No Telejornal de hoje da RTP – Açores, assisti a uma reportagem da jornalista Rosário Quaresma, que alertava para as graves dificuldades que atravessa a agricultura Açoreana. A reportagem centrava-se na ilha de S. Miguel, mas estou certo que estas dificuldades se poderão estender às outras ilhas do Arquipélago.
Uma das principais dificuldades que sentem os nossos agricultores, é o combate às pragas, que afectam gravemente as várias culturas, em especial a fruticultura. O cenário apresentado é deveras preocupante. Ao que parece o nosso clima favorece tanto as culturas em si, como as pragas que delas se alimentam.
O escaravelho japonês ainda por cá anda, e as moscas são (para qualquer um) em cada vez maior número. Há uma série de lagartas e outros tantos insectos, que parecem encontrar nos Açores um clima de eleição para a sua procriação. A nossa época áurea da Laranja, com início no século XVIII, também conheceu o seu fim devido a terríveis pragas, designadas de “coccus” e “lágrima”.
Pois, estou mesmo a ver! Com tanta abundância de espécies florais, hortícolas e frutícolas, logo os seus parasitas tratam de encontrar meios de se adaptar ao clima e solos locais.
Na reportagem, os agricultores – embora sem criticar a lavoura –, lamentavam que os “holofotes” estejam sempre apontados à lavoura, enquanto a agricultura parece ficar à margem das preocupações dos responsáveis políticos. Queixavam-se de falta de apoio técnico no terreno, dando como exemplo a ausência de visitas às suas quintas e campos, por parte dos técnicos agrários.
Para quem – como eu –, aprecia uma ida à Praça, ao Mercado, é duro constatar o estado de desespero dos nossos produtores. Estes, com a colaboração da terra e do clima, dão-nos a provar excelentes produtos. Temos boa terra, um clima propício, bem como homens e mulheres com um profundo conhecimento das técnicas e segredos da agricultura. Mas contra as pragas, nada podem estes últimos fazer, pois elas atacam de mansinho e vão sugando devagarinho.
O que parece ser necessário, é criar uma task force, que identifique as pragas e delimite as áreas onde estas se instalaram. Depois, procurar, em conjunto os produtores, formas e meios de atacar cada uma delas. Caso não haja no mercado nacional produtos, ou formas de combate reconhecidas como eficazes, então deve a referida equipa de trabalho, procurar apoio junto da UE, ou junto de especialistas de outras partes do Mundo. A bem da nossa agricultura…….e dos nossos produtos de eleição.
N.B.- muito me custou tomar conhecimento, também via RTP – Açores, do desperdício de ananás que se verificou no mês de Agosto/ Setembro, por culpa de um excesso de produção face à procura. Uma das razões apresentadas pela cooperativa “ANAZOR”, para a venda ao desbarato de ananás, e pela distribuição deste seu produto por algumas Instituições de índole social, foi o da quebra contratual por parte de um importante cliente. Também o responsável pela cooperativa lamentava – e com razão –, que muitos dos nossos comerciantes preferem vender o “doce” abacaxi, ao nosso delicioso ananás.
1 comentário:
O problema, meu caro, é que a agricultura está longe de ser um domínio central da política económica nacional ou comunitária.
No caso dos Açores então, onde proliferam as pequenas explorações, a agricultura parece condenada a pequenos produtos engraçados e devidamente enpacotados para serem vendidos a turistas.
Não digo que esta abordagem da promoção do genuinamente tipico não seja a correcta. Mas está muito aquém do que os agricultores açorianos desejariam.
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