16 agosto 2011

O futuro da RTP-Açores - Uma contribuição para o debate que se exige

Os Açorianos sentem e reconhecem a RTP-Açores como parte da sua própria identidade. Reconhecemo-la como símbolo da Autonomia, mas, verdade seja dita, são cada vez menos os açorianos que vêem realmente a RTP-Açores. O José afirmou, no post imediatamente antes, que é o 3º canal mais visto nos Açores. Permite-me, José, mas desconfio muito dessa classificação. O senso comum diz-me que é uma escassa minoria que vê RTP-Açores actualmente. E esses vêem as notícias. Na verdade, faz todo o sentido que assim seja, porque, efectivamente, toda a programação da RTP-Açores, à parte da informação, é amplamente ultrapassada em termos de qualidade pelo resto da oferta televisiva proposta aos Açorianos, no tal contexto de concorrência de que o José falou. É na informação que reside actualmente a grande mais-valia da RTP-Açores, porque é um serviço único e essencial para os Açorianos. Para os que cá vivem e para os que estão emigrados.

Temos, então, que fazer alterações na RTP-Açores. Quem paga assim o exige, no contexto do que os próprios estão a fazer. Que tipo de alterações, ao nível de gestão financeira? É praticamente impossível opinar sobre o assunto, pois a informação relativa aos exercícios financeiros da centro regional, está reduzida a umas breves referências no Relatório e Contas da casa-mãe.

Colocam-se-nos, pois, duas hipóteses para lidar com o Estado: ou seguimos o modelo do cruzar os braços, bater com o pé e dizer “não queremos, não queremos e não queremos, aliás, queremos mais meios e melhores condições”, ou podemos admitir que é preciso mudar e participar construtiva e activamente no respectivo processo.

O Estado central, o tal que paga a RTP-Açores, certamente descartará qualquer diálogo com a primeira atitude. Nesse caso, e porque as mudanças e os cortes vão mesmo avançar, o Estado analisará números e friamente chegará à solução da janela, com todos os problemas que isso representará para todos, à cabeça os trabalhadores.

Portanto, temos que ter aqui uma atitude sensata e fazer uma auto-avaliação sincera para podermos defender os princípios da nossa televisão e rádio dos quais não vamos abdicar. Para isso, há que saber reconhecer e separar o que é bom daquilo que não é bom e identificar os vícios instalados e corrigi-los a tempo, sob pena de "pagarem os justos pelos pecadores."Temos que saber nos concentrar no essencial da televisão e rádio dos Açores e saber abrir mão do acessório. E não podemos descartar custos para o Orçamento da região. É que não deixa de ser irónico estarmos a defender a RTP-Açores como símbolo da Autonomia, ao mesmo tempo que exigimos que seja o Estado central a pagar.

Enfim, parece-me claro que as actuais longas horas de emissão da RTP-Açores, com séries e documentários repetidos dos outros canais, vão ter que acabar, para darem lugar a uma concentração de esforços na informação, tanto ao nível dos serviços noticiosos diários, (Telejornal) como ao nível de grandes reportagens (inexistente actualmente), programas de debate de interesse regional (Estado da Região, ou Estação de Serviço, por ex.) Não significa isto, no entanto, que deixe de existir espaço para outros programas de cariz mais lúdico (ou não). Também me parece que a tripolaridade que se tentou implementar é insustentável; não fazia sentido querer-se ter meios técnicos iguais na Horta, Angra e Ponta Delgada para se produzir um serviço noticioso diário em cada uma dessas cidades. Mas a questão da tripolaridade, na generalidade, é algo que, mais tarde ou mais cedo, os Açorianos vão ter que enfrentar e compreender que, nalguns casos, como este da RTP-Açores o comprovou, apenas atrasa o nosso desenvolvimento sustentado enquanto arquipélago com nove ilhas.

Por todas as razões que conhecemos, o país, a região e todas as entidades que vivem com apoios estatais, terão que cortar na despesa. Existem muitas inequidades que devem ser corrigidas. A RTP-Açores é apenas mais um caso. O próprio actual Director da RTP-Açores assumiu, em 2008, que "havia uma gestão pouco rigorosa (...) uma gestão de mãos largas" antes de si. Nós já sabíamos que ia ser assim: os que virão depois é que vão pagar a factura. Já está a começar.

8 comentários:

Pedro Rodeia disse...

foi bom ter-se recordado essa entrevista do diretor, onde disse que ia derramar sangue e numa atitude muito pouco digna para com o seu antecessor. Este actual diretor é responsável por gastos enormes e estúpidos e pela destruição de todo o arquivo que se encontrava no edifício que ardeu. Foi responsável pela decadencia da Rtp-Açores. Não há programas de produçao regional. A informação está complemtamente destruída, nas mãos de pessoas sem nenhumas qualificações para os cargos. Ele fez uma coisa boa, ainda que sem querer, onde sempre houve desunião, agora ha alguma espirito de equipe, criado contra ele mesmo.
Por ao chão e começar do zero. É isso que a rtp açores precisa. Dos que la estao,devem ficar apenas uma mao cheia. Aqueles tipos que ganham milhares para nao fazerem nada ou pq estao reformados e vendem programas ou pq fazem um programa por semana, é pro caminho e sem reformas. Aqueles tecnicos de meia tigela vindos dos confins dos anos 70 e que ganham milhares é pro caminho com eles. E pseudo estrelas andor com elas.

José Gonçalves disse...

Não obstante ser subjectivo, creio ter feito uma análise imparcial da história da RTP/A, centrando-me essencialmente na questão de, a partir daí, se conseguir um consenso que permita ter um canal regional. E é mesmo disso que se trata: um canal regional com financiamento (pelo menos público) através capitais regionais. Aliás, se dúvidas houvesse, bastaria ler a designação atribuída: Serviço Público Regional de Multimédia. A Autonomia passa por aí. O velho conceito "sanguessuga", passe o exagero, está ultrapassado. Hoje, a afirmação da Autonomia passa por consequir realizá-la de "dentro para fora". O contrário é pura demagogia e, sobretudo, é afastamento, com todas as consequências que daí virão. Aliás, não é por acaso que, aquando da passagem de Morais Sarmento pelo Governo, Carlos César aderiu a essa mesma ideia, isto é, a Autonomia deveria financiar o canal regional. O que, para mim, é essencial, é existir uma posição comum e una sobre o canal regional. É possível conseguir-se.

* Não é relevante para a discussão ou para a existência do canal, mas os dados a que acedi revelam que a RTP/A é o 3º canal mais visto nos Açores.

Rui Rebelo Gamboa disse...

Eu reitero a minha desconfiança nesses números. Como disse, o senso comum e conhecimento empírico dizem-me que a RTPA não é vista, na realidade, pelos Açorianos.
Uma coisa são estudos de opinião, com perguntas e respostas, outra é realidade medida por instrumentos técnicos que não existem nos Açores.
Em 2007 foi feito um estudo desses, pela Marktest. Perguntava-se aos açorianos qual o seu canal preferido para darem uma nota de 1 a 10 e qual o programa preferido da RTP-Açores. E as respostas eram a RTP-AÇores é o canal preferido dos açorianos com uma nota de 8.4. E era o quinto canal mais visto com 16% (onde 82.5% é para o telejornal).
E, meu caro, como eu não sou jornalista e não entro nessas coisas de não divulgar fontes, aqui fica...
http://maquinadelavax.blogspot.com/2007/01/porque-possvel-melhorar.html
Mas quão fidedignos são esses estudos? Perguntar aos açorianos sobre o canal que, como tu próprio disseste, sentem como seu?

Este não é um assunto de somenos, não, José. Aliás, num contexto de negociação com o Estado sobre o futuro da RTP-Açores e dos seus trabalhadores, uma sondagem fidedigna que pusesse como o 3º canal mais visto seria um trunfo muito importante. Agora, se for um estudo de opinião, aí é claro que mais vale nem o colocar cá fora.

Quanto ao modelo de financiamento do futuro canal regional, acho que seria muito arriscado ter, apenas, financiamento do Orçamento regional. A instrumentalização, como já se viu tanta vez mesmo no canal 1, é uma realidade e uma tentação à qual dificilmente quem está no poder consegue ceder. Para mais, cá, nos Açores, há, como sabemos, uma proximidade e dependência muito maior que no continente, sendo muito mais fácil cair-se na instrumentalização. Daí, fazer algum sentido apostar na co-responsabilização.

Anónimo disse...

Todos nós sabemos como era há 20 anos, não só na RTP, mas em muitas EP´S. Havia dinheiro para tudo até para jantaradas e bebedeiras. Agora estamos a pagar muito mais que a fatura. Vivemos uma morte lenta. Desde há 10 anos para cá os meios técnicos e humanos estão a ser asfxiados. parece que alguém diz vamos acabar com isto! mas não se diz nada! quando eles derem conta já não existe a RTP Açores já não existe! onde esteve o PS estes anos todos?????????? o governo de César???????? enquanto apareciam no TJ como eles queriam, sempre caladinhos, nem uma palavra nem um projeto credivel para salvar a RTP Açores. Agora com as cartas em cima da mesa batem o pé e dizem o que nunca tiveram coragem de exigir a Sócrates. Tenham vergonha! sejam responsáveis eu também posso dizer que quero um aumento de ordenado e o meu filho dizer que quer um carro no Natal! é realista?????? sejam realistas, falem de coisas concretas!

Anónimo disse...

A RTP Açores tem futuro, tem interesse, e tem trabalhadores com qualidade. Os canais regionais são em todo o mundo cada vez mais uma resposta à globalização e aos canais generalistas. Acho que o debate sobre a importancia de um canal regional nos Açores vai para além do conceito de autonomia e de afirmação da identidade açoriana. tem a ver com o próprio conceito de TV onde cada vez mais os canais temáticos ganham espaço e audi~encias. A rtp açores tem futuro, pode ser uma emissão reduzida, sem dúvida, quem ve aqueles enlatos com anos e anos. e não estou a falar do mau tempo no canal que até soube bem ver a repetição!!

Anónimo disse...

oh ruizim, o que tu queres sei eu. viras as costas aos Açores quando queres onerar o nosso Orçamento com mais contas. O teu PSD quer nos meter com a gestao dos aeroportos e agora tb a RTP. Só falta a Universidade, a Polícia e os Tribunais. Onde anda a tão badalada solidariedade?
Tu queres é uma RTP dirigida por quem? Pela mulher do deputado? Ou será que preferes uma solução de maior proximidade talvez?
Atina rapazim. Não cedas aos favores. Orienta-te. Quem te viu escrever neste blog à 4 anos e te vê agora. Que vergonha.

Anónimo disse...

Trabalhadores com qualidade?!?!
Só os correspondentes de cada ilha é de correr a fugir.

Anónimo disse...

A qualidade dos programas da RTP deixa muito a desejar. A começar pelos programas do director.

Jornalismo de investigação é conceito alienígeno para a malta da rtp-a.