Portugal 13 de Julho
de 2016
No penúltimo texto fiz
uma ligeira abordagem sobre como se fazem grandes negociatas com direitos económicos
de jogadores, utilizando para isso o Diogo Jota do Paços de Ferreira e citações
retiradas da imprensa (como aliás tudo o que comparo). Hoje faço uma pequena
reflexão sobre o que se passa no Benfica. Quem leu o texto anterior percebe a
sequência do raciocínio. Quem não leu, deve ler antes de atirar “pedras”...
Retirei do prospecto
obrigacionista publicado na CMVM o seguinte referente à época 2013/2014 e 2014/2015:
Alienação da totalidade dos direitos de económicos do
atleta Rodrigo à sociedade Meriton
Capital Limited, pelo montante de €30
milhões, que gerou um ganho de €12.642 milhares, após dedução: (i) de compromissos com terceiros; (ii) de gastos com serviços de intermediação;
(iii) do efeito da atualização financeira tendo em consideração os planos de
recebimento e pagamento estipulados e (iv) do valor líquido contabilístico do
direito do atleta à data de alienação, no montante global de €17.358 milhares.
Alienação dos direitos de inscrição desportiva e da
totalidade dos direitos económicos do atleta Kardec ao São Paulo FC, pelo
montante de €4,5 milhões, que gerou um ganho de €1.004 milhares, após dedução:
(i) de compromissos com terceiros;
(ii) de gastos com serviços de
intermediação e (iii) do valor líquido contabilístico do direito do atleta
à data de alienação, no montante global de €3.496 milhares.
Aquisição dos direitos de inscrição desportiva e da
totalidade dos direitos económicos do atleta Derley, num investimento total de €3.021
milhares, que engloba a aquisição dos
referidos direitos, os encargos com serviços de intermediação e o efeito da
atualização financeira tendo em consideração os planos de pagamento estipulados.
Alienação dos direitos de inscrição desportiva e da
totalidade dos direitos económicos do atleta Markovic ao Liverpool, pelo montante
de €25 milhões, que gerou um ganho de €6,8 milhões, após dedução: (i) de
compromissos com terceiros; (ii) de gastos com serviços de intermediação e
(iii) do valor líquido contabilístico do direito do atleta à data de alineação,
no montante global de €18,2 milhões.
De salientar que as
percentagens de direitos económicos referidas consideram a partilha de
interesses económicos com entidades terceiras, resultante de alienações futuras.
Adicionalmente, foram estabelecidos
compromissos com terceiros, nomeadamente clubes, agentes desportivos ou os
próprios atletas, no sentido de repartir o valor de futuros ganhos que venham a
ser obtidos com a alienação dos direitos desportivos detidos pela Benfica SAD,
mediante verificação de condições específicas definidas contratualmente.
Num texto de
pequenas dimensões não dá para copiar muitos exemplos. Escolhi estes por me
parecerem relevantes da forma como o Benfica está a ser gerido, ruinosamente
mas com ganhos para muita gente que
gravita em torno do futebol, e naturalmente o Sr.º Vieira como um dos “suspeitos”
de ser “beneficiário” pois ninguém dá nada a terceiros se não ganhar
qualquer coisa com isso. A não ser que seja indigente.
Como se vê o
Benfica paga comissões na venda de jogadores (serviços de intermediação) mas surpreendentemente
também na compra! Que se pague na venda, compreende-se pois o empresário
promove o jogador e encontra clube comprador nas condições que o Benfica
entende serem as adequadas. Mas pagar comissões
na compra?
Outra
característica desta gestão é a parte dos direitos económicos que assumidamente
são divididos por vários (jogadores, empresários, outros), na antecipação de
negócios futuros. O Benfica paga a
aquisição dos jogadores e na antecâmara da sua venda, cede de forma economicamente
gratuita, percentagem dos direitos económicos a terceiros, facilitando
assim a circulação de elevadas somas de dinheiro, que correm de bolso em bolso,
a maior parte das vezes através de off-shores. Como resultado disto pode concluir-se
que muita gente ganhou dinheiro mas o Benfica perdeu com Markovic e Kardec que não renderam o suficiente para cobrir as
despesas da sua contratação.
Adicionei o exemplo
do Rodrigo para perceberem como o Benfica pode ser “mamado” de forma drástica,
pois dos 30 milhões da venda dos direitos federativos, a SAD apenas lucrou 12,6
milhões!
Não é por acaso que
apesar da máquina da propaganda em torno desta Direcção (apoiada pela
comunicação social de Joaquim Oliveira e Jorge Mendes, mais o novo BES entre
outros parasitas do Benfica), e apesar
das vendas milionárias, o valor dos
empréstimos obtidos (corrente e não corrente) em Dezembro de 2015 era de 308,8
milhões, ligeiramente inferior aos 309,8 milhões em Dezembro de 2014.
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