Continuam os confrontos no Rio de Janeiro. Ainda hoje, enquanto fazia um zapping na TV, dei por mim a ouvir o noticiário da TV Record, que dava conta dos confrontos em várias favelas da cidade maravilhosa, que continuam a causar vários feridos e, mesmo, muitos mortos. O que mais lameno são as fatalidades entre os civis inocentes e os policiais que têm de entrar nos morros.
É, sem dúvida, um cenário de caos urbano de difícil resolução.
Estes, últimos, confrontos já duram á vários meses.
Fonte, Estadão.com.br 17 de abril de 2007 - 12:58
Confrontos entre traficantes deixam 14 mortos no Rio
Traficantes dos morros da Mangueira e do Alemão, ligados ao Comando Vermelho, invadiram a Mineira, favela dominada pela facção rival Amigo dos Amigos
Pedro Dantas e Bruno Lousada
Fábio Motta/AE
Confronto entre traficantes rivais deixou pelo menos oito mortos
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¤ Imagens da ação da polícia
RIO - A guerra entre traficantes de facções rivais no Morro da Mineira, na zona norte do Rio de Janeiro, deixou pelo menos oito pessoas mortas até o começo da tarde desta terça-feira, 17. Em outro confronto, no começo da madrugada, seis pessoas morreram na zona oeste da cidade, totalizando 14 mortos por violência até o começo da tarde desta terça.
Sete das vítimas entre o confronto entre traficantes rivais foram encaminhadas ao Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, dentro de um veículo blindado da Polícia Militar conhecido como Caveirão.
O tiroteio começou depois que traficantes do Morro da Mangueira e do Morro do Alemão, ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV), invadiram a Mineira, dominada pela rival Amigo dos Amigos (ADA), por volta das 4 horas desta terça-feira, 17.
O tiroteio, que durou toda a madrugada, deixou um passageiro de ônibus ferido com um tiro de fuzil e provocou o fechamento de ruas próximas ao local, incluindo o túnel Santa Bárbara, um dos principais acessos entre o centro e a zona sul. Policiais militares continuavam dentro da favela, por volta de 12h30, à procura de outros suspeitos. Foram apreendidas armadas.
"Não foi uma operação planejada, foi uma ação que tivemos que intervir porque facções criminosas rivais entraram em conflito, e tivemos que intervir para manter a ordem", disse por telefone uma tenente da PM que pediu para não ser identificada.
A polícia chegou somente duas horas depois e sete homens foram presos dentro de um caminhão no Cemitério do Catumbi, localizado em um dos acessos ao morro, onde policiais ainda procuravam cerca de 30 homens do Comando Vermelho.
Com os sete detidos foram apreendidos um fuzil, quatro pistolas, morteiros e munição. Velórios e enterros no cemitério foram suspensos e o trânsito na região também foi interrompido.
"Sei que são brigas de facções e, como o Morro da Mineira é muito central, imediatamente o batalhão foi acionado, subiu, fez as contenções e agora tenho que ver o que aconteceu", disse no fim da manhã o secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, que participava de visita a um evento voltado ao segmento de defesa.
"Eu sei que tem pessoas presas, pessoas mortas", disse o secretário, que não tinha mais detalhes. "Mexe com a vida da cidade, porque a configuração geográfica facilita esses núcleos de violência se instalarem. Se fosse uma cidade como Brasília, isso não aconteceria", acrescentou.
Na segunda-feira, os ministros da Defesa, Waldir Pires, e da Justiça, Tarso Genro, e comandantes das três Forças Armadas estiveram reunidos com o governador do Rio, Sérgio Cabral, para debater o uso das Forças Armadas no combate à criminalidade no Estado.
O governo federal terá um prazo de 15 dias para responder às solicitações do Estado. Enquanto isso, o Rio receberá o reforço de mais 400 homens da Força Nacional de Segurança entre uma semana e dez dias. Atualmente, cerca de 500 homens da Força estão em ação no Estado.
Zona oeste
Seis traficantes da Favela do Rebu morreram, no fim da noite de segunda, durante troca de tiros com policiais militares do Batalhão de Bangu (14.º BPM), na zona oeste do Rio de Janeiro.
Por volta das 23 horas, eles saíam da comunidade em vários carros para praticar assaltos na região e se depararam com soldados do Grupamento de Ações Táticas (GAT) na Avenida Santa Cruz, que fica próxima ao morro. Os seis homens baleados foram encaminhados ao Hospital Estadual Albert Schweitzer, no bairro do Realengo, mas morreram.
Houve intenso tiroteio e, com os homens, os PMs apreenderam quatro pistolas, dois revólveres, três mil papelotes de cocaína e um Honda Fit usado pelo grupo. Os suspeitos teriam recebido os policiais a tiros, o que pode ter dado início ao confronto.
Com Reuters
7 comentários:
É uma violencia muito grande, aquelas fotos dizem tudo.
Sem dúvida, Rui.
O que mais me sobresalta, é que caminhamos, no Brasil, para uma cultura de crime, aparentemente sem solução, que se vai assemelhando assustadoramente, ao retrato ficcionado de Marcola (conhecido e perigoso criminoso carioca), feito numa pseudo entrevista ao dito traficante, pelo grande jornalista brasileiro Arnaldo Jabor.
Uma busca pela net leva-te á dita "entrevista".
já a vi. Aliás, há já uma espécie de cultura de colocar criminosos no topo, por exemplo esse Marcola, líder do PCC, que está preso, mas mesmo assim controla o tráfico de droga de dentro da prisão, via telemovel, já veio na capa de uma revista muito importante do Brasil (tipo Visão)
Mas, Rui, sabes que a entrevista a que me refiro é, como eu digo, ficcionada. O Arnaldo Jabor fantasiou sobre uma entrevista com Marcola (que de facto existe), dando dele uma imagem de pessoa que lê "Dante", e que tem uma cultura geral acima da média,e,pior, que tem uma visão da sociedade e dos seus "comparças" assustadora....mas pláusivel de ser real.....o que é medonho.
É só para qiue não reste qualquer dúvida, pois quando esta entrevoista foi publicada, foi dada como real, e alarmou, e de que maneira, muito boa gente...e com razão. Eu fiquei pasmo, pois também fui iludido durante alguns dias (qd a polémica estava fresca e havia a dúvida de ser real ou ficção).
Esse Marcola, segundo dizem, acabou o correspondente ao nosso 9º ano e depois a sua formação foi auto-didácta, dizem que já leu na prisão, mais de 3000 livros.
Basta fazer uma breve pesquisa na net e vê-se a exposição mediática que esse tipo tem. Éle controla o PCC (1º comando da capital) que domina o tráfico de drogas em São Paulo.
Ao ir ao youtube, vê-se como o BOPE faz as incursões (naqueles casos) nas favelas do Rio e como se trata de uma autêntica guerra civil, onde os traficantes têm um negócio - segundo dizem - de biliões de dólares, que lhes permite ter armamento do mais sofisticado que há. Do outro lado, a polícia, também parece estar bem preparada, mas deve ser muito difícil para eles manter a motivação, quando veêm que ganham pouco, têm um enorme risco de perderem a vida e do outro lado os traficantes ganham muito mais. Daí, haver tanta corrupção dentro das polícias brasileiras.
Tenção, Rui, essa de ele já ter lido mais de 3000 livros na prisão, é ficção, também faz parte da entrevista (ficcionada) de Jabor.
Era muito mau se um perigosos criminosso como Marcola, tivesse aquéla instrução e dissesse aquilo que Arnaldo Jabor o põe a dizer.
Mas é como dizes, a corrupção na policia é, devido aos baixos salários, uma realidade dura de combater. Subir os morros onde se situam as favelas é uma situação de vida ou maorte, de garnde ansiedade, pois niunca se sabe quem, do outro lado, vai disparar a matar.
Não é só da entrevista do Jabor, como podes ver neste artigo da revista Época, que deixo um trecho
"Aos 35 anos, o chefão passou a metade da vida na cadeia. Gaba-se de ter devorado 3 mil volumes, uma proeza e tanto na vida de qualquer pessoa - ainda mais para um cidadão que terminou o ensino fundamental atrás das grades. Bem-educado, utiliza o que aprendeu nas leituras para convencer os colegas. Promotores o respeitam, policiais o temem. Criminosos o bajulam. As moças o veneram. Seu apelido no sistema carcerário é Playboy."
o restante está aqui:
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT516951-1659,00.html
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