02 julho 2009

"Colarinho Branco"

Nuno Cardoso, ex presidente da Câmara Municipal do Porto, foi condenado a três anos de prisão com pena suspensa, por ter beneficiado o Boavista FC num processo de licenciamento de dois lotes de terrenos onde se construíram vários prédios.

Nuno Cardoso, redigiu com o seu punho um despacho de arquivamento das contra-ordenações correspondentes aos ilícitos praticados pelo referido clube, mas não se coibiu de, em sua defesa, afirmar «que os tais despachos lhe teriam sido ditados».

Mas quem o viu na TV, a sair do Tribunal com um ar triunfante, depois de condenado a 3 anos de pena suspensa, deve - como eu -, ter ficado confuso ao ouvi-lo admitir recorrer da decisão, adiantando, logo em seguida, «que após oito anos de "recolhimento" vai regressar à política, não especificando porém em que moldes.»
Já o ex conselheiro de Estado Dias Loureiro - antigo administrador da SLN, sociedade detentora do BPN -, que se manteve enquanto pôde, resguardado pela função que lhe foi atribuída pelo PR, demonstrou uma ingenuidade que não se coaduna com capa de bom gestor que quis transmitir durante anos, ao afirmar aos jornalistas: «Pude dizer ao senhor magistrado que só hoje é que percebi alguns contornos, sobretudo do negócio da Biometrics, que me passaram completamente ao lado», acrescentando ainda que foi «confrontado com documentos que nunca tinha visto».

Depois, perante a assunção do estatuto de arguido diante das câmaras de TV, um jornalista pergunta-lhe: “E quanto a medidas de coacção?” . Dias Loureiro responde prontamente e desvalorizando o seu estatuto: “Não, nada…não há medida de coacção.”. Um outro jornalista riposta: “Talvez Termo de Identidade e Residência?”. Ai, o ex conselheiro de Estado admite desvalorizando: “Sim. Isso é o comum em todos os casos.”

Enfim, tudo tranquilo, pois a vergonha e o véu não caem, a quem se habituou a usar, e a ser visto, de “colarinho branco”.

3 comentários:

Rui Rebelo Gamboa disse...

O crime compensa. É a lição a tirar daqui.

Que treta de país.

Pedro Lopes disse...

Pois é, caro amigo.

E se é para roubar, que se roube em grande.

Nunca mais me esqueço de um processo que foi instaurado a uma senhora de 70 anos, por, alegadamente, ter roubado um pacote de bolachas (ou algo do género) de um supermercado.
Se calhar também ficou com Termo de Identidade e Residência até que o processo fosse arquivado?....

No primeiro caso, até parece que foi totalmente ilibado e prejudicado na sua actividade política, quando ficou Provado que é um Criminoso. Uma vergonha!!

No segundo, em negócio de várias centenas de milhões de euros, do qual foi responsável, teve de ser o Ministério Público a elucidar o gestor para "alguns contornos" que lhe passaram "completamente ao lado", e para "documentos que nunca tinha visto".
O que dizer destes trogloditas de gravata???

Luís Ferreira disse...

Cambada de metecaptos sem vergonha, chulos, parasitas da sociedade, descubram-nos, desmascarem-nos e por favor... PRENDAM ESTES SACANAS!