As reacções dos principais partidos e intervenientes da política portuguesa depois do ‘não’ irlandês, dividem-se entre: “o Tratado está morto” e “o Tratado não está morto”. A mim pouco me interessa se este Tratado está ou não morto, o que interessa é que grande parte das medidas nele incluídas passem à realidade.
Agora, há duas questões que estão cada vez mais evidentes: 1) as populações estão contra o Tratado. Não interessa se estão contra o que está dentro do Tratado, ou contra a forma como todo o processo foi conduzido, a verdade é que há um grande descontentamento, que é transversal a toda a Europa e não há a mínima hipótese de avançar com as reformas necessárias ao melhor funcionamento da EU, se for feito contra a vontade das populações. E isto leva-nos à segunda questão: os actuais líderes europeus são muito fracos, pois não tiveram a capacidade de antever este resultado, depois do referendo em França. Deveriam ter compreendido o ‘não’ francês como um sinal claro que o necessário processo de transformação da EU deveria ser feito com maior cautela e com passos mais pequenos, porém, seguros. O Tratado de Lisboa é enorme, de difícil compreensão e não era preciso um grande génio para antever que as populações não iriam aprovar algo que não compreendem. A ambição pessoal de alguns dos líderes é a principal causa desta situação, quiseram ficar na História como aqueles que conduziram a Europa a um papel de grande influência internacional (coisa que ainda não tem). Saiu-lhes o tiro pela culatra...ainda bem.
Actualmente, deverá haver Robert Shumans por essa Europa fora, prontos para encontrarem soluções viáveis para a Europa, ao lado do interesse das populações, mas esses dificilmente sobrevivem no panorama político-partidário que conduz ingenheiros a Primeiro-Ministro.
Agora, há duas questões que estão cada vez mais evidentes: 1) as populações estão contra o Tratado. Não interessa se estão contra o que está dentro do Tratado, ou contra a forma como todo o processo foi conduzido, a verdade é que há um grande descontentamento, que é transversal a toda a Europa e não há a mínima hipótese de avançar com as reformas necessárias ao melhor funcionamento da EU, se for feito contra a vontade das populações. E isto leva-nos à segunda questão: os actuais líderes europeus são muito fracos, pois não tiveram a capacidade de antever este resultado, depois do referendo em França. Deveriam ter compreendido o ‘não’ francês como um sinal claro que o necessário processo de transformação da EU deveria ser feito com maior cautela e com passos mais pequenos, porém, seguros. O Tratado de Lisboa é enorme, de difícil compreensão e não era preciso um grande génio para antever que as populações não iriam aprovar algo que não compreendem. A ambição pessoal de alguns dos líderes é a principal causa desta situação, quiseram ficar na História como aqueles que conduziram a Europa a um papel de grande influência internacional (coisa que ainda não tem). Saiu-lhes o tiro pela culatra...ainda bem.
Actualmente, deverá haver Robert Shumans por essa Europa fora, prontos para encontrarem soluções viáveis para a Europa, ao lado do interesse das populações, mas esses dificilmente sobrevivem no panorama político-partidário que conduz ingenheiros a Primeiro-Ministro.
8 comentários:
Acho que os europeus não estão contra o Tratado de Lisboa, pois nem o conhecem... Estão contra a ineficácia de uma Europa em perfil de autocumbustão, que se consome a si própria e não resolve os principais problemas que lhes tiram o sono. também eu teria votado não ao Tratado caso houvesse um referendo.
exactly, nunca aprovarão algo que não conhecem.
votavas 'não' porquê?
"Não há a mínima hipótese de avançar com as reformas necessárias ao melhor funcionamento da UE, se for feito contra a vontade das populações."
Ora aí está algo em que concordamos. Mas deixe-me ser ligeiramente provocador: Sendo assim, porque é que defendeu a inexistência de referendos para o Tratado de Lisboa? Porque os referendos não são os meios adequados para aferir a vontade das populações? Ou porque o Tratado é demasiado complexo para ser sujeito a referendo?
Se as reformas que a UE necessita são demasiado complexas, que caminho seguir então para envolver as populações? Envolvê-las mas nunca sujeitar as matérias a referendo, é isso? Não haverá alguma contradição nesta última hipótese?
Já agora, aproveito para perguntar onde anda o Pedro Lopes. Terá tirado uma sabática da blogosfera?
O Tratado não deve ir a referendo. As populações ao elegerem um Governo devem saber as suas intenções. No caso em apreço, quem elegeu os divesos Governos da Europa, deve, em princípio, ser a favor do Tratado e da sua ratificação em Parlamento. Portanto, quem está em contradição não sou eu.
É evidente, que o caso português é a excepção, mas outra coisa não seria de esperar do ilusionista Sócrates.
"Envolvê-las mas nunca sujeitar as matérias a referendo, é isso?" A resposta aqui é, de forma geral, 'sim'. Ou seja, envolver as populações sim, mas não "sujeitar as matérias a referendo", então onde acabava? Teríamos de ir a referendo todas as semanas, é isso?
A questão essencial é a seguinte, e estou a fugir, ao texto do post, que percentagem de eleitores conhece os programas dos partidos que se apresentam às eleições? Menos de 20%, digo eu. Um Tratado como este, quantos eleitores conhecem o seu conteúdo, para poderem dar uma resposta? Menos de 5%, digo eu. Então, é válido fazer referendos nessas condições, só para se dizer que se aproximou as populações?? É, sequer, correcto?
Como disse, já estou a fugir ao contéudo do post, que tinha como objectivo começar a olhar para o futuro. O passado é este que sabemos. As razões por toda esta situação é dos líderes europeus, que não souberam antever que seria muito fácil aos detractores e eurocépticos influenciar negativamente as populações como foi, de facto. Até conseguiram que fosse moda dizer mal do Tratado, sem saber patavina dele. Quantos e quantos fóruns de opinião não estão cheios de frases como "sou contra o Tratado", "viva os irlandeses", "sim ao referendo", sem sequer uma única palavra sobre o conteúdo?? Isso, para mim, diz quase tudo.
Parece-me que o JRV está fazer uma pequena confusão: quem defende a ratificação parlamentar não está contra as populações.
Voltarei a dizer as mesmas coisas, mas de uma forma mais telegráfica.
- é o Tratado bom ou não para a UE? Eu acho que sim, logo;
- acho que deve ser ratificado;
- não acho que os fins justificam os meios, por isso não acho que deve ser ratificado à força, deve ser por via parlamentar, com o apoio da população;
- por razões exta ao Tratado, esse apoio não existe;
- assim, deve-se encontrar soluções para captar esse apoio, ao mesmo tempo que se implementam as principais medidas que estavam no Tratado;
- Como fazê-lo? Eu não sei. Dei algumas indicações de como não fazer neste post, com líderes maus que colocam os seus interesses à frente dos da União (um erro mesmo para as suas aspirações pessoais, mas enfim). Talvez, dando "passos mais pequenos, porém, seguros".
Espero que desta vez tenha ficado claro. De algum modo, isto faz-me lembrar quando o Sarkozy se colocou ao lado dos tibetanos, e o JRV achou estranho um tipo de direita interessar-se por direitos humanos, como se a esquerda fosse "dona" dos direitos humanos. Não é, e quem é a favor da ratificação parlamentar também não é contra as populações.
Rui, sem prejuízo de vir a perder a razão de seguida dado o facto de estares melhor inteirado que eu, julgo que estás a ver a questão ao contrário. A opção por não referendar o Tratado ou outras questões institucionais europeias não pode nunca ter como fundamento o desconhecimento por parte da população do seu conteúdo e das suas consequências. O único culpado por esta ignorância generalizada são as própias instituições europeias e não o desinteresse dos europeus. A Europa institucional não tem, neste momento, um reflexo positivo na vida das suas populações pelo que não é possível esperar (de braços cruzados diria eu) que de um momento para o outro nos interessássemos pela política europeia e nela participássemos.
Eu votaria não por esta questão, mas também por achar que a actual estrutura e organização dos órgãos institucionais europeus é ineficaz e as alterações que se se pretendem implementar não inverterão essa tendência. A Europa está longe, muito longe dos seus cidadãos e pior que isso, é ineficaz no que diz respeito às políticas sociais mais importantes que a nossa era impõe.
Meu caro,
Como é evidente, não acho que quem defende a ratificação parlamentar está contra as populações. Assim como não acho que quem defende a via referendária é automáticamente um eurocéptico ou um anti-europeu. Contrariamente ao que possa parecer, percebo bem a sua posição e claro que a acho legitima.
Apenas considero que o ponto fraco da mesma é o receio patente de que as populações possam pronunciar-se sobre questões consideradas "demasiado complexas". Um certo receio de saber preto no branco o que pensam os eleitores sobre determinadas questões. Um receio que os cidadãos se pronunciem de facto, eventualmente influenciados por mal-feitores que alegadamente deturpam a verdadeira vontade popular.
No que a este processo do Tratado diz respeito (e acredito que não seja este o seu caso), transparecereu uma vontade evidente para que se avançasse mesmo que à revelia dos cidadãos. Essa vontade foi defendida maioritariamente com argumentos como os seus sobre a ratificação parlamentar. É contra essa vontade que me posiciono.
Quanto à questão paralela que coloca sobre o Sarkozy, pensei que na altura o tinha esclarecido. Vejo agora que não... ;)
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