05 junho 2007

Mário Lino, Tem de Sair

O tema do novo Aeroporto Internacional de Lisboa, há muito que merece a minha atenção.

Antes, a atenção advinha das naturais preocupações, que se prendiam-se com o enorme gasto de dinheiros públicos (assim como o TGV), e com a real necessidade de uma obra daquela dimensão, no local escolhido, OTA.

Cada vez mais, sou apologista da solução de se manter a Portela – para voos regulares e domésticos -, mais um novo aeroporto de menor dimensão – para voos low coast e charters, por exemplo.

Esse novo aeroporto, de inquestionável necessidade (pois a Portela está á beira do esgotamento), deveria ser edificado de preferência na margem Sul, quer por razões de segurança ligadas á orografia do terreno, quer para povoar o “deserto”, bem como para evitar uma massificação do eixo Lisboa/ Santarém, centralizando, na mais pura acessão da palavra, ainda mais o país.

Mas aceito, óbviamente, outras opiniões. Aliás, só tenho a agradecer pela divergência de opiniões à volta da “OTA”, essencialmente pelo debate que se tem gerado ao longo das últimas semanas, reacendendo um tema de inegável interesse nacional.

Mas, o meu receio é que Mário Lino seja mais “primeiro-ministro” do que o próprio Sócrates, quer a avaliar pelas piadas que o primeiro tece em relação ao segundo, quer pela firmeza – para não chamar arrogância e prepotência (posso cair em delito de opinião) –, com que o Ministro das Obras Públicas afirma, que a “OTA é um dado adquirido”, e que a “decisão está tomada” não havendo lugar a mais discussões ou estudos, sobre a localização do novo aeroporto internacional de Lisboa.

Cavaco, sentindo Sócrates enfraquecido com a “questão” (da ausência) do grau de engenheiro, e com a não inscrição na Ordem da classe por parte deste, logo veio a público apelar ao debate, em clara oposição ao autismo de Mário Lino.

É por demais evidente, que Mário Lino está a prestar um péssimo serviço ao país, com esta sua incapacidade para perceber que há mais mundo para além do seu umbigo, e que outros há, que também se encontram inscritos nas suas Ordens.
No mínimo, o Governo tem a obrigação de promover o debate e, depois, decidir, com base em velhos e novos estudos, e comparando as várias possíveis localizações e soluções.

Por isso digo, Mário Lino tem de sair, tem de abandonar rápidamente o Governo, em nome da democracia..........que vá fazer “stand up comedy”

4 comentários:

Rui Rebelo Gamboa disse...

Olha, em relação à tua última frase, eu só digo que bastava o Mário Lino estar num palco e já dava para rir.

Agora a sério, eu não estou minimamente habilitado para me pronunciar sobre o assunto, porque é demasiado técnico e, como dizes bem, envolve tanto dinheiro e, digo eu, tantos factores, que deixo essas opiniões para os técnicos credenciados. Mas vi com atenção o debate da RTP 1 e achei que aquele comandante tocou num ponto essencial, que também falas aqui: a orografia, parece descabido fazer um aeroporto num local com uma montanha de um lado que inviabiliza o uso por um dos lados. Por outro lado, a questão do "deserto" é por de mais importante, é uma política muito pouco tipíca de socialistas, digo eu. A tua explicação aqui é suficiente.

Congratulo-me, no entanto, por saber que a decisão terá de passar pelo Presidente, o que equivale a dizer que as coisas não serão, de certeza, à maneira do Lino. Bastou ver a forma como reagiu hoje, às pergutas dos jornalistas sobre isso, para ver que não está contente, para ele era mesmo um dado adquirido, mas afinal não vai ser assim, há mais alguém que terá que dar o seu aval.

O Mário Lino não sai, mas se o PR dá uma nega à Ota, então terá mesmo que andar, nós esperamos por ele nos palcos ;)

Claudio Almeida disse...

Caros amigos
Não tenho tido tempo para andar na blogosfera, mas agora já estou de férias, deste modo vou tentar ter uma maior participação.
Este tema é um pouco complexo, sei muito pouco ou quase nada.
Apenas sei que a OTA fica um pouco distante de Lisboa. Que a zona da OTA é rodeada por terrenos de grandes senhores (constitui lobby), por exemplo o Mário Soares é um deles. Se o novo aeroporto for lá construído, vai valorizar muito os terrenos.

Não acompanhei o debate na RTP1, mas pelo que sei, o Sócrates já decidiu onde construir, ou seja na OTA. Isto mostra o centralismo e o desrespeito por tudo o resto, porque numa altura em que este tema está na ordem do dia e em debate, o Primeiro-ministro, para não gerar mais o debate decide sem respeito por mais ninguém.

Vejamos como vai ser a posição do candidato a Lisboa pelo Partido Socialista, vai "fugir com o rabo a seringa", como é lógico.

Anónimo disse...

Meus caros, Rui e Claúdio,

eu também não me considero especialmente avalizado para tomar uma decisão final a respeito desta matéria.

No entanto, depois de muito ler sobre o assunto e depois de escutar várias opiniões, fundamentadas, sobre as várias hipóteses e soluções de localizaçõa, formei uma opinião sobre o assunto.

Por isso defendo a opção que apresento (Manter a Portela e contruir um outro mais pequeno do que o da "OTA"), com as razões que me levaram a escolhê-la.

O "prós e contras" da RTP, foi bastante esclarecedor, pois os convidados, de várias áreas de conhecimento e com diferentes opiniões sobre a localização do novo aeroporto internacional de Lisboa, apresentaram os seus argumentos com a devida defesa de cada tese.

Mas claro, a minha opinião é esta, agora. Mas reconheço que ainda faltam estudos comparativos, essenciais para se poder avaliar os prós e os contras de cada possível localização, e saber se a solução que eu defendo, não será a suficiente e que vai mais de encontro ao interesse nacional.

Uma das coisas que me faz defender a continuação da Portela é, - para além da óbvia vantagem de ser uma aeroporto quase dentro de uma capital -, a questão da Segurança. Sim, pois uma das coisas que fiquei a saber, é que se o aeroporto for construído na "OTA", continuamos a ter aviões a sobrevoar Lisboa, em rota descendenta para aterrar na "OTA". Ou seja, a grande vantagem da Segurança que se advoga para retirar, de vez, a Portela da cidade, não é válida, pois só o ruído diminuíra, e não a questão da Segurança, pois os aviões continuarão a passar por cima da cidade. (como é óbvio o risco diminuí, mas continua a haver risco).

Mas o cerne da questão é que Mário Lino está a prestar um péssimo serviço público, pois não deixa que se façam mais estudos, não quer saber nem conhecer outras opções, porque está, qual mula, com os olhos postos na "OTA".

Enfim, para o bem do interesse público nacional, Mário Lino tem de ser posto a andar deste Governo.

Como diz o Rui, há um dado novo, pois a privatização da ANA, indispensável para o projecto "OTA" avançar, está nas mãos do PR, que já "apelou" (entre aspas foi o "apelo" é reforçado) a uma discusão mais alargada e ponderada, sobbre uma decisão de tamanha importância para Portugal.

Quanto a António Costa, caro Claúdio, se for para a Câmara, será certamente para defender a "OTA"......e dirá que defende o melhor para Lisboa, e não por ser a opção do Governo, tá visto!!

Pedro Lopes

Anónimo disse...

Afinal Mário Lino foi obrigado a puxar o freio e a parar para pensar por seis meses, embora.....