19 abril 2007

Brasil: Tudo de Bom, Tudo de Mau

O Brasil é um país com cerca de 180 milhões de habitantes, e com uma área maior do que a da Europa. Tem, por isso, uma diversidade de paisagens e gentes, locais e tradições que o tornam tão encantador. Não vou, obviamente, fazer aqui uma descrição pormenorizada das muitas virtudes deste belo país, nem tão-pouco dos seus vultos nas várias artes (pois não saberia fazer, por desconhecimento, a justiça devida).

Quero antes, fazer um breve paralelo entre o belo e calmo Nordeste Brasileiro, e o Rio de Janeiro, que vem sendo noticias, nos últimos dias, pelas piores razões.

Admito que só por uma vez pisei solo Brasileiro, e fi-lo para apreciar e vivênciar, as belas praias e paisagens deste local, que pouco dista da linha do equador, proporcionando temperaturas, dentro e fora de água, muito convidativas e agradáveis. Adorei os dias que lá passei, e tenciono voltar pelas mesmas razões, que não sairam defraudadas.

Recordo-me dum misto de ansiedade e prazer, que o meu pai sentiu antes de embarcar, já há mais de 10 anos, na sua primeira visita à cidade maravilhosa.

O prazer que sentia era óbvio, ia visitar uma das mais belas cidades do Mundo, quer pela sua geografia, quer pelo facto de ser à beira-mar, quer pelas suas gentes e cultura, que se espelha na tradicional alegria associada ao povo Brasileiro, entre outras razões.
Quanto à ansiedade, esta devia-se à, infelizmente, sempre presente criminalidade, que vem assolando, com cada vez maior força e crueldade, esta maravilhosa cidade.
Mas, lá chegado, recordo-me que as palavras do meu pai só espelhavam o que de bom esta cidade tinha, afirmando que a insegurança não era sentida por quem nela passeava, e que se viam muitos policias, o que ajudava à sensação de segurança sentida.

Não sei se volvida mais de uma década, esta sensação de segurança se mantém, pois as noticias a que assistimos – e que há poucos dias davam conta de mais 21 mortos em resultado dos confrontos entre os traficantes das favelas e a policia - , dão conta de uma escalada brutal na violência, com muitas mortes e incêndios em autocarros (que são utilizados pela população, logo não percebo porque são alvo dos criminosos, em especial ligados ao trafico de drogas), e um clima de insegurança que faz muitos dos seus cidadãos dizerem; “cada vez que saio de casa, não sei se volto. Despeço-me como se pudesse levar um tiro na rua.”

É pena que uma cidade tão maravilhosa, tenha de lidar com problemas tão graves e que parecem insolúveis. Eu quero que melhore, pois quero visitar o Rio e passear no “calçadão”.

9 comentários:

Rui Rebelo Gamboa disse...

Como sabes tive no Rio há menos de um ano. Senti o mesmo misto de prazer e ansiedade, à partida, que o teu pai. Pior foi, porque na altura estava havendo aqueles ataques a autocarros em São Paulo, por parte do Marcola e seu PCC e porque perdi a ligação Madrid-Rio e tive de apanhar um voo para S. Paulo, para depois ir para o Rio.

Como é evidente, quando cheguei ao Rio já não estava ninguém à minha espera e eram 3 da manhã.

Apanhei um taxi, que me levou até à Avenida Atlântida (Copacabana), mas pelo caminho vimos 3 operações/stop, onde o carro tinha que abrandar, o motorista acender a luz interior, para que os polícias (de metrelhadoras em riste, apontando para nós) pudessem ver quem estava o carro. Chegamos bem.

Iamos ficar 7 dias no Rio e (penso que) 4 em Búzios - uma espécie de paraíso para o pessoal endinheirado do Rio e para turistas. Mas só ficamos 2 dias em Búzios, pois preferimos a agitação do Rio (compreende-se pois num paráiso, já eu vivo e muito melhor)

Devo dizer que na minha experiência no Rio, não aocnteceu nada de relevante (também andavamos na rua apenas de calções e t-shirt, sem maquinas, nem cartieras). E na Avenida Atlântida toda há imensos polícias, por isso sentimo-nos bastante seguros, apesar de sentirmos o perigo, prinipalmente quando iamos, a pé, ou de taxi, para o interior da cidade.

Há uma história, que não posso deixar de contar. O Rio de Janeiro tem o maior centro comercial da América do Sul (minha mulher não me perdoaria se não fossemos lá, ainda mais devido ao preços). Este centro fica na Barra da Tijuca, um pouco afastado de onde estavamos, em Copacabana. Fomos à noite, pelas 8, o Brasil tinha acabado e jogar no Mundial. Chegámos lá bem e pedimos ao mesmo taxista que nos fosse buscar à hora combinada. No Centro Comercial, a maior parte das lojas estava fechada, devido ao jogo, embora esse já tivesse acabado (eu prório vi-o num café em Copacabana), estavam, segundo os próprios me disseram, a disutir o jogo... Fizemos o que tinhamos a fazer lá e regressamos. No regresso, apanhamos uma operação-stop, o condutor disse-nos para termos cuidado, porque muitas vezes os criminosos disfaçam-se poícia, fazem operações stop, para roubar carros e dinheiro. Não era o caso. Mandara-nos parar, deram uma olhada e deixaram-nos andar. Nessa altura, uma senhora com um filho, num excelente jipe, de marca importada (é o que faz a diferença lá) começou a querer furar a operação, pois (pelo que disse o taxista) estava com medo da tal situação. A polícia (talvez uns 7 ou 8 agentes apontaram-lhe as armas, ela recusaou-se a parar, mas foi bloqueada. O taxista disse-nos logo " se não tivesse num bom carro e importado, a polícia já tinha disparado, para matar). Foi o caso de maior insegurança que passamos.

No entanto, devo dizer que (eu) andei sempre a olhar por cima do ombro, pois estava com receio da situação de sequestro. Porque apesar de estarmos sem nenhum vestigio de sermos turistas, a verdade é que as pessoas topavam logo que eramos de 'fora', não sei como. Por isso, tinha receio que nos assaltassem, vissem a nossa identificação (que é um papel dado pelo Hotel, para mostrarmos à Polícia, se for necess+ario) e dissessem "enquanto vais ao Hotel buscar dinheiro, nós ficamos aqui com a tua mulher".

Foi, no entanto, uma excelente viagem e experiencia, que esperamos (também) repetir, o quanto antes. Serviu, também, para darmos muito valor à nossa terra, ao nosso ar limpo, etc.

Pedro Lopes disse...

No 3º parágrafo, refiro-me ao Nordeste Brasileiro, mais própriamente à zona de Natal/Pipa.

Rui Rebelo Gamboa disse...

Sim, eu sei. Nós queriamos mesmo era ir à cidade maravilhosa.

Rui Rebelo Gamboa disse...

Mas falas desse misto que o teu pai também sentiu quando foi para o Rio.

Pedro Lopes disse...

Pois é meu caro, vocês já caminharam no "calçadão", e experênciaram o que é viver em constante sobresalto no Rio de Janeiro.

Deixas-te aqui um excelente testemunho, que dá para sentir o constante clima de insegurança, as particularidades de se viver no Rio, tal como a diferença de ter um carro de "marca importada", sinal de óbvia riqueza.

Há várias situações que descreves (a do cartão que é dado pelos hóteis, o táxista para vos ir buscar novamente, a ausência de máquina fotográfica ou outros sinais indicativos de se ser estrangeiro/ turista), que são demonstrativas de que, visistar o Rio, implica pensar em determinados cuidados a ter.

Mas, como dizes, valeu a pena por todos os atributos desta bela cidade....

Pedro Lopes disse...

Rui, o meu 1º comentário, não era respsota ao teu. Era antes para salientar, aquilo que ficou em falta no texto do post.

Abração meu chapa :)

Pedro Lopes disse...

Pois, eu e a minha mulher, por termos ido para Pipa, não sentimos nenhum tipo de insegurança, nem presenciamos qualquer tipo de situação estranha.

E fomos na passagem do ano, festa dada a excesssos. Mas estes, foram excessos saudáveis.
Tudo de Bom, ali.

Gente boa e calma. Simples, mas genuína. Pobre mas feliz.

O fórro é presença assídua em qualquer "barranco" naquelas bandas, e demonstra o espirito aberto e festeiro do povo nordestense.

Regressei com vontade de lá ficar...

Rui Rebelo Gamboa disse...

Basta sair do Rio e ir para Búzios, que é a cerca de 300 km, e já se pode andar com as máquinas digitais e as pessoas também são muito calmas e simples. Mas, na viagem de carro vê-se muita pobreza, muita mesmo. Já se vê alguma na cidade, inclusivê as favelas estão mesmo ali, mas não como nos arredores. Búzios, de alguma forma, fez-me lembrar a vila das Sete Cidades, muito quieto e bucólico, só que não tem lagoas, mas tem cerca de 30 praias paradísiacas,

Rui Rebelo Gamboa disse...

Apesar de tudo, eu também prometi a mim mesmo que voltaria ao Brasil e, mais propriamente, ao Rio de Janeiro. Porque, como disse, para paraíso já tenho o nosso. Para mim, férias é em cidades grandes e agitadas, por muito estranho que possa parecer. O Rio combina esse ambiente, com a praia, é excelente.

E maior bónus não poderia ter tido, fui em altura de Copa do Mundo. Nós vibramos com futebol cá, mas eles vivem-o de outra forma, é uma questão nacional de difícil explicação. O que se passou em Portugal na altura do Euro 2004, com as bandeiras, não é nada, comparado com o Brasil (e não nos esqueçámos, que quem trouxe essa "mania" para Portugal foi o Scolari)