18 novembro 2006

O regresso anunciado dos russos

Esta semana ficou-se a saber que a empresa estatal russa Gazprom comprou parte da GALP. Por um lado, e a nível doméstico, percebe-se como os grandes ‘magnatas’ portugueses fazem o seu dinheiro; compram ao Estado por um preço e depois vendem aos estrangeiros por outro, aliás essa não é uma situação nova, o mesmo tinha acontecido por altura das privatizações da banca e subsequente venda a grupos espanhóis. Por outro lado, e a nível internacional, percebe-se a estratégia russa de controlar a distribuição de gás, na Europa.

A energia assume, actualmente, uma importância cada vez maior na divisão de poder a nível internacional, basta ver o que se passa no Médio Oriente e como os americanos preferem estar a perder homens diariamente, para manterem a sua influencia naquela zona e no seu petróleo. Os russos, por seu lado, têm já uma rede de distribuição de gás natural que influencia toda a Europa e querem, naturalmente, aumentar essa influencia, aumentando, também, o seu poder.

A Europa, pelo andar das coisas, vai voltar a ser um joguete nas mão de russos e americanos, porque não se consegue unir e impor. E se essa situação vier realmente a acontecer os europeus vão perceber, outra vez, que o melhor é estar do lado dos americanos, porque apesar de todas as criticas que lhes podem ser feitas, são os nossos melhores aliados. Os russos continuam a resolver os seus assuntos de forma unilateral (eles sim), basta ver o que aconteceu quando o poder caiu nas mãos de Iutchenko na Ucrânia: cortaram-lhes o abastecimento de gás. Será que é isso que os europeus querem para si?

Antes de se começar a criticar os americanos por tudo e mais alguma coisa é melhor que se compreendam algumas das suas decisões dentro do quadro mais amplo, ou como eles próprios dizem see the big picture.

4 comentários:

Pedro Lopes disse...

Os oligarcas Russos, os tais jovens na casa dos 30 anos, que aproveitaram as nacionalizações em massa levadas a cabo por Boris Yelsin, para comprarem serviços e industrias estatais ao preço da chuva. Hoje são multimilionários. Um deles é dono dos Chessie, outro de um grande clube Russo (onde jogaram Maniche e Costinha entre outros), e um deles, ligado ao petróleo, está na Cadeia, na Cibéria.

A tentação de vender industrias (ou a Banca ou serviços) de importÂncia fulcral para a nossa economia, a grupos económicos estrangeiros, que assim promovem concentrações de empresas, tornando-as numa só, leva-nos a uma dependÊncia tremenda do exterior, só preocupados com o crecimento e com o lucro, em suma empobrece-nos. Mas são as leis de mercado a funcionar, sem a mão proteccionista do Estado. É a perfeição possível.!!

Em relação ao gás da Russia, já dependemos, e muito, desse recurso, vindo da Rússia via Ucrânia. Daí que a crise de há uns meses entre esse país e os Rusos por via dos preços a praticar, preocuparam de sobremaneira os europ+eus, havendo, inclusive, cortes no abastecimento a alguns países como a itália e a Bélgica.
É uma questão tão delicada, que a Ucrânia se quer virar para a Europa e para a Nato e a Rússia tenta, por todos os meios, condicionar esta viragem a Ocidente.
Nós eupopeus temos tradições de aliança com os EUA, e penso que mantê-las é do nosso interresse, mas não nos podemos deixar cair no jogo da "Guerra fria", pois com as dependências energticas da Rússia, perdemos aquilo que os EUA não nos podem dar, energia.

Rui Rebelo Gamboa disse...

tem de haver sempre áreas onde o estado tem q proteger seus interesses

Pedro Lopes disse...

Eu também penso que sim. Tem de haver um limite razoável para as privatizações.
A soberania também passa por um certo dominio por parte do Estado dos bens e serviços indispensáveis ao "andamento" de um país.

Pedro Lopes disse...

...é que os "privados", nessas questões de Amor À Pátria, têm demonstrado que a sua lealdade é mais para com os euros!!!