05 julho 2007

Novo EP, Indispensável.

Foi com agrado que li na imprensa, que o Governo da Republica, mais propriamente o Ministério da Justiça, está sensível á indispensável necessidade de um novo Estabelecimento Prisional para a Ilha de S. Miguel, depois de já ter assumido o compromisso de erigir um novo EP na Ilha Terceira.

Este último, há anos que é apontado como um dos EP portugueses com maior sobre lotação, chegando a taxas de ocupação de quase 300% da sua lotação. No entanto, já foi aberto concurso para execução da empreitada.

Já no caso de S. Miguel, ainda estamos na fase do reconhecimento da necessidade de uma nova casa para os nossos reclusos, havendo já há abertura e, creio, que até já se estuda uma futura localização, fora de Ponta Delgada.

Penso ser indispensável um novo EP para S. Miguel, por várias razões, mas em especial pela falta de espaço para acolher o cada vez maior número de presos, em preventiva ou no cumprimento de pena, e pelo facto da actual “Cadeia da Boa Nova” se situar em zona central e num edifício que merecia outro destino, mais digno, mais condizente com a sua velhice e vista privilegiada.

Consta que fugir da “Boa Nova” é uma missão (altamente) possível, que só não o fazem por falta de alternativa de fuga (uma Ilha é, por si só, uma espécie de prisão). As camaratas, digo celas, albergam cerca de 15 reclusos cada, não havendo condições físicas para que se faça uma efectiva separação de reclusos, quer por tipo de crime praticado, quer pelo tipo de reabilitação que cada um pretende para si, quando se vê confrontado com a privação da liberdade por um período longo. Quero com isto dizer que, tal como acontece “cá fora” com indivíduos livres, também os presidiários encaram o seu quotidiano de maneira distinta, havendo uns que encaram o seu tempo de reclusão como uma simples contagem de dias, enquanto outros aproveitam aquela ocasião para se redimirem do crime praticado, mas valorizando-se e procurando ferramentas (escola e formação profissional, tirar a carta de condução, desintoxicação de drogas, entre outras) para uma mais fácil inserção na sociedade, depois de cumprida a pena.

Por vezes quando passo na zona da Calheta, freguesia de São Pedro, onde se situa o Estabelecimento Prisional Regional de Ponta Delgada, fico com a impressão de que alguns reclusos circulam livremente na Rua da Boa Nova e arredores. Mas, em lugar de serem actuais reclusos, quer-me parecer que são futuros candidatos, que estão já nas imediações da cadeia, para se irem acostumando á zona.!

Venha, que já vem tarde, um novo EP para S. Miguel.

7 comentários:

Rui Rebelo Gamboa disse...

Gostei particularmente do último parágrafo. Acrescentaria que, além dos muitos dos que andam na Calheta que são candidatos a reclusos, muitos outros combinam a situação de ex-recluso e candidato.

Há algum tempo, em privado, dizia-te que um certo analista referia-se às medidas de Sócrates (que tantos aplaudiram, no começo), como nada mais do que evidentes e que já deviam era ter sido feitas há mais tempo. Esta é uma situação que se enquadra nesse contexto, claramente.

Agora, temo que a motivação seja mais dar outra utilização áquele espaço, do que a melhoria do parque prisional, em si. Ou seja, aquela zona vai sofrer uma grande transformação, com o casino e afins e não se enquadra ali um "hotel", mas sim um hotel. Diria que com uma cajadada se matarão dois coelhos.

Certamente que esses candidatos irão "pregar para outra freguesia", inclusivamente porque a fábrica do Loreto também será renovada. Mas o seu problema, esse, manter-se-á. Noutro lugar, mais refundido talvez.

Não sei se os reclusos de cá que vão para cadeias do continente, vão porque o seu crime e mais grave, ou porque a cadeia de cá está cheia. Se for pela segunda razão, então é outra forma de os "educar" mais na criminalidade.

Nestum disse...

Grande Pedro! como não está ao nosso alcance tomarmos essas decisões, apesar da sua importância para a sociedade da qual fazemos parte, resta-me apenas dar a minha opinião.
Eu junto-me ao grupo que defende que deviamos fazer umas casinhas para os Corvinos aqui em S. Miguel e fazer o novo EP no Corvo :).

De vez em qdo, passava lá o barquito e deixava a devida alimentação.
Resolviamos dois problemas. O da má vizinhança e sempre era menos um voo que a SATA fazia, podia ser que baixassem o preço das passagens aéreas. :)

Rui Rebelo Gamboa disse...

Ganda solução, Sérgio!

Uma espécie de Alcatraz nos Açores.

É que é já a seguir!

Nestum disse...

Por falar em preços... parece que uma low-Cost vai fazer LX-Funchal/Funchal-Lx por 60€

:)

Sim, agora tb podemos dizer: Ah e tal, a Madeira são só duas ilhas... Mas porra, 60 pra 220, vai cá uma diferença...

Nestum disse...

Ops, esqueci-me que "porra" é palavrão.
Queria eu dizer: "Ora Bolas!!"

Anónimo disse...

Prezado Sérgio, essa de fazer um EP no Corvo pode ser A Solução para baixar a criminalidade.
A saber, os que pensassem cometer um crime, logo se lembrariam que teriam de ir para o degredo no Corvo, onde o tempo é mais agreste, onde nem sempre há barco e avião, logo menos visitas, e onde "não há" Droga. ;)
Até se dispensavam os guardas prisionais.......

Os Corvinos, conhecem bem as amarguras de teimarem em viver onde os seus pais e avós viveram.

Quanto ao palavrão, meu caro, é parte do nosso vernáculo, logo é permitido aqui. :)

Anónimo disse...

Quanto á SATA, pouco há a dizer, mas muito há a lamentar.