12 agosto 2013

SARABANDA PARA UM CAMARADA DEFUNTO


 

Lemos no Público, de 10 de Agosto de 2013, sobre o camarada Urbano Tavares Rodrigues: «Ainda naquele dia falou também do amor por Ana Maria, a actual mulher. E de um ou outro amuo com Cunhal, da desilusão com o actual estado do país, do desprezo aos políticos, da noção de que esta esquerda pode pouco. Cruzou o presente com o passado» («O homem que via os deuses ao lado», Isabel Lucas, p. 3).

Ah! se Álvaro Barreirinhas fosse vivo, se se mancomunasse com Francisco Anacleto, se a sinistra pudesse ainda mais, é que o bom do Urbano teria falado com ilusão do estado do país!

Espera-se que os continue a ver ao lado -- aos deuses, entenda-se. Agora é que dava jeito.

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Lemos mais por aí que como escritor era um bom homem, terno, afável e muito humano. E ocorre-nos logo o juízo da história sobre o bom Luís XVI: como rei, também bom pai de famílias e com grande jeiteira para o torno e a marcenaria, e, claro, muito humano.

Mas até nas obras do nosso camarada se topará algo que se aproveite, a saber: a versão que fez do Decameron de Bocácio, esse rabelaisiano avant la lettre, e talvez os contos da sua primeira mulher, Maria Judite de Carvalho: tanta ironia nas coisas humanas, Urbano!


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