31 outubro 2009

É excessivo!

Jorge Miranda, afamado constitucionalista da nossa praça, afirmou, no Colóquio “das Autonomias à Autonomia e à Independência - o Atlântico Político entre os séculos XV e XXI" que seria excessivo admitir um quinto mandato de Carlos César como Presidente do Governo Regional dos Açores. Miranda disse-o tendo em conta o espírito da Lei e revisão constitucional de 1997.

Mas, os açorianos não são constitucionalistas e não olham para esta questão tendo em conta o espírito da Lei, nem, muito menos, à luz de qualquer revisão constitucional, não, para os açorianos é claramente excessivo tanto tempo no poder, porque depois reflecte-se em atitudes com tendências ditatoriais. Ultimamente, então, temos tido exemplos flagrantes desse exercício de poder excessivamente concentrado na pessoa do Presidente. Dir-me-ão que sempre foi assim, nos últimos anos, que na realidade sempre vivemos, nos Açores, num modelo presidencialista. E eu concordo, mas acho que no passado havia o decoro de tentar camuflar, de alguma forma, essa variação desonesta do processo de decisão política do Governo dos Açores. Hoje, como se constata, não é assim, é tudo feito às claras, com a maior das normalidades.

Analisando apenas as útlimas semanas, ficanm dois exemplos. Primeiro a alteração do Sistema Regional de Saúde, com o objectivo único de sanear Mário Freitas, devido ao seu excessivo “estrelato televisivo”. E depois o anúncio público de nomear o próximo Presidente da AMRAA, numa demonstração, sem precedentes, de desrespeito pelo poder Local, pois, no papel, essa é uma escolha dos próprios. Enfim E ainda se acusa outros de “falta de formação democrática”…

Ainda que usado num contexto legalista, o adjectivo que Jorge Miranda escolheu não podia ter sido mais acertado. De facto, é tempo excessivo no poder. As consequências estão à vista e a tendência é para piorar. Os que não alinham, os que estão em desacordo e, pior de tudo, os que têm a audácia de o expressar são considerados personas non gratas e têm o tratamento adequado.

Em noite de Halloween, é caso para dizer “tenham medo, tenham muito medo”.

8 comentários:

Gambuzino disse...

É notória e indiscutível a importância do vosso último Post, mas,em 1/2 hora 2 Post`s.
Isto é que é produçao.
Arreda da "frenta"

Un mirandés disse...

Com licença!
Tão importante que me acho no dever de traduzir para outra lìngua, também, falada em portugal.

Cun lisença!
Tan amportante que me acho ne l deber de traduzir para outra lìngua, tamien, falada an pertual.

31 Outubre 2009
Ye scessibo!

Jorge Miranda, afamado custitucionalista de la nuossa praça, afirmou, ne l Colóquio “de las Outonomies a la Outonomie i a la Andependéncia - l Atlántico Político antre ls seclos XV i XXI" que serie scessibo admitir un quinto mandato de Carlos César cumo Persidente de l Goberno Regional de ls Açores. Miranda dixe-lo tenendo an cunta l sprito de la Lei i rebison custitucional de 1997.

Mas, ls açorianos nun son custitucionalistas i nó miran para esta queston tenendo an cunta l sprito de la Lei, nin, mui menos, a la luç de qualquiera rebison custitucional, nó, pa ls açorianos ye claramente scessibo tanto tiempo ne l poder, porque depuis reflete-se an atitudes cun tendéncias ditatoriales. Ultimamente, anton, tenemos tenido eisemplos flagrantes desse eisercício de poder scessibamente cuncentrado na pessona de l Persidente. Dir-me-on que siempre fui assi, ne ls redadeiros anhos, que na rialidade siempre bibemos, ne ls Açores, nun modelo persidencialista. I you cuncordo, mas acho que ne l passado habie l decoro de tentar camuflar, d'algua forma, essa bariaçon desonesta de l porcesso de decison política de l Goberno de ls Açores. Hoije, cumo se custata, nun ye assi, ye todo feito a las claras, cula maior de las normalidades.

Analisando solo las útlimas sumanas, quedann dous eisemplos. Purmeiro l'altaraçon de l Sistema Regional de Salude, cul oubjetibo único de sanear Mário Freitas, debido al sou scessibo “strelato telebesibo”. I depuis l'anúncio público de nomear l próssimo Persidente de la AMRAA, nua demunstraçon, sin precedentes, de çrespeito pul poder Local, pus, ne l papel, essa ye ua scolha de ls própios. Anfin I inda se acusa outros de “falta de formaçon democrática”…

Inda qu'ousado nun cuntesto legalista, l'adjetibo que Jorge Miranda scolheu nun podie tener sido mais acertado. De fato, ye tiempo scessibo ne l poder. Las cunsequéncias stan a la bista i la tendéncia ye para piorar. Ls que nun alinhan, ls que stan an zacordo i, pior de todo, ls que ténen l'audácia de l spressar son cunsidrados personas non gratas i ténen l tratamiento adequado.

An nuite de Hallowen, ye causo para dezir “téngan medo, téngan mui medo”.

por Rui 1 comentairos
Etiquetas Democracie, Política Regional

Un mirandés disse...

Bou falar culs mius amigos Bascos para tentar anterpretar i, acunselhar, se possible, l que dixe l nuosso Custitucionalista Prof. Dr. Jorge Miranda para, depuis, trasmitir als mius Queridos Amigos de ls Açores.
An Anglés, César again??

Tradução:
Vou falar com os meus amigos Bascos para tentar interpretar e, aconselhar, se possível, o que disse o nosso Constitucionalista Prof. Dr. Jorge Miranda para, depois, transmitir aos meus Queridos Amigos dos Açores.
Em Inglês, César again??

Carlos Faria disse...

O tempo excessivo no poder, tende a criar situações de abusos, a estender tentáculos de domínio de todas as frentes, a eliminar/ silenciar adversários e muito mais. mas em democracia só um povo inculto e comodista permite tais situações por muito tempo, resta saber a dose que os Açorianos toleram.

O Psiquiatra de serviço disse...

O Presidente da República, supremo magistrado da nação (salvo seja, mas é assim), faz 2 mandatos consecutivos e pronto. Porque não há-de ser esta a matriz para todos os restantes mandatos? 2 mandatos consecutivos é o máximo admissível seja para o que for. 8 anos já é muito tempo.

Papio Cynocephalus disse...

very nice prá xuxu ;)

João Cunha disse...

Concordo com a necessidade, expressa aqui nos comentários, de haver uma limitação dos termos... seja para qualquer cargo político (poder local, assembleia regional/nacional, ministros, secretários, presidentes, etc).

O maior perigo da democracia moderna é a estagnação que provem de um sistema democrático estável. As ideias inovadoras são vistas como riscos eleitorais e não como factores evolutivos.

El AL CAPONE disse...

O Saneamento de Mário Freitas em tudo lembrar os tempos da outra senhora, vamos lá ver é se César também não cai da cadeira abaixo...