20 fevereiro 2014

É um artista português

Aos 65 anos, o músico Fernando Tordo, desencantado com o país, abandonou-o em busca de trabalho. Antes de partir para o Brasil, o cançonetista e empresário de si próprio afirmou que “É muito provável que aproveite estes últimos anos da minha vida, porque não os quero consumir aqui. Eu não quero, eu não aceito esta gente, não aceito o que estão a fazer ao meu país. Não votei neles, não estou para ser governado por este bando de incompetentes. Vou-me reformar deste país. Não me está a apetecer ficar aqui, de maneira nenhuma. Acho que ainda tenho muita coisa para fazer”.
 
Apesar de ter muita coisa que fazer e não querer vir cá, regressará, após o recato quaresmal que se segue ao Carnaval, para dar um espectáculo no dia 25 de Abril, certamente gratuito, em coerência com as suas afirmações e convicções, e solidário com os demais reformados-emigrantes que, como no anúncio da saudosa Hermínia Silva, "andam lá fora a lutar pela vida!" e sobrevivem com um copinho de Aldeia Velha.
 
"À saúde da nossa Alzira e do nosso Manel!" e também do nosso Fernando, porque não?!

10 comentários:

Anónimo disse...

Nos Estados Unidos os artistas quando nao têm sucesso vão lavar pratos. Emn Portugal querem que o estado lhes pague um subsidio. O caso deste senhor igual a tantos outros artistas resume-se a uma palavra: hipocrisia

Anónimo disse...

na vespera da partida não se esqueceu de ir ao camarote presidencial do Benfica talvez para matar saudades do croquete e do pastel de bacalhau.

Anónimo disse...

O Tordo, eu conheci-o:
era canoro e luzidio.

-- Contribuinte da SS.

Anónimo disse...

Parece que a empresa que lhe deu os ultimos contratos é presidida pela mulher.

Anónimo disse...

Caro Gonçalves
Não nego que este texto esta bem escrito, enferma até de algum humor, mas na minha humilde opinião não pega pelo melhor ângulo e isto porque falar dum caso concreto de emigração mais ou menos desenquadrada, não faz esquecer o verdadeiro problema dos que são obrigados a deixar o País, País este com uma taxa demográfica dramática e ainda por cima quando a maioria dos que saem são jovens com habilitações acima da média...
Não teria sido melhor apontar para o fenómeno da imigração de forma mais consentânea com a realidade e colocar de lado uma abordagem mais ou menos cor de rosa do mesmo fenómeno?
Eu sei que existe nos blogues, uma atitude de abafar os assuntos políticos sujeitos ao contraditório, mas será normal, uma pessoa como você(que considero corajosa e vertical)não analisar inteligentemente uma das maiores desgraças da nossa sociedade?
Saudações
Açor

Anónimo disse...

Açor

Casos como o do Tordo merecem o nosso repúdio, sobretudo se resultar comprovado que o mesmo não será propriamente um pedinte ou, se o for, sê-lo-à por culpa própria. O que leva o senhor Tordo a sair do país ainda será pior do que a crise económica. Se ler a transcrição que fiz das palavras dele, verificará que o homem discorda do governo (o que é legítimo) mas insinua um problema de regime no sentido de querer que fossem os seus e só os seus a governar (uma Venezuela, portanto). Para quem cantou a democracia...

Discordo de si quanto ao facto de na blogosfera não se exercer o contraditório. É precisamente ao contrário. O exercício do contraditório é nesta mais do que garantida, desde logo, porque há blogues com tendências políticas diferentes que se citam e debatem entre si (sempre com as devidas referências do quem a quem) e depois porque as caixas de comentários permitem que os leitores opinem (pelo menos aqui na Máquina e em muitos outros - sobretudo os conotados com a direita), ainda que previamente gravados mas sempre publicados. Tudo isto ao contrário da comunicação social tradicional, onde as "tordices" foram amplamente divulgadas mas não contraditadas e muito menos investigadas.

Terceiro, e por último, dar-se-à conta de que tenho (temos todos os maquinistas) escrito pouco. Estamos profissionalmente muito ocupados. Mas a coisa melhorará a curto prazo.

Prazer em lê-lo como sempre

JG

Anónimo disse...

Caro JG
Antes de mais só agora tive a oportunidade de ver a sua resposta ao meu comentário, e como sabe gosto de retorquir e por isso mesmo tarde, aqui vai...
Quando disse que existia uma tendência de Abafar o contraditório(referia-me não só a uma intenção, mas mais a uma realidade de pouco debate) esqueci-me de referir agora e não propriamente em relação ao Maquina que tem revelado ter capacidade democrática.
Realmente estranhava o maquina enveredar quase em exclusivo(neste momento) por temas ligados ao futebol, mas agora entendo e respeito o motivo...
Não entendo que sejam sobretudo os blogues conotados com a direita que dão corpo ao debate contraditório, muito mal estaria o mundo se a esquerda não fizesse pelo menos o mesmo...
Eu contradisse o texto, não porque tenha uma grande admiração pelo personagem citado, mas sim pela razão de se ter desviado uma realidade indesejável da imigração actual, por uma questão lateral mais ao menos "cor de rosa", do problema Fernando Tordo, foi ele que se pós a jeito, ou se aproveitaram dele, para defenderem o governo?
Não sei, mas não é honesto escamotear uma realidade tão dolorosa, a reboque de questões menores...
O Tordo nada tem de revolucionário, mesmo as suas ligações a partidos conotados com o Prec, são coisa do Passado, eu pessoalmente, se não dou importância ao seu caso é por uma certa capacidade dele surfar a oportunidade politica, facilmente ele poderia estar no seu partido, ou noutro qualquer.(o que é um direito de todos)...
Portanto houve uma certa oportunidade de cavalgar o ridículo, como forma de desviar o verdadeiro problema da imigração e do convite a imigrar feito por Passos, estou certo que não concorda com esta posição de Passos Coelho e do seu Governo o que aliás é comum a muita gente da direita, pois ser-se intelectualmente sério, não é privilégio da esquerda...
Açor

Anónimo disse...

Caro JG
Continuando
Apesar da minha não admiração especial pelo Fernando Tordo, não encontro qualquer palavra errada nas palavras citadas por si e atribuídas a ele...
Eu pessoalmente não saia do meu País, pois sempre estive contra o convite feito pelo Passos Coelho e aproveitava dentro das minhas capacidades económicas para resistir, mas de resto, não é só ele que esta contra os desmandos deste governo, desde Manuela Ferreira leite, Bagão felix, Pacheco Pereira, Ramiro Moreira, Freitas do Amaral e tantos outros que não são de esquerda e criticam este governo, quem sabe se não será o JG, mais um destes?
Ele nada disse que queria que fosse só os seus a governar(isto fazendo-me de advogado do Diabo)ele disse que não queria estar sob o domínio destes em concreto, como tantos outros disseram o mesmo em relação a Sócrates em Portugal, Maduro na Venezuela e outros em tantas outras partes deste Mundo, não será esta outra dimensão da democracia?
Outra questão é realmente o problema da imigração por questões económicas, mas também em concomitância em questões culturais de falta de saídas no País para a cultura não engajada com o regime, o mesmo problema foi colocado em 1975 quando o PCP dominava e imponha o cerco aos não apoiantes da sua causa, o mal é que depois de muita critica a direita faz precisamente o mesmo que veementemente atacou na altura.
Basta acrescentar que o dinheiro abunda para a cultura de Joana Vasconcelos(apadrinhada por este governo) e valha para tantas outras coisas, onde o ridículo (que mais não fora pela ignorância nos protocolos legais aplicáveis)na venda dos quadros de Miró, são só a ponta do Icebergue...
Açor

Anónimo disse...

Primeiro, o Tordo é do PCP e continua a achar que o regime e as práticas defendidas por este são as ideiais para qualquer sociedade. A entrevista é amostra.
Segundo, posteriormente a eu ter escrito este post o senhor F. Tordo deu uma entrevista a justificar o dinheiro dos contratos com a empresa de que é sócio e patrão do artista. Diz ele, entre outras pérolas, que dos 200 e tal mil euros contratados só pagou am ele próprio uns dez mil porque o demais foi pagar pagar despesas diversas, entre as quais aos "trabalhadores" que estavam sob as suas ordens. Fico desalentado por Portugal perder um patrão exemplar que dá tudo aos seus trabalhadores, ficando com a nua camisa, ele F. Tordo, e a rota camisa, ele F. Tordo.
Terceiro, a questão da emigração é mais profunda do que as palavras do primeiro ministro, dos protestantes e comentadores de mesa de café (como nós) discutem no imediato. Exige, desde logo, uma reflexão sobre o sistema escolar português; depois, exige que se discuta a relação entre as necessidades do mercado de trabalho e a oferta académica para o mercado de trabalho (desde as universidades, aos politécnicos ou às escolas profissionais); finalmente, exige uma reflexão sobre a sociedade em geral e aquilo que ela espera do estado em relação a toda ela e não em cada caso particular. Deixo isso para os capazes, designadamente os que pululam nas esferas dos poderes políticos (o plural não é inocente).
Daqui e voltando ao Tordo, sinto vergonha por este país se preocupar com "um artista", "um homem de cultura", como o "mainstream" lhes gosta de chamar, como se fossem diferentes dos demais comuns mortais que exercem o labor diário de contribuir à sua maneira para a Nação. "Os Tordos" que por aí pululam (e não me refiro ao verdadeiro em concreto) entendem que querem ser "artistas" e que o povo português os deve sustentar. Eu entendo que não. Eu entendo que se um "artista" não tiver êxito na sua "vocação" deve ir lavar pratos. É o que fazem em Hollywood e a coisa corre bem.
A todos, quer sejam mecenas quer sejam artistas.

JG

Anónimo disse...

Caro JG
Não é muito importante para a discussão que tordo seja PC ou não, mas para seu conhecimento lhe digo que há muito aquele deixou o PCP,e passou para o PS, agora bem mais conveniente para o negocio, mas esta mudança não foi a única procedida entre o PCP e outros partidos, até lhe digo que seria muito mais importante que analisa-se estas permutas, entre elas, lhe diria de alguns seus correlegionários, Filipe lá Feria, Eunice Munhós e outros que não me lembro o nome...
Porque aconteceu isto?
Pela razão de que os artistas estão(com honrosas excepções)do lado de quem lhes dá emprego, em 75 era o PCP, agora é o PSD/PS.
A questão colocada na entrevista de Tordo, pelas palavras que lhe atribui, não colocam uma questão de regime mas de pessoas, o governo de Sócrates, tinha o mesmo regime e ele não o questionou, com a devida vénia, não se pode confundir regimes com governos, os governos podem ser diferentes e os regimes iguais, ou encontra diferenças de regime entre o governo de Sócrates e de Passos Coelho, ou tão só uma questão de práticas?
Se quiser ser intelectualmente honesto , como penso que é, deve entender a questão da cultura e da ligação desta com os governantes de forma aberta e descomplexada, assim todos os governos têm os seus artistas de "eleição", eu disse-lhe o nome de Joana Vasconcelos, mas podia lhe dizer outros nomes como Filipe lá féria, etc.
Não tenho nem uma visão tão restrita do apoio à cultura, nem tão aberta que esqueça o cuidado na atribuição dos subsídios, mas é inegável que sem cultura um País não tem substancia e que cultura sem apoios estatais é uma miragem, já o primeiro ministro Inglês na 2 Guerra Mundial, dizia que o esforço de guerra não fazia sentido, sem a defesa da cultura.
Já questionou a existência do São Carlos sem os altos subsídios do Estado? Eu penso que é uma questão a ponderar, como é os festivais de verão promovidos por câmaras de todos os Partidos e do seu também, ou se esqueceu de Berta Cabral e da sua especial apetência por festivais promovidos pela câmara de Ponta Delgada?
Eu penso que precisamente a questão da emigração ligada à demografia é que deve ser analisada, muito mais do que as balofas palavras do Passos, porque razão não havemos de ser tão capazes como os políticos em exercício?
Eu compreendi perfeitamente a ironia e o alcance das suas palavras, se são eles que são escolhidos em detrimento de outros, que sejam eles a descalçar a bota...
Eu penso(e eventualmente mal)que o JG foi levado nesta onda de cavalgar a oportunidade de deitar abaixo os críticos da emigração a mando de Passos Coelho, mas a verdade quer tenha ou não sido este o mote, é por demais importante para ser ironizado num caso particular, por sinal pouco conseguido...
Ainda por cima suspender as suas "férias sebásticas", por um tema destes, é mau quando tantos e bons temas não t~em tido a ajuizada participação do JG.
Saudações
Açor