Um destes dias, em conversa com um amigo, dizia-me ele; “quando ouço dizer que a epidemia do séc. XXI é a obesidade, fico logo desconfiado. A epidemia do séc. XXI vai ser a velhice. Vê lá que até o nosso Ministro das Finanças já se apercebeu disso.!!”
A conversa andou à volta do tema – velhice –, e demos por nós a concluir, que, de facto (e já em tom sério), os idosos necessitam de uma especial protecção nos dias que correm.
Uma CPJVI- Comissão de Protecção de Crianças e Jovens Idosos, é algo que começa a ter de ser equacionado. As crianças e jovens, bem como as pessoas com necessidades especiais – vulgo, deficientes –, para além das mulheres vítimas de violência doméstica, entre outros públicos mais vulneráveis, já começam a ter uma razoável atenção e protecção por parte do Estado. E, ainda bem. Mas a velhice, essa, começa a ser encarada como uma etapa pré morte, pelo que o idoso, mais do que ser respeitado e tratado com a dignidade que merece, começa a ser um peso, um estorvo…..um encargo.
A sua sabedoria acumulada, e anos de trabalho e esforço, são agora branqueados, pois numa sociedade que só valoriza a produtividade e rentabilidade, já não há lugar a quem só acumula despesa e dá trabalho.
Nas famílias actuais, a casa onde residem fica deserta durante o dia, ou, na melhor das hipóteses, entregue a uma empregada doméstica. Resta pouco tempo para as crianças (que também são um encargo), quanto mais para cuidar de um idoso acamado, e a quem também, por vezes, se tem de mudar uma fralda ou lavar..!
Também os lares onde se “despejam” os idosos devem ser alvo de vistorias (que são levadas a cabo pela Segurança Social) e de uma aferição das condições em que vivem ali os nossos velhos.
Mas, será suficiente?
Com cada vez mais idosos e a viverem cada vez mais tempo (quer pelo aumento da esperança média de vida, quer pelos avanços da medicina), talvez tenhamos de equacionar uma nova fórmula de “vigiar” como são tratados aqueles que já deram o seu contributo para a sociedade em que (todos) vivemos……aqueles que nos deram aquilo que temos.
7 comentários:
As they say, there where no christians before Christ, and only one after
"……aqueles que nos deram aquilo que temos"
O que quer dizer, então, que fizeram um péssimo trabalho.
O que quer dizer,então,que não estão isentos de culpa.
O que quer dizer, então, que os nossos idosos devem perceber, desde já, que existe um principio do causador.
Porque uma forma de agir e de pensar demora gerações a instalar-se.
Porque, em boa verdade, muitos dos nossos idosos foram pessoas com uma absoluta ausencia de caracter e merecem pagar em vida.
E se Deus perdoa sempre, a isto chama-se justiça.
Porque a indiferença castiga os indiferentes.
Porque viver não é simplesmente existir "ter o nome no jornal, ser um caso nacional e ficar bem conhecido"
Às vezes o tempo pára. Chama-se emoção.
Caro anónimo,
essa frase que destaca, com a qual termino este post, é, obviamente em sentido figurado. Quer transmitir a ideia de que recebemos um legado, uma história, construções e conquistas de vária ordem.
Bem sei que a maldade não é praticada só por pessoas mais jovens. Também reconheço que muitos velhos não merecem grande consideração em virtude do mal que praticaram durante anos.
Mas também sei que há muitos outros que só conheceram sofrimento e tristeza durante décadas, e que, quando mais velhos e desgastados por uma vida de sacrificios, são postos à margem e esquecidos, pois, agora, são um fardo, em lugar de ajudar a carregar o fardo.
Por isso, aliás, por esses, vale a pena olhar para esta "epidemia" de uma forma séria e com a noção de que "amanhã" poderemos ser nós os esquecidos.....
...quanto à "justiça Divina", essa não tem aqui lugar, pois estamos a falar de "moribundos", mas que ainda respiram.
E vale a pena realçar que a grande maioria dos idosos açorianos de hoje, viveram na mais profunda pobreza as suas vidas. Os Açores foram uma região abandonada durante décadas. Portanto, não partilho em nada essa visão anónima que é dada. Merecem, certamente, toda a nossa atenção e esforço para terem, no minimo, condições de vida normais. É um assunto que actualmente toca-me mais de perto, pois convivo diariamente com pessoas idososas que estão num Lar e devo dizer que estas são bem tratadas e têm excelentes condições. Não sei as vidas que tiveram, se foram bons ou maus. O que sei é que hoje são idosos e precisam de auxílio e eu disponibilizo-me para os dar.
Devemos tratar uma pessoa como queremos ser tratados. É melhor começarmos a pensar como é que queremos ser tratados daqui a 30/40 anos!! E como diz o velho ditado:" Filho és, pai serás".
estranho uma sigla sem uma vogal.
estranho que o esquecimento seja entendido como qualquer coisa que depende da vontade humana.
Parece-me que esta é uma batalha ainda longe de começar.Precocemente clássica.
Sinceramente, tristeza durante décadas para só reclamar no fim. Estranho quando há gente para quem um ano em condições que não sejam de seu agrado ou vontade, parece perto de uma eternidade.
Claro que o que não é de comun senso é vital.
Não sendo uma daquelas situações " o senhor dança" é daquelas "o Senhor vai à guerra"
Deviamos começar a ajudar os idosos, lá por alturas da certidão de nascimento.
E depois, nenhum organismo, menos ainda um blog, que pode bem pulsar e aspirar, sobrevive apenas de concensos.São as chamadas doenças sociais auto-imunes. Carregadas de lugares comuns.
Peço desculpa por deixar aqui este texto. Se quiserem, podem a belo prazer retirar e dar-lhe futuramente a visibilidade que merece. Mas à beirinha de ir de férias, pagando os meus 240€ de viagem como residente, não resisti a deixar este texto fresquinho no blog do Fugas, do jornal Público online.
Ora cá vai:
"Air Berlin quer voar para os Açores
Na próxima quinta-feira, dia 20, o Governo açoriano reúne-se com responsáveis da Air Berlin para debater o interesse desta companhia aérea de baixo custo em voar para os Açores. A reunião, confirmada esta semana por Duarte Ponte, secretário açoriano da Economia, segue-se, recorda a Lusa, a informações divulgadas pelo responsável, em Setembro, de que já havia contactos com algumas low cost interessadas no arquipélago, entre elas a Air Berlin, Ryanair e easyJet.
A Air Berlin, que acabou de ganhar um Óscar das viagens, i.e., um World Travel Award para melhor classe económica do mundo, liga Lisboa, via a sua plataforma em Palma de Maiorca, a dezenas de destinos."
(rezem meus amigos, rezem)
Original aqui: http://blogs.publico.pt/fugas/
Cumprimentos e até breve.
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