20 novembro 2013

ESBULHO FISCAL

Uma pessoa só tem consciência efectiva do conceito de esbulho quando este se lhe apresenta de forma inequívoca e indesmentível. E tal só acontece quando a vítima é ela própria.


Foi o que aconteceu a alguém, quando hoje olhou para a respectiva folha de vencimento e verificou que cerca de 67% do total bruto, repito, para que não fiquem resquícios de dúvida, cerca de sessenta e sete por cento do total bruto, da soma do salário mensal, subsídio de férias e duodécimo do subsídio de Natal, foi aconchegar os cofres do Estado.

Deve ser a isto que chamam terrorismo de Estado, disse ele. Se calhar, deve.

Porém, prefiro refrear o epíteto e afirmar somente que já não é contribuição para o esforço nacional para o que quer seja em relação aos nossos credores. Passou dos limites. De todos os limites.

Isto é esbulho puro e simples sob a capa da legalidade que a auctoritas estatal lhe confere pela pena de uns quantos mangas de alpaca que, assentes na crueza e indiferença numéricas e no desconhecimento do dia-a-dia dos seus cidadãos, assemelham a condição e a dignidade humanas ao rating de um país governado por ignorantes da sua história e da sequência e das consequências dos acontecimentos que o tornaram naquilo que hoje ele é: "lixo"!

Esclarecimento em adenda: Qualquer semelhança entre o meu protesto e aquilo que nestes dias vem sendo dito por Mário Soares, Vasco Lourenço e correligionários ideológicos é pura coincidência. Eu defendo um Estado de Direito democrático; eles defendem um Estado Socialista maduro. Para distinção é quanto basta. 

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro José Gonçalves
Não tiro o chapéu porque não o uso, mas curvo-me sobre a dignidade da pessoa que escreveu este post e se esta pessoa é militante de um dos partidos responsáveis pelo esbulho, então a minha admiração aumenta...
Não é possível calar mais, já tinha dito que a revolta iria acontecer no seio do PSD, era inevitável, não sei se os servos obedientes e alienados conseguem abafar os que têm consciencia social, mas tudo tem um tempo e um modo, para deixar de acreditar numa patranha, que deixou de fazer sentido mesmo para os mais crentes...
O meu reconhecimento por este grito de revolta de quem não é dado a "gritos"...
Saudações a Açor