Sempre fui um crítico de Scolari, não gostava do tipo, questionava as suas opções tácticas, culpei-o (e culpo-o) pela derrota na final do Euro 2004, mas sempre admiti que, acima de tudo, Scolari era um treinador que apresentava resultados. Era um realista táctico.
Depois da derrota de ontem contra a Dinamarca, é impossível não fazer comparações entre Queiróz e Scolari. Portugal de Queiróz jogou bem, viu-se que a equipe já é completamente diferente da do brasileiro, com um futebol atractivo, que privilegia a posse de bola. E, na minha opinião, isso será bom, pois as oportunidades de golo acabarão por surgir naturalmente, tal como aconteceu ontem. A verdade, porém, é que há alturas em que é preciso abdicar desse futebol atractivo e jogar feio para segurar o resultado. Não há melhor exemplo do que o jogo de ontem: Queiróz decidiu colocar João Moutinho para os últimos minutos, esperando que a equipe de Portugal sonegasse a bola dos nórdicos, pois sem bola eles não poderiam marcar. No papel é uma boa opção, mas na verdade não, porque pouco ou muito, a Dinamarca iria ter posse de bola e iria utilizar o jogo aéreo, tal como fez e tal como chegou à vitória. Scolari, se tivesse no banco de Portugal ontem, teria colocado um central alto e forte, como Bruno Alves, para os últimos minutos, assim abdicaria de vez da posse bola, recuaria a equipe toda e faria anti-jogo até ao apito final, mantendo dois jogadores rápidos na frente para, eventualmente, dar a machadada fatal no adversário.
Muitos jogadores portugueses, em entrevistas depois do jogo, diziam que é preciso tirar conclusões deste jogo. Há duas leituras para essas afirmações; ou são aquelas expressões que os jogadores usam para tudo e que não valem de nada, ou estão deliberademente a dizer a Queiróz que errou nas suas opções tácticas.
No entanto, admito que é extremamente cruel fazer uma comparação destas entre Scolari e Queiróz, até porque com o brasileiro, um jogo com as características como as do ontem nunca teria chegado ao fim com aquele resultado. A razão é simples, é que Scoalri tinha ao seu dispor um avançado letal, açoriano, de nome Pauleta, ou seja pelo menos uma daquelas oportunidades flagrantes que Portugal teve, teria sido convertida em golo e o sofrimento do final do jogo nunca teria acontecido. Assim, se já se falava de Liedson para a selecção, agora fala-se muito mais. Já agora, sobre este assunto, acho muito interessante a forma como os especialistas da bola que falam na tv encaram o assunto: aparentemente são a favor, pois dizem que as regras que temos são essas e estão sendo cumpridas, mas nunca falam da questão de fundo: deve a selecção nacional ter jogadores nascidos e criados noutros países? As regras, essas mudam-se.
Por fim, pontuações aos jogadores de Portugal, tal como faziamos no Euro (de 1 a 10):
- Quim: 4 (falhou no segundo golo da Dinamarca e o fantasma Ricardo surgiu)
- Bosingwa: 6 (esteve muito bem a atacar, menos bem a defender, a Dinamarca apostou tudo no seu lado para chegar aos golos, por um lado pararam as investidas do lateral do Chelsea e por outro tiraram partido do facto de defender ser o seu ponto fraco)
- Pepe: 7 (dominador e quase sem falhas)
- Ricardo Carvalho: 7 (ainda não está ao seu melhor, mas ainda assim é impressionante)
- Paulo Ferreira: 6 (Queiróz não quis manter Antunes, pois Ferreira dá mais garantias em termos defensivos - teve culpa no primeiro golo dinamarquês)
- Raúl Meireles: 6 (todo o meio-campo de Portugal funcionou muito bem a atacar e mal a defender nos últimos minutos, pois não conseguiram manter posse de bola)
- Maniche: 6 (falha um golo inacreditável)
- Deco: 8 (sem Ronaldo, Deco é, de longe, o melhor jogador da selecção)
- Simão: 6 (falha outro golo certo - tem que regressar ao Benfica se quer voltar a ser o jogador que foi)
- Nani: 7 (a saída para o United está a fazer com que seja um jogador cada vez melhor, a seguir a Deco foi o melhor português)
- Hugo Almeida: 6 (faz o que pode até faz bem, é o melhor avançado que Portugal tem neste momento)
- Danny: 5 (ainda não mostrou em Portugal que vale os 35 milhões da sua transferência na Rússia)
- Nuno Gomes: 3 (que dizer, ganha um penalty porque é maricas e falha um golo porque...é maricas - nos jogos na RTP Memória do Boavista parece que o Nuno Gomes era outro)
- Moutinho: sem pontuação.
5 comentários:
Três questões:
O Nuno Gomes do Boavista tem mais de dez anos.
O Pepe falhou, e de que maneira, e ainda mais que o Quim, no lance do 2-2.
Devia haver uma nota para o Queiroz, por mim não passava do três.
O Pauleta?!
A Dinamarca não é o Lischenstein nem a Arménia...
Caro Pedro Rocha,
O Nuno Gomes vai para o Benfica na época de 97/98 (salvo erro) e mesmo assim, ou seja com menos 10 anos nas pernas, nunca foi o jogador que foi no Boavista. O Nuno Gomes do Boavista, que jogava com o Jimmy Hasselbaink e com o Manuel José a treinador, nunca mais apareceu. E exemplos não faltam de jogadores da sua idade, 32 anos, que eram bons há 10 anos e seguem sendo muito bons. O Nuno Gomes é o jogador mais sobrevalorizado, pela imprensa, diga-se, em Portugal. Se o Nuno Gomes tivesse a cara do Paulinho Santos teria ficado no Boavista até aos 24 anos e depois, a partir da acentuada descida de forma, teria passado para o Maia e hoje estaria a arrastar-se por equipes da II Liga e por vezes em equipes recém-promovidas à I Liga. Essa é a minha opinião sobre ele e fundamento-o com o número inacreditável de golos certos que falha, que é inconcebível para um jogador com o nome, internacionalizações e salário que tem o Nuno Gomes - para finalizar, ele era muito similar a outro jogador que teve no Benfica, Martin Pringle.
Quanto ao Pepe, ele não se faz ao lance do 2º golo porque vê o Quim a sair, se ele salta apenas ia estorvar o Quim. Talvez ele deveria ter tomado o lance como seu e ter resolvido o assunto (e acredito que o faria), mas ele joga numa equipe em que quando o gk sai, é porque a bola é dele e mais ninguém se faz à bola. Talvez para a próxima ele não confie no Quim e resolva a questão. De resto, o Pepe foi, como costume, imprerial a cortar e a sair a jogar. É o melhor central da selecção e isso não é fácil quando se tem o Ricardo Carvalho que está, sem dúvida, entre o 5 melhores centrais da Europa.
A nota para o Queiróz nunca poderia ser 3 em 10. Ele errou, tal como disse, mas Portugal jogou bem durante 80 minutos e muito bem a espaços. Dar-lhe-ia 5, o que já é muito mau.
Anónimo, o Pauleta tanto marcava ao Lichentstein como enfiava 3 à Polónia no Mundial. Jogador como o Pauleta nunca houve na selecção, talvez o Rui Jordão, mas num patamar mais baixo e talvez o José Águas, mas desse não posso falar, e aparentemente, nem tão cedo haverá. Não é por ser açoriano, mas ele foi o melhor avançado que tivemos na selecção.
Caro Rui
como não vi o jogo todo não me atrevo a dar pontuações, para podermos comparar as nossa visões.
Vi mesmo assim um Quim muito parecido com o pior Ricardo.
Esta derrota não é um drama. É preciso lembrar que a ultima fase de qualificaçao de Scolari fez-se sem uma única vitoria sobre os melhores do grupo. Nada está perdido, como é óbvio. E talvez tenha sido bom para não nos pormos já com a mania que somos os maiores e que os outros jogam com bolas de trapos.
Bem, que foi uma duro golpe, lá isso foi.
Não vou, no entanto, tecer grandes considerações sobre o jogo, uma vez que estava num restaurante e não pude prestar a devida atenção.
Mas estou de acordo com o "Fia Lux", pois esta derrota algo inesperada, deve servir de lição, e, uma vez que estamos no começo da qualificação, fica o aviso.
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