05 agosto 2006

Fidel e Sousa Tavares

Com a doença de Fidel Castro os comentaristas começam a fazer as mais variadas leituras do seu reinado ditatorial. Dos que ouvi, devo realçar Miguel Sousa Tavares porque falhou redondamente na sua análise.

Dizia Sousa Tavares, no Jornal da TVI, que, apesar de tudo, admirava Fidel pela sua coerência e constância na persecução dos ideais comunistas, pelos quais lutou toda a sua vida. Ora, se Fidel foi coerente com alguma coisa foi para com a obra e os ensinamentos que Maquíavel nos deixou.

A história e os outros membros da resistência que esteve na Sierra Maestra dizem-nos que Fidel nunca foi um adepto real do comunismo, ao contrário de Che Guevara, ele sim um ávido leitor e crente dos ensinamentos de Lenine – principalmente. Fidel, pelo contrário, usou o bloco soviético, pois sabia que a única forma de sobreviver no poder, - tal como sobreviveu -, seria estando contra os EUA. Além disso, um regime democrático, tal como o que Urrutia queria, acabaria por levá-lo, também, a um reinado no poder obrigatoriamente mais curto. Por isso mesmo Fidel purgou todos os que eram firmes crentes nele, nos tempos, antes e logo após a Revolução, quando jurava que não era comunista, pois esses perceberam que as suas intenções não eram mais das de um comum ditador.

Portanto coerente sim, mas não da forma simpática como Sousa Tavares colocou. Fidel Castro não passou a sua vida em busca de um ideal, passou a sua vida em manobras políticas baseadas em Maquíavel, para eliminar todos os seus adversários e ser o todo-poderoso ditador de Cuba até à sua morte.

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