Quando vi a reportagem televisiva sobre o caso da professora de Espinho, a primeira coisa que me veio à cabeça foi que estávamos perante mais caso carnavalesco típico da educação portuguesa dos filhos de Rousseau e ri-me, confesso que ruidosamente, das incongruências, ameaças e insultos que fui ouvindo, incluindo as partes deliciosas sobre as “órgias romanas”, o que vindo de uma professora de História, enfim…, mas sempre confortado pela sensação de que até aquelas crianças percebiam o caricato da situação disfuncional, certamente mais de outro foro que não o pedagógico.
Só volto à estória porque a senhora professora-deputada Cláudia Cardoso assinou um artigo no Açoriano Oriental, no qual pregou sobre os malefícios tecnológicos, hoje ao dispor das nossas criancinhas, certamente porque permitiram desmascarar a tal situação abjecta, ao que parece conhecida de todos na Escola, mas, pelos vistos, olimpicamente ignorada, durante 3 anos, por aqueles que devem zelar pelo normal funcionamento da mesma, Conselho Directivo e Direcção Regional de Educação.
A senhora professora-deputada Cláudia Cardoso foi incapaz de compreender o cerne da questão. Na realidade, seguindo uma linha de pensamento logicamente redutora, remeteu, convenientemente, os acontecimentos para uma mera aula de sexologia (como se tal fosse normal na disciplina de História). Se era para isso, ter-lhe-ia bastado aconselhar o visionamento do programa daquela velhinha que passa na SIC Mulher ou de um outro da TVI 24 para explorar, por um lado, o Kamasutra tecnológico e, por outro, o da asneira. Certamente tiraria ilações sobre como não falar de sexo aos jovens.
O artigo publicado, nos termos em que o foi, seria absurdamente certeiro, se o caso não fosse de uma seriedade de contornos bem diferentes do que aqueles que, naturalmente, a senhora deputada-professora lhe quis atribuir.
Seguindo a linha de raciocínio articulado por Cláudia Cardoso, esta, por certo involuntariamente, acabou, no seu escrito, por legitimar todo e qualquer acto cometido contra as pessoas, por uma qualquer ditadura. Por exemplo, qualquer actuação em desconformidade com as leis legitimamente emanadas pelo órgão legislativo de um regime ditatorial, é ilegal e, por isso mesmo, quem agir contra a lei, mesmo pelos motivos mais nobres – a luta pela liberdade, por exemplo -, deverá ser exemplarmente punido.
Estes alunos são uns fora-da-lei e filhos de fora-da-lei, segundo o raciocínio implícito no escrito da senhora deputada-professora, por terem gravado, sem autorização, uma aula, a fim de poderem denunciar uma actuação, digamo-lo suavemente, deslocada da professora, forma única de credibilizarem as suas queixas nas quais apenas os respectivos pais acreditavam.
Incompreensivelmente, Cláudia Cardoso insurge-se contra a única forma possível para miúdos de 12-13 anos tornarem público e denunciarem práticas que, pelo seu terrorismo verbal, constituem um gravíssimo atentado contra crianças (crianças, senhora professora-deputada, crianças, percebeu?!), desta forma desvalorizando e omitindo qualquer referência ao facto indelével de a senhora professora espinhense usar coacção psicológica sobre as mesmas, valendo-se do seu duplo estatuto de adulta e de professora.
Para Cláudia Cardoso, é irrelevante a ameaça expressa por quem dá as notas ou sobre o que poderão fazer às alunas os "amiguíssimos" do filho da professora espinhense.
Tudo isso é irrelevante, por estarmos perante seres descendentes de "praticantes de bufaria e promotores da desconfiança". Logo, criminosos em potência.
Estaline, na sua tumba, rejubilará, com certeza. Mugabe, no seu púlpito, dançará. Mahamoud Ahmadinejad sentir-se-à legitimado para continuar a mandar lapidar mulheres ou homossexuais.
Naturalmente, quando escreveu isto, a senhora professora-deputada Cláudia Cardoso estaria a pensar, entre outros, no caso do professor Charrua, com o qual, presumo, se terá, certamente, mostrado publica e inequivocamente solidária, por ter sido alvo dos tais praticantes de bufaria, a não ser que essa bufaria tenha sido praticada por quem agiu nobremente, em nome da estabilidade e da defesa dos representantes das instituições democráticas e, portanto e por isso, devidamente justificada, como parece querer concluir quando se interroga sobre as razões da revolução.
Além do mais, a senhora professora-deputada Cláudia Cardoso não tem uma única palavra de condenação sobre as atitudes da professora de Espinho, as quais omite, refugiando-se numa indecifrável frase: “ Bem sei que há professores impróprios para consumo.” Solidariedade para com os indefesos?
Finalmente, porque estamos perante um caso em que um adulto atinge, coage e achincalha crianças e parece que se quer escamotear esse facto, lembra-se à senhora professora-deputada Cláudia Cardoso que a Convenção sobre os Direitos da Criança, adoptada pela Assembleia Geral nas Nações Unidas, em 20 de Novembro de 1989, e ratificada por Portugal, em 21 de Setembro de 1990, diz, entre outras coisas, no seu Preâmbulo que:
[…] Tendo presente que, como indicado na Declaração dos Direitos da Criança, adoptada em 20 de Novembro de 1959 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, «a criança, por motivo da sua falta de maturidade física e intelectual, tem necessidade de uma protecção e cuidados especiais, nomeadamente de protecção jurídica adequada, tanto antes como depois do nascimento» […]
e que:
[…] Artigo 16
1. Nenhuma criança pode ser sujeita a intromissões arbitrárias ou ilegais na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou correspondência, nem a ofensas ilegais à sua honra e reputação. 2. A criança tem direito à protecção da lei contra tais intromissões ou ofensas. […]
pelo que, se aceitar isto, certamente entenderá que, neste caso concreto, os fins justificaram os meios e que a Revolução se fez exactamente para isto. Plenamente!
Só volto à estória porque a senhora professora-deputada Cláudia Cardoso assinou um artigo no Açoriano Oriental, no qual pregou sobre os malefícios tecnológicos, hoje ao dispor das nossas criancinhas, certamente porque permitiram desmascarar a tal situação abjecta, ao que parece conhecida de todos na Escola, mas, pelos vistos, olimpicamente ignorada, durante 3 anos, por aqueles que devem zelar pelo normal funcionamento da mesma, Conselho Directivo e Direcção Regional de Educação.
A senhora professora-deputada Cláudia Cardoso foi incapaz de compreender o cerne da questão. Na realidade, seguindo uma linha de pensamento logicamente redutora, remeteu, convenientemente, os acontecimentos para uma mera aula de sexologia (como se tal fosse normal na disciplina de História). Se era para isso, ter-lhe-ia bastado aconselhar o visionamento do programa daquela velhinha que passa na SIC Mulher ou de um outro da TVI 24 para explorar, por um lado, o Kamasutra tecnológico e, por outro, o da asneira. Certamente tiraria ilações sobre como não falar de sexo aos jovens.
O artigo publicado, nos termos em que o foi, seria absurdamente certeiro, se o caso não fosse de uma seriedade de contornos bem diferentes do que aqueles que, naturalmente, a senhora deputada-professora lhe quis atribuir.
Seguindo a linha de raciocínio articulado por Cláudia Cardoso, esta, por certo involuntariamente, acabou, no seu escrito, por legitimar todo e qualquer acto cometido contra as pessoas, por uma qualquer ditadura. Por exemplo, qualquer actuação em desconformidade com as leis legitimamente emanadas pelo órgão legislativo de um regime ditatorial, é ilegal e, por isso mesmo, quem agir contra a lei, mesmo pelos motivos mais nobres – a luta pela liberdade, por exemplo -, deverá ser exemplarmente punido.
Estes alunos são uns fora-da-lei e filhos de fora-da-lei, segundo o raciocínio implícito no escrito da senhora deputada-professora, por terem gravado, sem autorização, uma aula, a fim de poderem denunciar uma actuação, digamo-lo suavemente, deslocada da professora, forma única de credibilizarem as suas queixas nas quais apenas os respectivos pais acreditavam.
Incompreensivelmente, Cláudia Cardoso insurge-se contra a única forma possível para miúdos de 12-13 anos tornarem público e denunciarem práticas que, pelo seu terrorismo verbal, constituem um gravíssimo atentado contra crianças (crianças, senhora professora-deputada, crianças, percebeu?!), desta forma desvalorizando e omitindo qualquer referência ao facto indelével de a senhora professora espinhense usar coacção psicológica sobre as mesmas, valendo-se do seu duplo estatuto de adulta e de professora.
Para Cláudia Cardoso, é irrelevante a ameaça expressa por quem dá as notas ou sobre o que poderão fazer às alunas os "amiguíssimos" do filho da professora espinhense.
Tudo isso é irrelevante, por estarmos perante seres descendentes de "praticantes de bufaria e promotores da desconfiança". Logo, criminosos em potência.
Estaline, na sua tumba, rejubilará, com certeza. Mugabe, no seu púlpito, dançará. Mahamoud Ahmadinejad sentir-se-à legitimado para continuar a mandar lapidar mulheres ou homossexuais.
Naturalmente, quando escreveu isto, a senhora professora-deputada Cláudia Cardoso estaria a pensar, entre outros, no caso do professor Charrua, com o qual, presumo, se terá, certamente, mostrado publica e inequivocamente solidária, por ter sido alvo dos tais praticantes de bufaria, a não ser que essa bufaria tenha sido praticada por quem agiu nobremente, em nome da estabilidade e da defesa dos representantes das instituições democráticas e, portanto e por isso, devidamente justificada, como parece querer concluir quando se interroga sobre as razões da revolução.
Além do mais, a senhora professora-deputada Cláudia Cardoso não tem uma única palavra de condenação sobre as atitudes da professora de Espinho, as quais omite, refugiando-se numa indecifrável frase: “ Bem sei que há professores impróprios para consumo.” Solidariedade para com os indefesos?
Finalmente, porque estamos perante um caso em que um adulto atinge, coage e achincalha crianças e parece que se quer escamotear esse facto, lembra-se à senhora professora-deputada Cláudia Cardoso que a Convenção sobre os Direitos da Criança, adoptada pela Assembleia Geral nas Nações Unidas, em 20 de Novembro de 1989, e ratificada por Portugal, em 21 de Setembro de 1990, diz, entre outras coisas, no seu Preâmbulo que:
[…] Tendo presente que, como indicado na Declaração dos Direitos da Criança, adoptada em 20 de Novembro de 1959 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, «a criança, por motivo da sua falta de maturidade física e intelectual, tem necessidade de uma protecção e cuidados especiais, nomeadamente de protecção jurídica adequada, tanto antes como depois do nascimento» […]
e que:
[…] Artigo 16
1. Nenhuma criança pode ser sujeita a intromissões arbitrárias ou ilegais na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou correspondência, nem a ofensas ilegais à sua honra e reputação. 2. A criança tem direito à protecção da lei contra tais intromissões ou ofensas. […]
pelo que, se aceitar isto, certamente entenderá que, neste caso concreto, os fins justificaram os meios e que a Revolução se fez exactamente para isto. Plenamente!
5 comentários:
Penso que se pode retirar a conclusão que a deputada Cardoso se identificou com a professora espinhense.
Até compreendo que a política de Educação destes socialistas de desautorização sistemática da figura do professor, pode levar a que os alunos, seres inteligentes, pois claro, sintam-se impunes e que prossigam, paulatinamente, a desrespeitar a inexistente autoridade do prof.
Até compreendo que a política de Educação destes socialistas obrigue os professores a um sem-número de actividades processuais que nada têm que ver com a actividade pedagógica para a qual são pagos.
Até compreendo que a política de Educação destes socialistas de minimizar custos, colocando 25 crianças por professor, os leve a momentos de grande pressão e stress por não serem capazes de fazer aquilo que deviam: ensinar.
No fundo, compreeendo que os professores se sintam maltratados por este governo socialista e percebo que o stress chegue a muitos deles, tendo de haver algum escape.
No entanto, as acções daquela professora espinhense, com todas as atenuantes que advêm da péssima política de Educação socialista são simplesmente indefensáveis e indesculpáveis. Uma enormidade.
Portanto, o artigo da senhora deputada, além de cair na contradição que alertei no meu post, é um erro à partida, porque pretende defender o indefensável, ainda que utlizando a velha táctica do ataque ser a melhor defesa. E seria um erro grave fosse a sua autora uma professora. Mas é um erro gravíssimo porque a sua autora é professora e deputada.
Registo apenas que a deputada socialista assume, ainda que não explícitamente, o falhanço da política do PS na Educação. Que se olhe para este episódio com outros olhos, que não se cataloguem crianças como pides. Pode ser que se APRENDA qualquer coisa.
Dou os parabéns ao vosso blogue por falarem sem medo de assuntos sérios. Continuem que os fiéis leitores estarão sempre a apoiar-vos. Pena é terem um caramelo a armar-se em intelectual de pacotilha
Ex.mo. Picocas e Caramelos:
Se tem algum problema pessoal comigo, dirija-se-me, eu atendê-lo-ei. Agora não vire os outros autores do blog contra mim, isso é feio.
Ou identifique-se... talvez tenhamos compreensão.
Caros amigos,
A cada dia que passa tenho a absoluta certeza que o Máquina de Lavax é de visita obrigatória.
A qualidade dos escritos e das convicções de cada um dos autores,neste caso o Sr. José Gonçalves, é de aplaudir em pé e com direito a vénia.
No caso concreto, não posso deixar de me rever nas posições do autor do post, bem como do Sr. Rui Rebelo, pois efectivamente esta Sr. Professora/Deputada revelou-se uma autêntica desilusão e, se nem sequer sabe distinguir uma ditadura ,como é que pode ser uma representante do povo na ALRA?
Acha paciência para aturar estas/es deputadas/os de "carteirinha" como dizem no Brasil.
Saudações
Tudo a tentar virar o bico ao prego. Uma vergonha...
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