19 dezembro 2013

Os pequenos reis.



A premissa é: como melhorar a vida da população em geral e promover o seu desenvolvimento sustentado? A partir daí, toda uma série de factores e áreas se conjugam para dar resposta à premissa. Preferências e caminhos são escolhidos. Seja por uma maior intervenção estatal, seja por uma maior preponderância do sector privado, todas as opções políticas têm como fim o objectivo da premissa.

Consequentemente formam-se grupos de indivíduos que partilham uma ideia sobre o caminho e as escolhas a fazer para atingir o objectivo. Chamamos-lhes partidos políticos e são essenciais no sistema democrático. Mas nesse momento o processo é corrompido.

Para se tomarem as opções políticas para atingir o bem comum, é necessário um elemento fundamental que se chama poder. E aqui entra a natureza egoísta, avarenta e exibicionista que reside no ser humano  (que pode ser verificada no seu estado mais primário nos nossos primos gorilas) que perverte a premissa inicial. O objectivo já não é atingir o poder para melhorar a vida da população em geral e promover o seu desenvolvimento sustentado, mas sim melhorar o nível de vida daqueles que ganham o poder e, na medida do possível, estabelecer formas de o exibir. E novamente entram na equação os mais primários impulsos do ser humano, o andar em tribo, fazer cortes, a protecção da família e amigos. A premissa perde-se e rapidamente entra-se numa espiral de amiguismo político-partidário.

Os fundadores dos Estados Unidos compreenderam muito bem toda esta problemática, analisando os vícios dos países europeus e dos impérios antigos narrados nos livros de História. Tentaram criar um sistema assente no chamados checks and balances para evitar os mesmos erros. Pura ilusão. Por ter estas características, o poder atrai sempre os indivíduos que têm esses defeitos. A humanidade não é de todo assim, apenas uma pequena percentagem que se vê encantada pelo poder e que faz tudo para o conseguir, o manter e o exibir de forma histriónica nalguns casos. São os pequenos reis. Seriam apenas patéticos, se não influíssem directamente com o desenvolvimento das populações e se não fossem responsáveis pela miséria que provocam, quase sem quererem, ao assinarem um papel, ou ao cortarem uma fita.

O desafio da humanidade neste século é encontrar um sistema que não seja apelativo aos defeitos dos pequenos reis. Um sistema que seja apelativo às qualidades de grandes Estadistas.

1 comentário:

Anónimo disse...

É a natureza humana, e talvez até a natureza das coisas e massas - assim físicas como humanas - que todas se organizam em torno de centros de maior densidade, ou seja, de maior peso - e poder.
Podeis dar-lhe as voltas que lhes derdes, nem há volta a dar-lhe.
«Chassez le naturel, il revient au galop.»
Fechais-lhe a porta, ele entra pela janela.
«Sustine et abstine.»
LM