27 dezembro 2012

O Ano Político de 2012



2012 foi um ano marcante, que ficará para a História da Autonomia Açoriana como o fim da governação de 16 anos de Carlos César e a passagem de testemunho para o seu discípulo Vasco Cordeiro. 

Há um ano atrás ninguém acreditaria que o resultado das eleições de Outubro fosse aquele que veio a acontecer. Pelo contrário, há um ano atrás a maioria dos analistas políticos tanto nos Açores como no continente davam como certa uma mudança no partido do poder nos Açores. Esperava-se que Berta Cabral viesse a aproveitar, desde logo, do seu próprio capital político, ganho meritoriamente nos 11 anos que esteve na presidência da maior Câmara Municipal dos Açores, mas também do evidente desgaste que o Partido Socialista vinha a sofrer, que se traduzia em problemas financeiros gravíssimos e um desemprego galopante.

No entanto, uma série de erros de estratégia por parte do PSD/Açores, aliados ao uso inteligente do poder, por parte do PS/Açores acabaram por dar a vitória aos socialistas dos Açores. O efeito Pedro Passos Coelho veio apenas aumentar as distâncias. Se não tivéssemos tido o efeito Passos Coelho, no máximo, o PSD-Açores teria evitado a maioria absoluta do PS.

O PSD/Açores teve uma oportunidade única de destronar o PS do poder, mas deixou-se levar e perder por dinâmicas internas a antigas muito difíceis de compreender. Não se compreendeu, por exemplo, o insistir-se em nomes que se sabiam fazer perder votos em vez de ganhar. Não se percebeu também a febre dos independentes, que, já agora, atingiu também o PS-Açores. Independentes que se sabiam ser apenas mercenários, pessoas sem nenhum sentido de serviço público, como se comprovou ao não aceitarem os seus lugares de deputados. Pessoas que entendem o serviço público como um jogo, em que só jogam se for para ganhar. O PSD Açores deixou-se levar. Não houve capacidade de liderança. Não houve capacidade estratégica. Imperou a lógica da garantia dos lugares, em vez do superior interesse da população açoriana. Depois assistiu-se a um triste espectáculo de arrivistas, pessoas a quem lhes cheirou o poder e colaram-se como puderam a Berta Cabral, ajudando ainda mais a afundar o barco. O PSD-Açores fez quase tudo mal. Agora, o PSD tem as autárquicas em 2013. Tem algumas boas hipóteses, como manter Ponta Delgada nas mãos do competente José Bolieiro. Mas, se não se aprender com os erros dos passado, os maus resultados continuarão. Isso é certo.

O PS não jogou limpo. Já se esperava. Usaram todos os truques e mais alguns para manter captivo e dependente grande parte do eleitorado. Fala-se sempre nas sacas de cimento, ou nas fotografias de telemóvel no dia da eleição. Mas nunca se prova nada disso. Mas, uma coisa é certa, por exemplo os milhares de jovens que estavam no programa Estagiar e que acabavam os seus estágios em Agosto, viram os prazos alargados até Dezembro. Ou seja, o PS conseguiu encobrir os números do desemprego por mais uns meses, passando, assim, por Outubro com uma taxa de desemprego que estava longe de ser a verdadeira. 

O desemprego nos Açores é, verdadeiramente, o nosso maior problema. Passou de 9% em 2011, para 15% em 2012, mas de certeza que a realidade está acima dos 20%. 

E o desemprego é apenas a ponta do icebergue. Na verdade, estima-se que a situação económica e financeira nos Açores não seja nada saudável e o trabalho que o novo governo tem em mãos será terrivelmente difícil. Vasco Cordeiro escolheu o governo que achou ser o melhor para enfrentar os problemas que todos sabemos termos pela frente e nós, açorianos, apenas lhes podemos desejar o melhor e esperar para ver.

A nível nacional, as notícias são cada vez piores. Em 2013 a situação vai ser pior que em 2012. A verdade é que nós fomos habituados a um nível de vida e de repente estão a tirar-nos tudo. E as pessoas só aguentam serem saqueadas naquilo que é seu durante um certo tempo. Receio que em 2013, além das maiores dificuldades, ainda teremos mais convulsões sociais. Espera-se também que todos os esforços que estão sendo impostos aos portugueses tenham os resultados esperados e que em 2014 se veja uma luz ao fundo do túnel.

Precisamos de homens de estado e que estejam verdadeiramente disponíveis para o serviço público, em vez destes abutres que nos têm vindo a governar e que pensam apenas em si próprios e nada mais. Acima de tudo, precisamos de muita saúde e união para ultrapassarmos um ano de 2013 que nos trará dificuldades.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Rui Gamboa
No essencial estou de acordo com o seu texto, que é no fundo uma analise lúcida, corajosa e verdadeira da situação Regional e Nacional.
No Ilhas(à mais de um Ano) em resposta ao JNAS, escrevi que a vitória de passos Coelho podia custar a derrota eleitoral de Berta, mas tem toda a razão em considerar que as influencias exteriores são só, um percalço a mais, quando a situação interna não corre sobre rodas...
O caso do País e da região, não acaba nem começa nos problemas do PS ou do PSD, sem um levantamento cívico de pensamento e acção, não conseguimos ver a luz à frente do túnel.
Já disse e continuo a pensar que só um governo democrático e Nacional(que incorpore as forças democráticas e patrióticas)poderá encontrar respostas para a crise económica, politica e social do País.
Parabéns pelo post e bom ano novo.
Saudações,Açor