A premissa é: como melhorar a vida da população em geral e
promover o seu desenvolvimento sustentado? A partir daí, toda uma série de
factores e áreas se conjugam para dar resposta à premissa. Preferências e caminhos são escolhidos. Seja por uma maior intervenção estatal, seja
por uma maior preponderância do sector privado, todas as opções políticas têm
como fim o objectivo da premissa.
Consequentemente formam-se grupos de indivíduos que partilham
uma ideia sobre o caminho e as escolhas a fazer para atingir o
objectivo. Chamamos-lhes partidos políticos e são essenciais no sistema
democrático. Mas nesse momento o processo é corrompido.
Para se tomarem as opções políticas para atingir o bem
comum, é necessário um elemento fundamental que se chama poder. E aqui entra a
natureza egoísta, avarenta e exibicionista que reside no ser humano (que pode ser verificada
no seu estado mais primário nos nossos primos gorilas) que perverte a premissa
inicial. O objectivo já não é atingir o poder para melhorar a vida da população
em geral e promover o seu desenvolvimento sustentado, mas sim melhorar o nível
de vida daqueles que ganham o poder e, na medida do possível, estabelecer
formas de o exibir. E novamente entram na equação os mais primários impulsos do
ser humano, o andar em tribo, fazer cortes, a protecção da família e amigos. A
premissa perde-se e rapidamente entra-se numa espiral de amiguismo
político-partidário.
Os fundadores dos Estados Unidos compreenderam muito bem
toda esta problemática, analisando os vícios dos países europeus e dos
impérios antigos narrados nos livros de História. Tentaram criar um sistema assente no
chamados checks and balances para evitar os mesmos erros. Pura ilusão. Por ter
estas características, o poder atrai sempre os indivíduos que têm esses
defeitos. A humanidade não é de todo assim, apenas uma pequena percentagem que
se vê encantada pelo poder e que faz tudo para o conseguir, o manter e o exibir
de forma histriónica nalguns casos. São os pequenos reis. Seriam apenas
patéticos, se não influíssem directamente com o desenvolvimento das populações
e se não fossem responsáveis pela miséria que provocam, quase sem quererem, ao
assinarem um papel, ou ao cortarem uma fita.
O desafio da humanidade neste século é encontrar um sistema
que não seja apelativo aos defeitos dos pequenos reis. Um sistema que seja
apelativo às qualidades de grandes Estadistas.
1 comentário:
É a natureza humana, e talvez até a natureza das coisas e massas - assim físicas como humanas - que todas se organizam em torno de centros de maior densidade, ou seja, de maior peso - e poder.
Podeis dar-lhe as voltas que lhes derdes, nem há volta a dar-lhe.
«Chassez le naturel, il revient au galop.»
Fechais-lhe a porta, ele entra pela janela.
«Sustine et abstine.»
LM
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