07 junho 2011

Legislativas 2011 - Da Derrota de Sócrates à Derrota de César.

Os portugueses foram chamados a escolher o seu novo primeiro ministro e não tiveram dúvidas: deram o cartão vermelho a José Sócrates e ao PS e confiaram o seu futuro a Pedro Passos Coelho e ao PSD. Nos Açores o resultado foi ainda mais expressivo, o que nos leva a acreditar que para os açorianos, há mais razões para não votar no PS e mais razões para votar no PSD. A nível nacional o PSD obteve 38% dos votos, nos Açores obteve 47%. Por outro lado, o PS conseguiu 28% dos votos a nível nacional, mas nos Açores conseguiu apenas 25%.Além do mais, assistiu-se, novamente, a um fortíssimo envolvimento de Carlos César na campanha eleitoral, tal como tinha acontecido nas Presidenciais, quando era o principal apoio de Manuel Alegre. Ou seja, nem mesmo César e toda a sua máquina governativa e as respectivas visitas estatutárias a várias ilhas nos dias que antecederam às eleições, com inaugurações para todos os gostos, serviram para convencer os eleitores. Os Açorianos não têm mais razões de queixa de Sócrates que os continentais, aliás, segundo os próprios socialistas, pelo contrário até. A primeira e mais clara conclusão a retirar dos resultados de domingo é, portanto, que os Açorianos votaram, também, contra César e a favor do PSD-Açores.

A nível nacional estamos a assistir a uma mudança de paradigma. O PSD de Pedro Passos Coelho compreendeu que os portugueses estão fartos da política gastadora, de engano e amiguismo que tem vindo a ser implementada pelo PS nos últimos anos. Deste modo, Passos Coelho decidiu, e bem, avançar para uma campanha de verdade. Partiu do princípio que a democracia portuguesa já está madura o suficiente para se poderem explicar os problemas estruturais do país sem receios de nenhuma espécie e avançar com as soluções, por muito duras que possam parecer. Pelo contrário, o PS de José Sócrates fez exactamente o oposto: pintou sempre um cenário cor-de-rosa do país, nunca reconheceu que tinha errado e que Portugal estava num caminho de crescimento. Só perante as evidências da eminente bancarrota em que o país se encontrava, com a entrada do FMI, é que Sócrates admitiu, relutantemente porém, que existiam problemas graves. Mas já foi tarde. E foi exactamente essa cultura de mentira e de engano que os portugueses souberam reconhecer e penalizar nas eleições do passado dia 5 de Junho.

Nos Açores, o PS de Carlos César seguem na linha que levou Sócrates ao seu fim. Continuamente ouvimos o Presidente e todos membros governo nos dizerem que está tudo bem, que não temos problemas de desemprego, de pobreza, nem de crescimento económico. Mas não é isso que as pessoas sentem nas suas vidas diárias. Pelo contrário, sentimos e sabemos que existem problemas graves na sociedade açoriana. Principalmente ao nível das políticas de trabalho. E receamos que com o aumento do desemprego, aumente a criminalidade. Cabe à oposição, nomeadamente ao PSD demonstrar, sem receios, que a situação nos Açores não é boa, que temos um problema grave de criação de riqueza e cabe ao PSD apresentar uma alternativa credível de governação. E desde logo na certeza que o caminho não será fácil: o tempo do governo regional ser a entidade empregadora da maioria dos Açorianos terá de acabar.

O PS e César, pelo contrário, insistem na sua velha táctica: a única que conhecem e que nos trouxe a esta situação de desgraça financeira: é o governo que dá emprego e que é o centro da economia açoriana. Conseguem, assim, calar algumas vozes incómodas. Deixar a população à fome deve ser uma grande tentação, porque depois fica-se com um enorme ascendente, bastando para tal dar emprego. De resto, o PS de César prefere fazer de conta que não se passa nada. Na verdade, até temos que lhes dar um desconto, porque para eles, efectivamente, esses problemas passam-lhes ao lado. Vivem bem e com remunerações compensatórias. Mas os resultados de domingo passado confirmam a velha expressão: pode-se enganar todas as pessoas durante algum tempo, pode-se enganar algumas pessoas sempre, mas não se pode enganar todas as pessoas sempre.

3 comentários:

Anónimo disse...

Entre as boas notícias de ontem
6 Junho, vem a que indica a derrota em toda a linha de Ricardo Rodrigues. Os resultados do PS Açores (25,67%) são um sinal de decência.

http://blasfemias.net/2011/06/06/entre-as-boas-noticias-de-ontem/

Anónimo disse...

Os grandes partidos PS,PSD e CDS foram levados ao colo pela comunicação social, se assim não fosse outro resultado eleitoral teríamos, a não ser que o Povo Português seja masoquista o que não creio...
A verdade é que passamos dum tempo virtual( em que nada do programa do FMI, que será aplicado nestes dias pós eleições, foi discutido na campanha eleitoral)e a real Idade AMARGA COM QUE à PRESSA OS TRÊS PARTIDOS DO NOVO poder querem
impor ao povo as despesas do sector financeiro dos submarinos etc, etc
Mas a pseudo economia de Passos Coelho começa logo nas despesas da campanha eleitoral e continua nos novos organismos criados á pressa mesmo antes de tomar o poder.

Justina da Carreira do Tiro disse...

De todas as boas noticias a melhor é mesmo que afinal vamos ter alguém experiente a governar, Paulo Portas volta a ter lugar no governo.
Será que os Portugueses tinham medo de deixar o Passos Coelho governar com a troika...