É cada vez mais evidente o desfasamento que existe entre a
sociedade e os partidos políticos. As pessoas pura e simplesmente não querem
saber dos partidos políticos, acham-nos todos iguais, são feitos de pessoas que
procuram, acima de tudo, assegurar a sua própria rica subsistência, em vez de
lutarem pelo superior interesse da população que os elegeu. E realmente, salvo
raras excepções, é esta a dura realidade. Os partidos políticos estão
infestados de gente de índole muito questionável, peritos apenas em falar em
sound bites para a comunicação social e em fazerem jogadas palacianas entre si,
para se eternizarem nos lugares que dão direito a um final de mês generoso.
Mas, porque, vivemos numa Democracia, os partidos são
essenciais para o funcionamento do Estado de Direito. Pode-se, no entanto, agir
para mudar este estado de coisas que nos trouxe até aqui. Porque, na verdade, o
problema não reside nos partidos em si próprios. O problema reside em quem está
nos partidos. Assim sendo, a única forma que há para a população que está
descontente mudar o actual estado de coisas, nunca será através de manifestações
de rua, greves ou afins. Não, a única
forma de mudar realmente as coisas será por dentro, qual cavalo de tróia.
Entrar nos partidos e usar a Democracia a favor do desenvolvimento da nossa
terra comum e retirar de jogo os que usam os partidos para desenvolvimento da
sua terra pessoal.
A nova geração que agora está a acabar os seus estudos e que
procura o seu primeiro emprego é, sem dúvida, a melhor preparada de sempre.
Esta é uma ideia que está tão repetida
que quase já parece um clichet. Mas não é. Efectivamente, a nova geração
de portugueses que estudaram as mais diversas áreas, desde as tradicionais
engenharias, matemáticas e medicinas, até às novas tecnologias e ao
empreendedorismo, têm outras ferramentas intelectuais que as gerações mais
velhas não tiveram acesso. As gerações mais velhas têm, por outro lado, o saber
empírico da vida, que não se aprende nas escolas. Da união desses dois tipos de
saber, podemos tirar proveitos, ideias e soluções para nos tirar deste buraco
em que estamos metidos. Só que é apenas pelos partidos políticos que se pode
fazer a mudança. Ou isso, ou uma revolução armada, que não se deseja, como é
evidente.
E tudo isto vem a propósito das notícias que vemos
diariamente na comunicação social regional e nacional. Por exemplo,
regionalmente, tivemos o Congresso do PS-Açores. E o que se viu? Viram-se
exactamente as mesmas caras que nos governaram nos últimos 16 anos e que vão
continuar a comandar os fios das marionetas por detrás das sombras. Depois,
também a nível regional, parece que há, entre os dois principais partidos, uma
lógica parecida à do futebol, como o Porto que foi roubar o Izmailov e o
Liedson ao Sporting. Parece que retiram prazer em roubar militantes ou
funcionários que eram do outro partido. E esses, parece que não se importam de
ficarem rotulados como vira casacas, pois, na verdade, o que conta, é aquilo
que entra no final do mês e não os problemas das pessoas.
Já a nível nacional, assistimos quase incrédulos a uma luta
semi silenciosa pela liderança do Partido Socialista. É claro que está mais que
visto que António José Seguro é flop, um líder a prazo, fraco e sem capacidade de
se impor. Vemos a jogadas palacianas, os golpes de corredor e de vão de escada
a acontecer para o retirar da liderança e colocar outro no seu lugar. Mas, não
se preocupem, Seguro irá ficar seguro na administração de uma qualquer empresa,
como aconteceu com todos os outros antes dele. Já no PSD temos um a paz
aparente e um líder que mais não faz do que obedecer às ordens da
Alemanha. Em ambos os partidos a nível
nacional, há um factor que une os respectivos dirigentes, ambos foram líderes
das Juventudes partidárias dos seus partidos. Fica a ideia que as Jotas mais
não são do que escolas que ensinam apenas as tais jogadas palacianas de forma a
manterem-se no poder dentro dos partidos ad eternum. Por essa razão, e porque a
larguíssima maioria da juventude actualmente não se revê nas Jotas, defendo que
esses organismos dos partidos deviam ser extintos.
Voltando ao ínicio, e para acabar, dizer que há realmente um
enorme abismo entre as pessoas da nossa sociedade e os dirigentes partidários.
E como os partidos são mesmo essenciais para a Democracia, tenho que deixar
aqui um repto a todos que se sentem revoltados com tudo o que nos está
acontecer. Adiram aos partidos. Inundem os partidos, não se deixem ficar em
casa passivos. Exerçam a cidadania de forma activa e positiva. Os partidos
também são democráticos e são as maiorias que fazem a força. Não nos podemos
deixar levar mais por estes dirigentes que pensam em si próprios e que agem
mais para atingir o outro partido do que para desenvolver a nossa sociedade. A
mudança é possível.
2 comentários:
Caro Rui Gamboa
Penso que este seu post é a constatação que a derrota eleitoral serve aos homens justos que têm a critica e autocrítica como cartilha pessoal, para se afirmarem, demonstrando que são inteligentes e que acima de tudo se preocupam com as pessoas para além de interesses mesquinhos de grupo.
Este seu texto é claro, interpreta a realidade de acordo com o que ela é e acima de tudo é honesto e demonstra que existe outro caminho para além das inevitabilidades, que só o são ou para distraídos, ou para os farsantes que pretendem enganar as pessoas.
Embora para mim, a rua e a participação das pessoas são a forma de afirmarem as suas opiniões e também a forma mais eficiente de aprenderem e demonstrarem a sua vontade democrata, não retira este facto o valor da sua analise na necessidade de alteração necessária da prática e teoria dos Partidos e esta alteração,( de facto) só pode vir da entrada de pessoas novas e de outras vontades, esta verdade é válida também para as jotas, a juventude tem que compreender que a politica é uma realidade mais para alterar a vida colectiva das pessoas do que encontrar um emprego para a vida.
Subscrevo com todo o gosto o seu artigo e aplaudo a sua independência intelectual e a vontade em contribuir para um País melhor, parabéns.
Saudações, Açor
Faltou-me dizer, a propósito, do futuro do PS nacional, e sem querer puxar a brasa à sardinha açoreana, acho que o melhor líder que os socialistas nacionais poderiam ter neste momento seria mesmo Carlos César e não António Costa.
De resto, agradeço humildemente, as generosas palavras do Açor. Obrigado.
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