia, de modo a criar emprego. E se o PS e Vasco Cordeiro não o conseguiram nos últimos 16 anos, não o vão conseguir agora de certeza.

4 comentários:

Anónimo disse...

E o Tribunal constitucional tambem declarou que os vencimentos so poderiam ser cortados tenporariamente.

Anónimo disse...

Caro Rui Gamboa
A primeira ideia que fica do seu texto é que felizmente mudou muito e começa agora a esboçar uma leve critica ao Governo de Passos Coelho.
Quanto aos erros temos:
1-A crise Portuguesa não é só,(mas também) em resultado de factores internos,os factores internos não são só responsabilidade de Sócrates(embora ele tenha uma dose suficiente)eles duma forma geral são devidos a muitas razões, mas sobretudo duma errada(nos termos e nas condições) adesão à C.E.,(comunidade Económica), na destruição do tecido produtivo e na falta de controle dos dinheiros vindos da Comunidade os famosos fundos.
Na falta dum plano de desenvolvimento pós C.E.E, numa falta de controle jurídico dobre os actos governativos(alguns do foro criminal)num aumento da corrupção, na falta duma formação profissional adequada e eficaz e numa falta de diplomacia que salvaguarda-se os interesses de Portugal no seio da comunidade.
O governante que mais desbaratou e recebeu os ditos fundos foi Cavaco Silva(primeiro Ministro)sucederam-se os escândalos com os seus ministros e muitos deles continuam na crista da onda da corrupção e crime, é ver Dias Loureiro, Isaltino e tantos outros, sem falar de Duarte Lima que até de homicídio é acusado.
Dizer que não havia dinheiro para ordenados, já foi desmentido por alguns que dizem com propriedade que não havia era dinheiro para pagar dividas externas(algumas injustificadas, entre elas os submarinos),ou as dividas do BPN e BPP, seja como for existiam outras formas de ir buscar dinheiro internamente, não só em obrigações do Estado como indo buscar a quem o tinha, sem falar nas parcerias público privadas etc.
Não foi só Sócrates que negociou com a Troika, por isso a responsabilidade é conjunta PS/PSD/CDS, inclusivamente um dos privilegiados do "Bode aos ricos" do PSD, Catroga disse que colaborou nas medidas e sem ele elas seriam piores, depois já noutras funções "principescas" já disse que a Troika não decidiu o pagamento das rendas à EDP!(são os ratos, amigos do PSD).
Erradamente diz que a troika decidiu a retirada dos subsídios, mas não foi decisão exclusiva do Passos Coelho?
Outra das demonstrações que a crise não foi só interna é o facto de vários Países terem sido afectados, inclusivamente a própria Alemanha, vê com receio uma possível recessão.
Pensar que Berta Cabral vai inverter o ciclo de cimento e obra pública, de césar, é esquecer que este ciclo começa logo com Mota Amaral e é intensificado por César, mas à compita com Berta Cabral que na Câmara de Ponta Delgada tenta competir com César, no ímpeto da obra, pública, mais ostensiva possível.
Outro erro é julgar que Berta Cabral vai no governo atacar a politica de austeridade de Passos Coelho, quando agora são só sorrisos.
Para alterar este ciclo há necessidade de muito mais do que o PSD(desorganizado, desmotivado e incompetente) não preparado para fazer, nem o programa nem os quadros nos dão garantias de outra politica e de outra prática, se o PS regional é mau, o PSD só o pode ultrapassar, em falta de capacidade.
Fico no entanto contente, pois algo esta a mudar na sua analise politica, de facto a realidade ensina mesmo aos mais fundamentalistas apoiantes do PSD, na versão Passos, Relvas...

Luís Cesar Cardoso (Pinante) disse...

Sempre fui PS, desde o tempo da tropa e já lá vão quase 30 anos. Sempre votei PS e considero-me totalmente ligado ao Partido Socialista pelos ideiais que estes afrontam. Contudo, confesso que, nestes últimos 5 anos, não me identifico com estes regedores socialistas. Votei em Passos Coelho e, se hoje fossem as eleições, voltaria a votar em Passos Coelho.
Nos Açores, acho que Carlos César foi um brilhante presidente, embora considere que nestes últimos 2 anos criou-se um peloiro soberbo e isto não é bom. Não é bom para o Partido Socialista, não está a ser bom para o próprio Carlos César e não está a ser bom porque o PS está prestes a perder umas eleições em Outubro próximo e continua-se a tapar o Sol com a peneira com uma realidade que não corresponde à verdade.
Vasco Cordeiro não é nem há comparação possível com Carlos César. Há que ser realista! Vasco Corderio foi indubitavelmente uma má opção do Partido Socialista e, como é obvio, o psd só vai lucrar com isso.
Berta Cabral vai ganhar as eleições, claro, pelo seu mérito em frente da maior câmara municipal, mas também, muito a ver com a má escolha do PS no seu candidato.
Outros nomes estavamos à espera, nomeadamente José Contente. Este sim, devería ser o candidato.
Contudo, e posto isto, comos a absetnção é sinónimo de ausência, os brancos não governam, votarei em Berta Cabral, simplesmente porque tenho de votar em alguém.

Bandeira Açores disse...

A herança continua a ser a desculpa para um governo que a cada dia que passa perde a credibilidade e não tem soluções que não sejam as de cortar nos mesmos.
Houve mudança a nível nacional e afinal foi para melhor ou pior?!
Tinhámos um Eng. de Domingo à Tarde, agora temos um doutor ao abrigo do tratado de Palermo e a merecer toda a confiança do PM.
Porque raio não cortam de vez com as parcerias público privadas, cortem com as empresas municipais?!
Basta olhar para qualquer concelho dos Açores, é só ver a quantidade de gente a mamar dinheiro nas empresas municipais, do PS ao PSD é só "boys" à custa dos municípios e das parcerias publico privadas.