05 julho 2011

Sinais de Medo

O fim de semana político na região ficou marcado pela reunião do Conselho Regional do PSD-Açores. Na ilha Terceira, os conselheiros sociais-democratas açorianos debateram, analisaram e diagnosticaram a actual situação política nacional e regional e a direcção do Partido demonstrou estar pronta para enfrentar os desafios futuros, nomeadamente as regionais de 2012. Tem a sua candidata a Presidente do Governo Regional bem definida, com o apoio de todo o partido, e, acima de tudo, demonstra ter um programa e uma maneira diferente de encarar a governação.

Estranhamente, ou talvez não, logo no dia seguinte o líder do PS-Açores surge na comunicação social, e em particular com especialíssimo relevo na RTP-Açores, a criticar gratuitamente a líder do PSD-Açores. Se há conclusão que se devia ter retirado das últimas eleições nacionais em que Passos Coelho ganhou e Sócrates perdeu, é que as pessoas estão fartas dos ataques pequeninos e gratuitos entre políticos. Já não fazem qualquer sentido, se é que alguma vez fizeram. Mais, acabam por denegrir, não só, a própria actividade política, que deveria ser nobre, mas também eles próprios, nomeadamente aquele que faz o ataque. Aparentemente César não aprendeu a lição com o seu camarada Sócrates e persiste nos mesmos erros. Os mesmos erros tanto a nível de governação, como ao nível do estilo de estar na política: o ataque pessoal ao adversário e o controle da comunicação social. Talvez porque não conhece outra forma de estar na política.

No Conselho Regional do PSD-Açores, Berta Cabral fez um diagnóstico sobre a situação actual nos Açores. Evidentemente criticou o estado de coisas. Mas com base em factos. Na verdade, o desemprego hoje nos Açores é o mais alto de sempre. As passagens aéreas para o continente são as mais caras de sempre. Temos uma dívida pública mais alta de sempre. São críticas válidas e com base em números reais. Para mais, Berta Cabral está a criticar a governação de César porque, de uma forma aberta e clara, é candidata à posição de Presidente do Governo Regional dos Açores. Não são, portanto, criticas gratuitas. São críticas de quem se apresenta como uma alternativa. É assim que funciona a Democracia.

Pelo contrário, César, no meio da indefinição sobre o seu futuro e sobre quem será o candidato do PS à Presidência do Governo em 2012, acaba por ficar sem argumentos. E é assim que recorre ao ataque pessoal, através de considerações que têm pouco de verdadeiras. Afirma o líder do PS Açores que quando Berta Cabral deixou o cargo de Secretária Regional das Finanças em 1996, os Açores estavam sem dinheiro. Em primeiro lugar é preciso dizer que a actual líder do PSD ocupou esse cargo durante um ano apenas. Mas ainda assim, e ao contrário do actual modelo socialista de esconder a verdade das contas públicas, a primeira medida que Berta Cabral tomou enquanto Secretária das Finanças foi a de clarificar e divulgar todas as contas da nossa Autonomia. É típico da actual Presidente da Câmara de Ponta Delgada. Transparência acima de tudo. Ficou-se, assim, a saber que em 1996 os Açores tinham uma dívida que rondava os 500 milhões de euros. Depois, como se sabe, César entrou para o governo em 1996 e num golpe eleitoralista, Guterres, então primeiro ministro, limpou a dívida pública dos Açores. Assim, a governação de César começou com zero de dívida pública. Hoje, estima-se (e estima-se porque o governo insiste em não ser transparente quanto às contras públicas) que a dívida pública dos Açores ascende aos 2 mil milhões de euros. Ou seja, de 1975 a 1996, acumulou-se 500 milhões de euros de dívida. De 1996 até hoje acumulou-se 2 mil milhões. E isto já para não falar do facto de todas as obras estruturais que foram feitas até 1996 e para não falar dos milhares de milhões de euros vindos da União Europeia a partir de meados dos anos 90. Para onde foi todo esse dinheiro nos últimos 16 anos? Será que tem alguma coisa que ver com o facto de se ter passado de 4 para mais de 50 empresas públicas e todos gestores e administradores que acarretam?

Estamos a um ano de termos eleições regionais. Em vez destes ataques gratuitos, devíamos era estar já a debater o preocupante futuro que nos espera. Mas para isso, era preciso o Partido Socialista definir-se e dizer como e com quem vai a jogo. Era essa a atitude digna e de respeito para com os Açorianos. Mas como se vê, o importante para César é denegrir a imagem dos seus adversários e manter o tabu de modo a manter o poder sobre as demasiadas clientelas que vivem do erário público. Longe das suas prioridades está o desenvolvimento dos Açores. As semelhanças com Sócrates são tantas e demais evidentes. De facto, César e Sócrates juntos conseguiram destruir um país e uma região.

13 comentários:

Anónimo disse...

As clientelas estão todas aos pulinhos enervadinhas sem saberem o que se vai passar. É ver aí os senhores arquitectos e engenheiros todos nervosos sem saberem se hão de lamber a bota do césar se a de berta. Ele ainda por cima diz que ja tomou a decisão desde janeiro! E não diz a ninguém? É realmente uma falta de respeito com todos os açorianos. E para quê? Para desatinar a cabecinha dos ppdocas que ficam todos desvairados sem saberem se ele se candidata ou não. Mexam convosco e deixem o césar e o ps da mão.
E aquilo na rtp açores está de morrer. É só césar césar césar césar. Quase parece que estão a queimar os últimos cartuchos. Porque quando o passos coelho puser mão naquilo, privatizando toda a rtp e deixando público apenas a 2 a memória a áfrica e os canais regionais, vai por na direcção da rtp açores alguém da confiança da berta. E não é de certeza o calafão que lá está agora. Esse já se percebeu que quer é desfile. A rtp açores neste momento é um saco de gatos. Aquilo só de chicote.

Anónimo disse...

e a bronca que tá pa estoirar na jsd da terceira??????

Anónimo disse...

o próximo director da rtp já está a ser tratado com o passos coelho: é a carmo rodeia. vai tudo andar de fininho ali dentro.
e agora sim é que o casalinho gomes rodeia vai passar a mandar nisso tudo...

Anónimo disse...

Qual é a bronca da JSD Terceira? Ou é uma bronca que queres inventar? Trabalha e cala-te pá!

Anónimo disse...

Infelizmente, nos Açores a politica é uma imitação da má vizinhança, faz-se de mexericos e de discussão de pequenos factos, uma vez inventados, outra vez mesquinhos mas sempre absurdos.
PS e PSD senhores dos governos regionais dos Açores não querem compreender os sinais dos tempos e sobre eles organizarem e prepararem um governo que tenha soluções, para o desemprego, para a produção de riqueza, para as questões ecológicas e ambientais para o ensino, etc,etc.

Anónimo disse...

e no faial tb tá pa rebentar

Anónimo disse...

Parabéns, execelnete texto. Pena os comentários não estarem ao mesmo nível. É a mediocridade do anonimato. Ou será apenas mediocridade?

Henrique Medeiros

Anónimo disse...

A semana passada alguns dos Telejornais da RTP Açores tiveram uma presença de César, PS, Governo, mais César ah e mais César também, são várias peças no mesmo Telejornal com César, e também com o... César.

Anónimo disse...

Vamos aguardar pelos números da ERC. se o ano passado foi o que foi então este ano com a faxineira de serviço. já nem é preciso telefonar para o diretor a pedir as reportagens ela é tão bem mandada que basta seguir a agenda do governo e como pessoa dinãmica e empenhada que é vai mais além, ate surpreende o governo com tanta eficácia no telejornal/canal do governo

Anónimo disse...

Quem tem coragem de dar liderança à Carmo Rodeia? A mulher quer tanto poder que atè morde a mão de quem lhe dá ou deu comida

Anónimo disse...

Se os açorianos não se deixarem de fofocas sem conteúdo, podem satisfazer os "arrufos de namorados" entre Berta e César mas não se irão preparar para fazer crescer os Açores económica e socialmente.
Seja como for, é interessante como a luta PS/PSD não olha à realidade e caí no ridículo.
Dizer por exemplo que a partir de 96 César recebeu fundos comunitários e esquecer-se propositadamente que até 96 Mota Amaral recebeu tanto ou mais que o seu sucessor...
Fazer gala do PSD só ter 500 milhões de passivo em 96, em contraponto com os (acreditando nos valores considerados em ambos os casos)2 mil milhões de euros, sem cuidar da inflação e da variação da obra feita(mesmo não gostando) é certo que os gastos em obra nova foram superiores(estando aberto ao contraditório, pois tanto este dado como o do post é subjectivo e indefinido).
Este post tem o mérito de colocar em debate todo o período da autonomia e os dois partidos da governação Açoriana.
Por mim penso que a autonomia perdeu uma oportunidade Histórica de ir muito mais além, e deixou um lastro de suspeição e de separação entre eleitores e eleitos que não prestigiou a região e a Democracia, entre uns e outros, era justo muitos responderem face à justiça.

Rui Rebelo Gamboa disse...

Caro Anónimo,

Posso-lhe facultar os números dos Quadros Comunitários de Apoio, que, já agora, não foram nada fáceis de conseguir, no âmbito dum trabalho de investigação.

- I QCA (89-93) 357 milhões euros
- II QCA (94-99) 752
- III QCA (00-06) 854
- IV QCA (07-13) 1.538 milhões.

Como disse no post, é a partir de meados dos anos 90 que os milhões começam a entrar, no contexto, aliás, da política de coesão territorial que começou a vigorar na UE na altura.

Quanto à inflação que fala de 96 para agora, podemos fazer um simples exercício sem ter que fazer grandes operações aritméticas.

500 milhões de euros eram 100 milhões de contos. Vamos recuar a 96 e pensar o que eram 100 milhões de contos. O Figo, por exemplo, em 2000, foi transferido para o Real Madrid por 12 milhões de contos (60 milhoes de euros).

Hoje, o jogador mais caro é o ronaldo, 100 milhoes de euros. A dívida dos Açores hoje dava para comprar 20 e tal ronaldos. A dívida dos Açores em 96 daria para comprar 8 Figos. (dê-me o desconto dos 4 anos de 96 oara 2000).

Acresce-se o facto da dívida de 96 não começou do zero em 75 e ainda assim são 21 anos e quem conhecia os Açores antes de 75 sabe o muito que se fez. A dívida começou do zero em 96 e em 15 anos é de 2.000 milhoes de euros... pelo menos.

Anónimo disse...

Caro Rui
Os dados não os possuía, nem são os únicos necessários para analisar o quadro económico em questão.
Seja como for não tenho dúvidas que uns governantes e outros não cumpriram a autonomia dentro daquilo que podiam e era vontade dos Açorianos.
Ninguém pode negar que as contabilidades são mais rigorosas agora do que no tempo de Mota Amaral e este facto é externo há vontade de ambos e é determinado pela C.E.
Também não podemos negar que nus casos Mota Amaral, salvaguardou(talvez não pelos melhores motivos) os Açores, caso por exemplo do casino, em outros, pelo contrário esteve pior e Natalino é um exemplo disso...
Agora os valores não podem ser analisados pelo valor dos jogadores á época,até porque os tempos de cada remessa são diferentes, o primeiro é para vigorar por 4 anos, o segundo por 5,o terceiro por 6 e o 4 por 6...e vistas as coisas só o ultimo é que é substancialmente diferente, será que foi para as portas do mar(que eu pessoalmente não aprovo)?
Não sei, mas, quer se goste ou não( e eu não gosto) há muito mais obra feita do que no tempo de Mota Amaral, mas isto é discutível, e por isso é que digo que estas analises são sempre subjectivas.
O ideal era aproveitar o momento, para numa vaga de fundo, por tudo em causa e sem a paixão PS/PSD, encontrar caminhos para fazer melhor.