13 dezembro 2011

O Estado de Negação do Governo dos Açores

A semana que passou ficou marcada pela publicação do Parecer do Tribunal de Contas à gestão do dos dinheiros públicos regionais no ano de 2010. A notícia passou mais ou menos incógnita, no entanto, este Parecer encerra dados que vão muito para além de preocupantes, são mesmo aterradores para o nosso futuro.

Há muito que vimos alertando aqui para os diversos sinais que nos dizem que esta governação socialista está a empurrar os Açores para um abismo. Este Parecer do Tribunal de Contas, entidade reconhecida por todos como credível e equidistante, vem provar todos os nossos piores receios e aumentar, nalguns casos, a nossa preocupação.

Mas o que diz então o Parecer? Comecemos pelo aparelho administrativo. Praticamente todo o governo regional, quase todas as secretarias e direcções regionais, estão duplicadas em muitas empresas públicas. Assim, o que temos é uma série de directores, administradores, assessores e o mais que se possa pensar tudo ao quadrado. O Tribunal de Contas diz que no sector público empresarial trabalham mais de 6000 pessoas e que só no ano de 2010 entraram mais 244 pessoas para essas empresas. Quando se sabe que a grande fatia da nossa dívida é responsabilidade dessas empresas públicas, cerca de 1.2 mil milhões de euros, e vê-se que a maioria não tem utilidade aparente a não ser dar empregos a certas pessoas, não podemos deixar de mostrar grande indignação. 1ª conclusão: este governo endivida os açorianos para poder dar emprego a uma minoria.

Falemos das SCUT e do novo Hospital de Angra. O governo regional começou por dizer aos açorianos que as SCUT iriam custar cerca de 300 milhões de euros. Depois já iam custar cerca 500 milhões, no entanto a verdade está bem longe disso. Segundo o Tribunal de Contas, no total, as SCUT custarão nada mais nada menos que 1.2 mil milhões de euros, que seremos nós, os nossos filhos e os nossos netos a pagar. A onerar não só nós próprios, mas também as gerações futuras temos igualmente o novo Hospital de Angra. Primeiro ia custar apenas 65 milhões de euros, depois já era 140 milhões, mas na verdade vai nos custar 378 milhões. São diferenças e derrapagens muito grandes. A incompetência não pode explicar tudo. De 320 milhões para 1.2 mil milhões e de 65 para 378 milhões?? E um pormenor importante, são obras que têm que ficar prontas antes das eleições de 2012, custe o que custar. 2ª conclusão: este governo endivida os açorianos para manter o poder a todo o custo, vendendo ilusões na forma de cimento e betão.

Passemos ao sector da Saúde. Desde logo referir que a Secretaria regional da Saúde está também ela duplicada numa empresa pública, a Saudaçor. O sistema é o mesmo: o governo não tem dívidas na Saúde, quem as tem é a Saudaçor. E serve ao mesmo tempo para empregar mais alguns administradores a peso de ouro. Mas a Saúde é uma área duma importância tão grande, que não podemos, sequer, ficar pelas minudências dos jobs. Não existe margem para erros na Saúde. No entanto, os factos dizem-nos que estamos perante uma situação de ruptura e gravidade máxima. O Presidente do Tribunal de Contas disse, e o Parecer confirma-o, que os 3 hospitais da região estão em situação de falência técnica. Logo no dia a seguir, ficamos a saber que os fornecedores de medicamentos aos hospitais dos Açores cortaram o fornecimento, por falta de pagamento. Ou seja, a partir de agora deixa de haver medicamentos nos nossos hospitais. As nossas vidas estão, portanto, em risco. E porquê? Porque estamos perante uma gestão irresponsável e incompetente por parte do governo regional que não nos consegue oferecer um sistema de saúde. 3ª conclusão: entretido consigo próprio e em manter os tentáculos a tocar em tudo, o governo socialista esqueceu-se do principal: cuidar dos açorianos.

Perante esta realidade dantesca que o Tribunal de Contas pôs a nu, o governo regional assobia para o lado. Já veio Sérgio Ávila dizer que ficou muito agradado com as conclusões do Parecer do Tribunal de Contas, num claro insulto à inteligência dos Açorianos, na linha, aliás, do que já tinha feito quando disse que a região tinha um superávit. Então, temos os hospitais em falência técnica, temos os fornecedores a cortarem os medicamentos aos hospitais, mais, temos a Administradora do Hospital de Ponta Delgada a demitir-se do cargo no seguimento de todos este emaranhado de dívidas, temos valores de dívida monstruosos, temos a realidade nua e crua na nossa frente a dizer-nos que estamos perante uma situação de abismo, e o governo, como sempre, faz de conta que não se passa nada. É o que se chama, no mundo da psiquiatria, o estado de negação. Este governo está em negação, vive numa redoma, dentro dos gabinetes das secretarias, das direcções, dos institutos, dos observatórios, das empresas públicas, totalmente alheado da realidade.

Desejamos, pois, um 2012 com novas políticas. Porque não é quem nos trouxe a este buraco, que agora o Tribunal de Contas comprova existir, que nos vai tirar dele. Desejamos e queremos um forte corte em todas esses gastos supérfluos da máquina administrativa e usar esses meios para as pessoas. É para as pessoas que se governa. Os políticos têm que compreender duma vez por todas que devem servir as pessoas e não, como se vê no governo dos Açores, servirem-se do bem público.

1 comentário:

Anónimo disse...

Onde é que está o buraco?

Está tudo transparente.

Obras e serviços têm custos.

Ou vocês querem serviços de 1ª qualidade, boas pílulas, bons remédios, tacs, ressonâncias, análises,etc. de graça?

Ou então querem que o Governo vos mande para a cova ou para o diabo?

Decidam-se! que eu tenho mais que fazer do que aturar ignorantes!