O panteão é num qualquer
lugar, podendo nem ter existência física, porque o ilustre imortal a tal se
sobrepõe, arreigado que está na memória de um povo.
O Panteão é atávico local
de regime político, datado no critério, obscuro na pretensão, incongruente na
escolha, pertinente na incoerência.
O Panteão é escolho da
perenidade.
Não sou incondicional de
panteões e, muito menos, do Panteão. Prefiro o recato da memória e o respeito
singular por aqueles que por obras
valerosas se vão da lei da Morte libertando, sobretudo quando um qualquer
Panteão alberga alguma gente pouco recomendável nas acções da vida.
Hoje, trasladado para lúgubre
sítio, mataram Eusébio, o nosso Eusébio.
O Eusébio que desbaratou o
Real Madrid em 62, o Eusébio do Mundial de 66, o Eusébio de qualquer tarde de
domingo ou das quartas-feiras europeias, o Eusébio de puras Bola de Ouro e
Botas de Ouro, o Eusébio que arrastava multidões quando o marketing não era
milagreiro, o Eusébio que não necessitava de mostrar passaporte no tempo das
fronteiras, o Eusébio-povo e do povo, o Eusébio de Portugal, esse Eusébio
estará sempre noutro lugar, em qualquer lugar, menos naquele.
Se físico panteão lhe quiserem
fazer, reze-se pela alma, recordem-se os feitos, eternize-se-lhe a memória junto
da estátua, no Estádio da Luz, o verdadeiro cenotáfio da sua arte, em paz,
entre os seus.
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