24 julho 2010

Queiroz, Laurentino e Madaíl

É público que Carlos Queiroz, o treinador, não goza da minha simpatia. Como treinador, provavelmente, será um razoável adjunto, mas jamais um bom treinador principal, na exacta medida em que lhe falta a qualidade essencial do repentismo, aquele momento crucial em que é necessário ter um vislumbre imediato do que se está a passar no jogo e antever o que se seguirá, de modo a transformá-lo. Nesse aspecto, Queiroz sempre preferiu socorrer-se da ciência. Para ele, o jogo não passa de um encadeamento de factos previsíveis e já previstos pela sua sacrossanta cabeça e cujo guião, assim visto, não admite uma "punch line" de improviso. A verdade e a certeza científicas encarnam na sua pessoa, sendo os outros uns seres desordenados, aos quais é preciso explicar que a sua extraordinária capacidade cientificamente visionária é a verdade única, mesmo que a evidência dos factos demonstre o contrário. Num mundo assim idealizado, o treinador Queiroz seria sempre campeão.


Porém, torturando o país, Carlos Queiroz é igual a José Sócrates, holograma na incapacidade de perceber a sua mortalidade e na má escolha dos intérpretes que deveriam imortalizar o filme que a sua cabeça idealizou


Queiroz, depois da muito sensibilizada convocatória, depois da agressiva clavícula de Nani, depois da indisciplina de um naturalizado por conveniência alheia, depois da falta de coragem táctica, depois de uma táctica sem táctica, depois da científica substituição de um cansado descansado, depois de um "assim não ganhamos, Carlos!", depois de manter ininterruptamente em campo o pseudo melhor do mundo, desestabilizando a equipa e aniquilando o jogo, depois de tudo isso e muito mais, dizia eu, o intocável Professor descobriu agora a ingratidão. Afinal, para os novos Torquemadas, irónicos no fel, ele agora "não casa com a selecção e a selecção não casa com ele". É descartável, mas não reciclável, pois, e segundo a acaciana tirada de Laurentino Dias (sim, aquele actor de série B, escolhido por Sócrates, que, em todos estes anos, nunca viu nada de anormal no futebol português, com excepção da mui científica análise anti-dopagem elaborada pelo António) "se não houvesse factos graves não teria havido inquérito", no que foi imediatamente secundado pelo inclassificável Madaíl, numa rolha de sobrevivência.


Cumpridos os insondáveis desígnios na África do Sul, descobriram agora, e só agora (?!!!), que Queiroz se terá metido em sarilhos convenientemente propícios a serem passíveis de configurar infracção disciplinar. Antes, nunca viram isso quando alegadamente esmurrou um cidadão, em lugar público e perante um razoável número de testemunhas; antes, nunca viram isso quando esmigalharam os factos de que o acusam agora, na esperança de um qualquer dobrar do Cabo das Tormentas que afogasse o Adamastor, trazendo-lhes inalante glória; antes, nunca o pressentiram na expressão diária do cidadão anónimo, escondendo-se no conivente silêncio jornalístico; antes, nunca o fizeram porque lhes falta visão, engenho e nobreza na arte. Fazem-no agora, escudando-se no momento enlameado, convencidos da virtude das suas acções. Nada que não reflicta o que todos nós esperávamos deles.

J'accuse, cobardia!

8 comentários:

Anónimo disse...

Vê-se logo que o amigo conhece o "processo". Mas a justiça não deveria estar em secredo. Eu não disse secreta. Vai trabalhar.....

Portas do Mar disse...

Este anónimo deve ser um daqueles xuxas que já sente o lugar ameaçado. Caro Gonçalves, não se cale econtinue a denunciar a podridão

Anónimo disse...

A coisa está tão podre que se pretende que comece a ser olhada com muita tranquilidade, muuiiita tranquiiiliiidaaade. A calma é mais barata.

J.G.

Anónimo disse...

Podre? pensei que fosse no pomar de alvalade... as pseudo conjuntunras do sr gonçalves deixavam de fazer sentido se a convocatória fosse outra... se lá estivessem uns quantos coxos... chapéus há muitos.
Savrega

Anónimo disse...

Só quem não sabe mas rega é que poderia vir com a postas de pescada como o anónimo anterior. Então não sabe que os cavalheiros querem despedir o Queiroz para lá porem o Bentinho?

Anónimo disse...

já foi confirmado: Óscar Neumeyer visita Portugal para vefiricar o seu único projecto actualmente no país, virá a Ponta Delgada brevemente, eu por mim estou em pontas à espera, que grande homem, que grande arquitecto, que grande honra....

Anónimo disse...

Futebol: Vale a pena?

Anónimo disse...

Não é futebol: é política. Laurentino diz alguma coisa...