02 outubro 2013

Uma vez político...

Até nas causas mais nobres, os políticos são políticos, no sentido popularmente menos qualificado.
Os critérios e prioridades que os regem só episodicamente coincidem com a vontade da maioria e respectivas necessidades primordiais. Apreciam Rousseau e, na esteira deste, acham-se a vontade geral porque tudo e todos são meros instrumentos acéfalos que se devem subordinar à prossecução do indecifrável colectivo (até quando este se confunde com o particular) de que eles, obviamente, são os lídimos intérpretes.
Mesmo quando os cidadãos se organizam, anonima e desinteressadamente, para suprir as obrigações do Estado na protecção dos inocentes e, como tal, mais expostos e indefesos perante as vicissitudes de uma sociedade que é tudo menos “boa selvagem”, os políticos arranjam sempre uma cunha para emperrar a engrenagem, contribuindo por acção e por omissão para minar qualquer relação de confiança entretanto estabelecida entre os cidadãos, individualmente ou organizados em torno de um objectivo comum, e eles próprios.
Não creio que sejam sádicos ou masoquistas, porque estes, ainda que eventualmente casos clínicos, são por norma dotados de discernimento suficiente, o que os afasta da inimputabilidade. Não, os políticos, ou, sendo justo, uma parte deles, parecem-se mais com o escorpião: têm de picar mesmo que lhes advenha mal maior; é-lhes inexplicavelmente natural.
Perante isso e apesar disso, ainda exigem boa vontade e bondade, desdobrando-se entre uma desculpa, uma imputação a outrem ou a uma qualquer inesperada circunstância que não estava no círculo da sua vontade (mesmo quando conhecida e previsível).
Se dúvida ainda houvesse, ser como S. Tomé é para mim uma virtude incomensurável.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro José Gonçalves
O Sado masoquismo, é um traço de carácter que se manifesta na humanidade de forma pessoal e nas mais variadas facetas da vida.
No caso que explana, esta especificidade da personalidade humana, certamente que se manifesta, mas não será o factor que define a questão que revela, pois não creio que seja universal ao Universo considerado, nem seja um objectivo em si, será quanto muito uma forma de conseguir o poder este sim o objectivo pretendido.
O que deve ser observado(na minha humilde opinião)é se um Partido politico se deve orientar por objectivos individuais, ou por interesse do colectivo dos seus membros e das ideias que os informam?
Num partido, qualquer que ele seja, deve observar e bater-se pela prossecução dos seus objectivos de acordo com a sua ideologia e observando os mais elevados códigos morais tanto no relacionamento interno como externo.
A conclusão a retirar do seu texto é que alguma crise de relacionamento ou de prossecução da ideologia social Democrática se passa no PSD, para que se manifestem comportamentos sádicos e o seu contraponto masoquista nos seus membros.
A questão, penso eu, é mesmo de reflexão interna e de reposição de valores e de práticas no seu do seu Partido,(certamente não será o único)...
Talvez tenha sido a conclusão que retirarão aqueles que enveredarão(certo ou erradamente) pelas candidaturas independentes.
Açor