Os Açores são uma Região fortemente marcada por problemas relacionados com o alcoolismo. Esta dependência tem um forte impacto nas vidas dos que sofrem deste vício, bem como nas suas famílias e relações. Tem também visibilidade social, pois o álcool provoca graves e evidentes transformações comportamentais, afectando várias capacidades individuais, o que torna o seu dependente uma pessoa instável e mais propenso a comportamentos anti-sociais.
Os estudos e estatísticas sobre o alcoolismo apontam para uma descida, quer na idade de início da dependência, quer na idade de iniciação ao consumo. A par dos desvios comportamentais que o álcool pode causar, surge, como agravante em pessoas muito jovens, o facto do seu consumo regular e/ou excessivo, afectar o normal desenvolvimento corporal, originando défices cognitivos e, até, limitações de ordem motora. Estas limitações são certa, e evidentes, num recém-nascido filho de uma mãe alcoólica, pois nasce com a síndrome alcoólico fetal. Infelizmente, o número de mulheres dependentes do álcool também tem vindo a aumentar.
De há uns anos a esta parte, instituiu-se nos bares, em especial nos nocturnos, a onda dos shots. A malta jovem gosta é disso; solução barata e de bebedeira rápida. Uns quantos Vodkas, umas Tequilas, uns B´52s, etc, e já está, euforia total. Se lhes derem álcool puro com sabor a menta ou tangerina, não se importam, papam tudo. Há excepções. Há uns que dançam de garrafinha de água na mão: são a tribo do ecstasy…
Os adolescentes não procuram nas bebidas alcoólicas o prazer da degustação de uma refeição acompanhada de um bom vinho, nem tão-pouco apreciam a cevada de uma cervejola fresquinha, ou um whisky à lareira. Procuram, antes, uma a poção para a desinibição, um néctar anestesiante que lhes abata a moralidade, alargando as fronteiras do admissível, o que os faz desperta para a libertinagem. Um gajo que aguente muita bebida é tido como um pequeno herói no círculo de amigos. A coragem e a audácia medem-se, por vezes, pela quantidade de álcool que um dos pares consegue ingerir sem cair para o lado.
Conhecedor desta grave problemática social e de saúde pública, o Reúno Unido prepara-se para implementar legislação, com o principal propósito de combater o alcoolismo juvenil, e a crescente associação entre o êxito pessoal e o consumo de álcool.
Para começar, irá banir a oferta de bebidas grátis a mulheres em bares e estabelecimentos similares. A par desta medida, endurecer as regras que norteiam as “happy hours” (períodos nos quais a uma certa bebida é oferecida, ou vendida a um preço mais reduzido), pois estão certos que tais ofertas convidam a um consumo excessivo, e mais rápido, das bebidas em promoção. Uma das novas regras, pretende que as bebidas não alcoólicas sejam também alvo de campanhas semelhantes.
E nós por cá?
Uma vez que o alcoolismo é reconhecido como uma doença crónica, a aposta terá de ser na prevenção. Isto, sem descurar um forte investimento na vertente da reabilitação e no apoio às associações que apoiam os ex-alcoólicos, tais como os AA – Alcoólicos Anónimos.
Os Açores sofrem de um duplo problema a nível de dependências; por um lado o referido alcoolismo, e, por outro, uma taxa muito elevada de consumidores abusivos de drogas ilícitas, tais como a heroína e a cocaína, que são os principais responsáveis pelo aumento do número de crimes, e pela crescente violência dos mesmos. (vamos ver se 2009 não nos trás mais um vício…)
As dependências têm um enorme impacto negativo a nível familiar e social. Urge, pois, incrementar um vasto programa de prevenção e tratamento destes males sociais, para que o problema não atinja uma dimensão de tragédia Regional, com impacto, inclusive, a nível da afirmação do nosso almejado, turismo de qualidade. (afectando, tb, a economia)
3 comentários:
Excelente post, subscrevo completamente.
Não esquecer que a promoção do alcool e doutras drogas muitas vezes vem do lado dos governos e das autarquias.
Basta lembrar as festas e eventos realizados neste último Verão.
Há alguns anos, 15, 20 diria, em São Miguel as saídas à noite estavam limitadas a um grupo muito restrito, pelo que este fenómeno da massificação da noite é novo por cá. Desta forma, parece-me que não é totalmente descabido que tal assunto ainda não seja prioridade das prioridades.
No entanto, os sinais estão aí que o problema é sério e o facto de ser relativamente novo cá, já não serve mais de razão para não ser encarado de frente, acima de tudo ao nível da prevenção, como bem dizes. Porque, a não ser tratado agora, este problema poderá tornar-se numa verdadeira praga, de díficil irradiação.
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