23 janeiro 2007

Os Olhos da Águia

A paranóia anti-terrorista americana chegou aos Açores, mais concretamente à Base das Lajes. Isto porque os serviços de informação do Tio Sam, têm um programa, que se chama Eagle Eyes (Olhos de Águia), que transforma cada cidadão num potencial informador, podendo colaborar com as forças de segurança, reportando acções ‘estranhas’. Este programa foi alargado à Ilha Terceira, não só aos militares norte-americanos, mas também aos cidadãos açorianos.

Entre as acções que podem ser denunciadas, realce para as seguintes:
- Alguém que faz perguntas e pretende obter informação
- Desconhecido que tira fotografias, filma ou usa binóculos
- Pessoas suspeitas que se juntam ou movimentam para fins desconhecidos
- Carros desconhecidos estacionados perto da sua casa
- Todos os acontecimentos que não possam ser explicados como “catástrofe natural”

7 comentários:

Pedro Lopes disse...

Caro amigo, até posso aceitar que há um toque de paranóia nestes "olhos de águia", mas nestas questões de segurança, e ainda mais quando se tem como inimigos terorristas "invisíveis".

É preciso não esquecer que foi na base das Lajes, na "Cimeira dos Açores", que se traçou o futuro do Iraque. Os Açores entraram no mapa dos terroristas.

Depois há a questão dos prisioneiros com destino a Guantanamo, que por aqui têm passado. Um deles um canadiano de origem árabe que foi apanhado por engano.
Ana Gomes tem feito disso bandeira, dando ainda mais ênfase e voz à ajuda e encobrimento que o Governo Português tem dado aos EUA.

Por isso não esytranho que esse programa dos "olhos d´águia" tenha chegado à Terceira. Vejo-o como o assumir de uma potêncial ameaça contra aquela base americana.

Estaremos debaixo do olho de alguém?
Da àguia já estamos!!

Cumprimentos

Pedro Lopes disse...

Rui, isso para não falar do caso mais recente envolvendo o nome de Portugal e, quiça dos Açores.
Refiro-me a Paulo Casaca.

Essa amizade de Casaca com a oposição Iraniana, exilada no Iraque, ainda vai dar que falar.

Essa organização ainda é considerada pela UE como terrorista, o que me faz perguntar o que fazia o euro deputado Casaca no Iraque "dançando com terroristas".

Essa amizade necessita de uma explicação CLARA por parte do próprio e por parte de um representante da UE em relações internacionais ou do médio Oriente.
Casaca presta contas ao seu grupo parlamentar. O que tem este a dizer sobre estes contactos.

Aguardo desenvolvimentos

Pedro Lopes disse...

Ficou em falta no final do 1º parágrafo: "(...),não se pode baixar a guarda."

Rui Rebelo Gamboa disse...

Caro PP,

Eu sou completamente a favor que se lute contra o terrorismo com armas especiais e diferentes, pois eles próprios usam métodos diferentes, não se pode querer combate-los como se combate o crime dito 'normal'. E tu sabes bem que essa é a minha opinião.

Outra coisa diferente é a forma paranoica e incompetente que Bush e seus pares escolheram para essa luta. O patriot act é uma aberração, usa-se o medo que o terrorismo causou nas pessoas, para se lhes tirar direitos fundamentais, aliás fomentar o medo na população americana foi a solução para Bush ter crédito para avançar com as invasões, basta ver as tv´s americanas, em rodapé está sempre a passar que o nível de risco de ataque terrorista está smepre entre o laranja e vermelho.

Quanto ao Eagle eyes em particular, pode instigar uma cultura semelhante à do Estado Novo, do bufo. De usar essa arma como vinganças pessoais, ou seja um qualquer cidadão pode denuciar outro que não gosta, só porque pode e vai fazer-lhe a 'vida negra'. Como se pode denuciar um tipo que esteja a usar binoculos, a fotografar ou filmar? Imagina que és um estranho na Terceira e começas a tirar fotos a um sitio (nem tem que ser a BAse)? Podes ser preso e passar ainda um mau bocado.

É uma questão de paranoia, disso não tenho a menor dúvida, esta administração americana foi muito hábil, usando o medo do terrorismo para passar leis quase de estrema direita e aúnica forma para o povo americano deixar que isso acontecesse foi pela paranoia e medo. Quantas pessoas não ouviste a dizerem que não têm problema nenhum em perder alguns direitos para evitar um ataque terrorista?

Como disse, sou a favor de medidas especiais para os terroristas. Mas envolver os cidadão anónimos e de outros países, porque podes invocar que foi na Terceira que houve a Cimeira, mas todos os locais do mundo que têm bases americanas, estão em iguais circusntancias, portanto não é por aí.

Eu acredito que se pode combater o terrorismo de forma discreta, sem envolver o cidadão anónimo. Isto não tem nada a ver com os vôos secretos da CIA, que envolvem apenas potenciais terroistas e os agentes.

Para acabar, é como digo este tipo de programa já foi usado em várias situações, na URSS era a torto e a direito que as pessoas denunciavam outras por razões pessoais, no Estado Novo a mesma coisa. Embora as consequencias sejam diferentes, pois na URSS (no tempo do Estaline Béria) era morte ou Sibéria, no Estado Novo raramente se morria (em comparação com a URSS) mas ia-se para prisão, agora pode-se passar um mau bocado até se comprovar que de facto naõ se é terrrorista.

Eu não estou disposto a conceder o meu direito para fotografar ou filmar ou estacionar o meu carro onde quiser, ou fazer perguntas, etc, só porque os americanos entendem que sim, em nome de uma cultura de medo, que não tem como objectivo combater o terrorismo, mas sim uma política de extrema direita.

Pedro Lopes disse...

Meu caro Rui, o meu comentário foi no sentido de compreender o porquê dos Serviços Secretos dos EUA terem estendido o referido programa à Base da Lajes.

Quando admiti um certo grau de paranóia no programa e o exagero de algumas situações que são descritas como suspeitas, fi-lo por ter acedido ao Link que acompanha o teu post.
Para além de me deparar com um site militar, li o propósito do programa e o que consideram suspeito.

Tu apresentas aqui algumas acções consideradas suspeitas, mas de forma solta. Só para dar um exemplo, o "alguém que faz perguntas e pretende obter informações", dito assim, causa estranheza. Mas se acrescentarmos o resto da frase que diz qq coisa como "(...)informações sobre actividades militares, suas capacidades e pessoas.", já diminuí muito o rol de possiveis suspeidas.

Não acredito que os militares americanos se ponham a distribuir panfletos com estas mensagens (mesmos as originais do site "Air Force Office of special investigation"), na Ilha Terceira.
Mesmo que o fizessem, não estou a ver corrermos o risco do "bufo à Estado Novo", até porque em casos relatados como suspeitos, uma simples identificação e a resposta a duas ou três perguntas resolve o problema.
O que sei é que, no caso de alguém detectar algum comportamento suspeito (mesmo que esta designação seja um pouco lata), fica mais alerta, sabe a quem relatar e poderá evitar-se o: "e se?"

Também eu prezo muito os meus direitos, e não quero abdicar deles em nome de uma sociedade "sem risco".

Neste caso, informando o cidadão para que observe o que o rodeia de maneira diferente, mais alerta para algumas situações anómalas, é um bom contributo para todos.

Não podemos delegar no Estado, nas suas forças proliciais, toda a responsabilidade de detectar ou travar acções terroristas.
Eles, os terroristas movimentam-se entre nós, como temos visto, por exemplo, na Grã Bretanha, eles moram "nos nossos bairros". Quem melhor do que nós conhece o que, normalmente, se passa junto de nossas casas e nos locais por inde passamos ou frequentamos? Nós e os nossos vizinhos.

Cabe-nos a nós, cidadãos, não exagerarmos e não entrarmos num clima de desconfiar de tudo e todos.

Enfim, já vai longo o comentário.
Penso que ficou o essencial.

Cumprimentos

Rui Rebelo Gamboa disse...

"uma simples identificação e a resposta a duas ou três perguntas" NÃO "resolve o problema".

Existem casos, que já aqui relatei, de pessoas que porque têm nome igual ao de um na lista de terroristas, são interrogadas, despidas (literalmente), enfim hiumilhadas, e são nomes comuns e os terroristas que têm esses nomes, muitas vezes são pessoas que já morreram, ou já estão em cativeiro.

O ponto fulcral do meu post é o facto de isto ser trazido para cá. Os terroristas são tudo menos estúpidos e não agem sem um interesse ou objectivo. É de todo improvável um ataque terrorista à base das lajes. Não há, assim, necessidade disto. É, como disse, apenas mais um passo na busca 'neo-con' vigente nos EUA, de fazer nascer um estado 'big brother' que sabe tudo, que está em todo o lado.

Não se pode cair no erro de ver esta acção como combate ao terrorismo, não é.

O exemplo do bufo estilo estado novo, já acontece lá. Existem vários exemplos de pessoas que foram 'visitadas' pelos serviços de informação americanos por falarem mal do Bush, ou por acharem que os muçulmanos não são todos fundamentalistas. Isto, que aqui relatei, pode trazer essa maneira de estar para cá.

Que autoridade têm os EUA para implementarem uma acção destas dentro de outro país autónomo? Porque isto aplica-se, se for preciso, aos cidadãos açorianos.

Nós falamos dos terroristas islamicos, mas eu vejo muitos terroristas cristãos nos EUA. A cultura, que falei anteriormente, de aterrorizar a população para a levar a apoiar actos tão vis como os que praticaram, é terrorismo e terrorismo feito em nome de Deus.

Esta administração americana está a levar-nos para um buraco cada vez mais fundo, que é cada vez mais difícil de sair. E nós somos 'americanos' nesta luta contra os fundamentalistas islamicos que nos atacam, não podemos nos alhear da nossa aliança atlântica

Rui Rebelo Gamboa disse...

O prórpio Francis Fukuyama, um dos principais impulsionadores do neo-conservadorismo, demarcou-se desta política do Bush.

É preciso separar as coisas e é isso que está aqui em discussão: por um lado combater o terrorismo, usando métodos 'especiais' que podem até imploicar esforços por parte da população, outra coisa é aproveitar o terrorismo para implementar medidas de extrema-direita.