27 setembro 2008

McCain - Obama (1st round)

Primeiras impressões do debate entre McCain e Obama: em termos do à vontade e com a relação com a câmara, Obama leva, sem dúvida a melhor. Isto não é novidade, desde os debates com Hillary que sabíamos que Obama é um perito nessa área e, pelo contrário, McCain não se sente tão à vontade.

Quanto aos temas discutidos, propriamente ditos: pareceu-me que McCain foi melhor. Diferênças fundamentais dividem os dois na questão económica e na forma de lidar com a crise. Divisões clássicas entre Direita e Esquerda, como mais ou menos regulação ou maior ou menor carga fiscal às empresas, estiveram bem presentes.

Mas é em relação à política internacional que McCain ficou, quanto a mim, claramente a ganhar. Se é verdade que tenho ainda algumas dúvidas em relação à sua ideia sobre a criação de um Liga de Democracias, apenas porque não sei até que ponto países europeus estariam dispostos a fazer parte de tal projecto, é também certo que McCain tem, de facto, uma larga experiência que lhe permite falar destes assuntos com uma autoridade que Obama não tem. Todavia, tenho a perfeita noção que a forma, por vezes, condescendente, como McCain se dirigiu a Obama neste assunto, possa lhe ser contra-producente. As posições de fundo de McCain são, na minha opinião, as melhores para os EUA lidarem com os problemas em termos de política internacional. O idealismo de Obama simplesmente não é viável, McCain usou uma frase que, neste aspecto é sintomática, "devemos aprender com a História" e a História diz-nos exactamente que há que ser realista, principalmente quando se está a lidar com problemas como luta contra terrorismo, Irão ou Coreia do Norte.

O facto de Obama querer colar McCain à linha da administração Bush não tem fundamento. É claro que McCain é um conservador e está, na teoria, ao lado das medidas de Bush. No entanto, parece-me haver uma diferênça fulcral entre a linha Bush e aquilo que pode ser a linha McCain; é que o primeiro esteve sempre pré-disposto a deixar-se influenciar por interesses pouco claros que pairam sobre Washington, ao contrário de McCain que deixou claro que está ciente que há corrupção em larga escala na capital americana e vai acabar com isso. Não se pode cair no erro fácil que os Republicanos são todos corruptos e estão todos ao serviço dos grandes lóbis económicos.

Admito, no entanto, que aquela larga parte de norte-americanos acostumados a ver estes debates como uma sequência dos espectáculos de campanha que os candidatos dão por toda a América, irão sentir que Obama esteve melhor, não porque concordam com as suas posições, mas porque o Democrata falou directamente para McCain. Obama é um mestre nessa relação entre espectáculo e política, que nos últimos anos começa também a ser popular em Portugal, e só isso pode ser suficiente para vencer.

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