09 janeiro 2013

2013, Desejos e Receios

Estamos a viver tempos realmente difíceis, mas também algo surreais. O Orçamento de Estado, que foi aprovado pela maioria parlamentar PSD e CDS, segundo todos os especialistas, contém várias inconstitucionalidades. Ainda assim, foi aprovado por deputados que chegaram ao cúmulo de dizerem que eram contra. Eram contra, mas votaram a favor. Entende-se daqui que os deputados que nos representam não têm qualquer opinião própria, que sobrepõem as regras partidárias, às suas próprias convicções pessoais. Pois, se assim é, acabe-se de vez com os deputados e poupe-se muito dinheiro.

O governo de Passos Coelho, por seu lado, usa uma chantagem que já farta. Diz que ou se aprova este Orçamento e ficamos cada vez mais pobres, ou então a troyka deixa de nos financiar. Ora, eu não sou de todo um anarquista, nem do tipo revolucionário, nem do tipo reaccionário, mas acho já é tempo de se dar um murro na mesa e dizer não. Dizer já basta!

Temos um acordo firmado com a troyka, é certo, que nos permite ter financiamento para as operações mais básicas do dia-a-dia, como pagar ordenados e pensões . Mas, evidentemente, estamos a pagar um preço altíssimo, como se vê. A troyka está a emprestar-nos dinheiro a juros altíssimos, aproveitando-se do nosso desespero com que Sócrates negociou o acordo. Penso, pois, que é tempo de se enfrentar de vez quem nos está a explorar, externamente com a troyka e internamente com os grupos empresariais dominantes

Por princípio, acho que os contratos são para cumprir, mas então como se quebra um contrato de natureza constitucional, como é o do direito ao subsídio de Natal e de Férias e não se quebram contratos extremamente lesivos para o Estado, como são os das Parcerias Público Privadas? Foi Sócrates que fez uma data de estradas, com muito pouca utilidade, apenas para concessionar trabalho às empresas onde os seus camaradas de partido são administradores. Sim, muitos desses casos estão a ser investigados pela Polícia. Mas, então de que está à espera Passos Coelho para quebrar com esses onerosos contratos? Porque é que é sempre a população, sem direito a abrir a boca, que tem que pagar sempre? Porquê?

Por cá, finalmente parece que se acabaram os tempos dos governantes das obras de betão para fazer vista. Os novos líderes dos principais partidos da região parece que já perceberam que as pessoas estão fartas de obras só para fazer fazer vista. Só que os tempos que aí vêm para os Açores não são nada fáceis. A era dourada das oportunidades em que houve dinheiro para se fazer investimento público acabou-se e não foi bem aproveitado, nomeadamente por Carlos César. O dinheiro foi usado para fazer fogo de vista e com prioridades eleitorais e não foi feito investimento público reprodutivo, como devia ter sido e como é sempre essencial numa região como os Açores.

Agora, sem dinheiro para investimento público, sem capacidade para empresas e famílias recorrerem à banca e com a quebra nos rendimentos de todos em geral, avizinham-se tempos muito complicados para o governo de Vasco Cordeiro. A solução só pode residir mesmo na União Europeia. O governo regional dos Açores tem que ser mais proactivo e ter uma presença em Bruxelas de modo a ver os fundos direccionados para as áreas que nos fazem realmente falta.


2013 não vai ser fácil para ninguém. No continente estamos presos à governação da troyka e sem governantes capazes de nos defenderem. Por cá, nos Açores, apesar de se ver alguma boa vontade por parte dos principais novos responsáveis políticos, a falta de meios vai fazer aumentar o desemprego e a pobreza. Do PSD-Açores espera-se mudança e renovação. Esperemos, então.

3 comentários:

chico gordinho disse...

Muita coisa vai mudar mas nao no PSD Açores. O Rui vai ver neste fim de semana. Colocados que estao uns seguem-se os delfins no aparelho. Uma ou outra cara nova para dizer que há renovaçao mas o resto...
O Cesar é o Socrates dos Açores. Dizem que vai ficar na historia e eu concordo mas é por nos ter falido.

Anónimo disse...

Caro Rui Gamboa
No essencial estou de acordo com o texto, mas mais importante que a minha concordância, é ele ter o dom de ser independente, imparcial e suficientemente desligado da sua eventual simpatia pelo PSD, é sem dúvida uma qualidade muito importante e dificil nos dias que correm, que mais não fora por isso aplaudia este post...
Há uma inverdade apregoada,aos sete ventos, que não deixa ninguém indiferente, até o Rui a toma como verdade, mas salvo melhor opinião, é uma daquelas amarras que não deixam livres de pensamento os mais incautos, que não o digníssimo,esta inverdade, mote para todos os atropelos é que não existe dinheiro para a actividade corrente do País, mas este pseudo facto já foi desmentido, não existe é possibilidade de pagar as dividas ao exterior(entre elas os submarinos, que deviam ter sido denunciados os respectivos contratos, em virtude não só de avarias várias, como de todo o imbróglio jurídico ó Penal, que lhe deu origem)mas também a nível interno as parcerias público privadas e as rendas, que estão suportadas em contratos ilegais, que não têm valor jurídico e são por consequência nulos e considerados inexistentes,(bem como as despesas com o BPN, Banif e finança) ao contrário dos subsídios legais dos trabalhadores que foram apesar disso ilegalmente "rasgados"...
Estados alegremente a ser arrastados para uma insustentável situação em que se torna de todo impossível pagar seja o que for, desta divida soberana, e o mais interessante é que o FMI e a Comissão Europeia toma uma posição esquizofrénico sobre o problema, tão depressa reconhece que se enganaram na receita(por exagero)como a seguir elaborarão um relatório de relançamento económico de Portugal que é quase uma bomba atómica para destruir todas as hipóteses de relançamento económico e pagamento da divida, e o trágico(se não fosse cómico)é que o Governo, PS/PSD, aplaude este tsunami, como se sobre este desaparecimento literal da economia Portuguesa, fosse possível, ressurgir algo para além do "deserto"...
Se eles não criam as condições para Portugal salvar a divida, só podemos entender que eles não querem este mesmo pagamento e neste contexto só nos resta como na Argentina, a solução de contarmos com as nossas forças e lançarmos ás urtigas a obrigação de pagamento.
Penso que para o País e para os Açores só nos resta reunirmos as forças democráticas e patrióticas para substituirmos este governo e elaborarmos um plano abrangente para a salvação do País.
Excelente post., os meus parabéns e que este post seja o bom começo para um Ano brilhante.
Açor

chico gordinho disse...

meu caro Rui
segundo o seu novo lider quem escreve nos bloges nao percebe nada das relaçoes com o povo. deve ser por isso que escolheu aquela senhora muito simpatica da Terceira para vice presidente. tsss... e aquilo estava mesmo vazio. vao penar.