17 abril 2006

Portugal na Nova Ordem Internacional II

Portugal entra na NATO, mas desvaloriza o papel da ONU, porque esta defende a autodeterminação dos povos, o que colidia com os interesses coloniais. Salazar pareceu não perceber, ou não quis aceitar as transformações que a nova orem internacional implicavam. Quis acreditar que no pós-II Guerra Mundial sairiam três potências: EUA, URSS e Império Inglês. Essa falta de percepção dos acontecimentos a nível mundial, fez com que Portugal fosse ficando de fora da nova ordem, desde logo não participou na Conferência de S. Francisco que fundou a NATO.
Com o fim do Império Inglês, com a afirmação dos americanos no Atlântico e com os processos de descolonização, Portugal viu-se na necessidade de aumentar as relações com os EUA. 1º com o Acordo das Lajes (1948), depois a adesão à NATO (1949). Seguir os EUA foi mais uma necessidade do que um desejo, face ao declínio do Império Inglês.
de Portugal. Esta dificuldade em aderir à nova ordem internacional reflectia-se também na visão de que para a reconstrução europeia não era necessária uma base internacional mas sim deveria ser feito a nível nacional. Foi deixada, no entanto sempre ‘uma porta aberta para a Europa’.
Sem muito esforço da diplomacia portuguesa, Portugal é um dos beneficiários do Plano Marshall, e faz também parte da OECE e depois da OCDE, não fez parte, no entanto da Cimeira de Haia nem no Conselho da Europa.
Como foi reconhecido, posteriormente, pela diplomacia portuguesa, o facto de fazer parte do grupo fundador da EFTA, foi um ‘golpe de sorte’, porque devido ao baixo nível de rendimento do país, nada o fazia prever. Portugal tirou, no entanto, inúmeros proveitos, não ficando marginalizado dos movimentos integracionistas e tendo o apoio da Inglaterra, pois o Império Colonial português era de algum modo semelhante à Commonwealth. Para os restantes membros da EFTA também era importante a presença de um país como Portugal, pois assim evitavam ser vistos como ‘um clube de ricos’.
Desta forma a EFTA foi para Salazar uma óptima solução, pois dela tirou grandes proveitos económicos sem grandes custos políticos. Mais, a EFTA permitiu a Portugal manter a sua política externa, dado o envolvimento britânico naquela organização, manteve-se também a Aliança Britânica. Salazar ganhou internamente uma legitimidade acrescida, uma vez que a EFTA era uma organização de países democráticos.
Tudo parecia correr de feição para as autoridades portuguesas, quando em 1961 a Grã-Bretanha fez o primeiro pedido de adesão à CEE, dando seguimento à Aliança Britânica, Portugal entrega o seu pedido em Maio de 1962. Em Janeiro de 1963, De Gaulle veta a entrada da Inglaterra, ficando sem resposta, e também sem insistência a proposta portuguesa. Salazar viu pela primeira vez a Europa como uma verdadeira ‘terceira força’.Em conclusão, Salazar face à integração europeia, teve sempre um sentido de prevalência do princípio nacional, teve sempre dúvidas em relação à possibilidade de cooperação mas acabou por aceitar, manteve sempre a salvaguarda do princípio da unidade entre Metrópole e Colónias, também da ideia da unidade e independência nacional, tentou a obtenção de benefícios económicos no processo de integração europeia desde que não implicasse prejuízo político.

cont. trabalho universitário 'Adesão de Portugal à CEE - Evolução Histórica' por Rui Rebelo Gamboa

3 comentários:

gm disse...

Cá estamos Rui, cá estamos!Bons posts...

(Tricky dá um toque de modernidade eheh)

Rui Rebelo Gamboa disse...

Obrigado pelo apoio, Guilherme!

Anónimo disse...

por acaso todos os estudos serios sobre Portugal ter sido membro fundador da EFTA dão por errada a ideia de um "golpe de sorte".
e pintarem a sociedade portuguesa da epoca como uns coitados que foram acolhidos pela misericordia europeia...assim a EFTA ja nao seria reconhecidoa como um "clube de ricos"....podiam ter escolhido a irlanda grecia espanha turquia...mas foi Portugal quem soube negociar a adesao com vantagens clarissimas na mediada em que gozava das reduçoes aduaneiras dos outros estados ao mm tempo que tinha um tempo mais que extra para reduzir as suas pautas face aos outros membros( devido à situaçao menos privilegiada).permitiu aumentar 705 as exportaçoes portuguesas e 140% para a zona da EFTA