Doce Inês

Percebi que a moça não iria longe no ofício em que, então, se iniciava (iniciou-se?), quando, num daqueles programas da fase decadente de Herman José, este lhe perguntou se ela gostaria de, um dia, ser uma Leni Riefenstahl, ao que respondeu "NÃO", com aqueles tiques de horror esquerdista detentor da verdade, por a famosíssima cineasta ser a preferida de Hitler para a função que a moça queria abraçar. Na altura, a moça não só não percebeu que Herman, com aquela pergunta, a queria engrandecer como, apesar de se dedicar (?) aos filmes, aparentemente demonstrou não perceber o que Leni Riefenstahl representou para o cinema, ideologia à parte.

Talvez por isso não se lhe conheça obra, para além da organização de um qualquer esquecido festival de cinema, ultimamente relembrado.

Eleita deputada pelo Partido Socialista, e perante a confissão da sua ignorância sobre o que se fazia na AR, há pouco mais de dois meses perguntava eu se a moça já tinha percebido a função.

Hoje, fico feliz por, em tão pouco tempo, muito bem a ter percebido. Para ela, existem as mentirinhas de Sócrates (pecados veniais) e as mentironas de Barroso (nem a Purgatório tem direito); eleitora e eleita por Lisboa, compara-se ao deputado eleito por Bragança e quer viagens pagas todas as semanas para Paris (embora, em extremo, aceite que seja só até Badajoz), a fim de fazer compras, verificar os trabalhos da escola dos filhos e elaborar as ementas da semana. Tudo isto dito com o glamour levemente descuidado do contacto BCBG que só Paris proporciona.

Ainda por cima, no meio de todas estas confusões, é membro da Comissão de Ética. Da Comissão de Ética, estão a ver?!!! Ah, ah, ah!!!! Não é comicamente irónico?