28 maio 2013

Um bom ponto no i - II




      É verdade: todo o mau filme tem a sua sequela. Ou sequelas. Este tem tido várias e desvairadas.
      A última estamparam-na também na 1.ª página do dito i de 28 do corrente (Maio, 2013), outra vez com a vera (sempre um modo de falar) efígie do mais azevieiro dos pais da pátria, desta feita com outra das suas observações cavalheiresca sobre as relações intestinas do governo. Não se reproduz aqui por se guardar um módico de decoro, e respeito à ancianidade e vetustez.
          Mas não é menos verdade que muito se tem evoluído na civilidade em geral, e na do comentário político em particular. Porque noutros tempos – ominosos tempos! – e«por bem menos», para usar da expressão que o tal padre conscrito pôs na moda, um comentador lá se tinha de haver à certa confita com os lacaios do comentado, ao presente e em boa hora substituídos por causídicos e seus trâmites. Não menos tramados às vezes, é certo, mas menos cruentos.
      «Ora, ora, não exageremos», pondera aqui a minha boa avó Georgina, quase da idade do dito comentador. «Isto são coisas mais de riso que de siso. Se os antigos monarcas tinham os seus bobos, idiotas certificados com liberdade de dizer qualquer dislate, um privilégio raro e de alto lá com ele, a III República encontrou agora o seu maninelo, que goza dos mesmos foros para entreter as massas. O bom Sabugosa deixou escrito um livro sobre bobos da corte, intitulado assim mesmo: Bobos na Corte, com um parágrafo recheado com a profusa sinonímia de «bobo». Na próxima edição é só acrescentar-lhe “4.º presidente da III República”. E amigos como dantes. Não se fale mais disso.»

5 comentários:

Anónimo disse...

Ué, cadê o passaroco?

leitora atenta disse...

Nao me parece que a ave de rapina venha defender o esfinge. A cassete é igual.

Anónimo disse...

Lá há-de vir. Deixai-o pousar, deixai-o pousar.
Leitora atenta

Anónimo disse...

o Luiz vai escrever algum livro? Parece o Sousa Tavares, mas com o requinte da ironia e do domínio da palavra.

Anónimo disse...

Receio que não pouse. Lá nos espantaram a caça! Ora bolas.
Malaquias Vicente