03 janeiro 2012

Governar para as aparências

O ano que agora começa vai ficar marcado por grande agitação política nos Açores. Nas eleições regionais do próximo mês de Outubro vai estar muito em jogo, principalmente para o partido socialista. Vão ser 16 anos de poder, com tudo o que isso representa em termos de relações de dependência. Portanto, temos que estar preparados para todo o tipo de manobras de diversão, calúnias e mal dizeres a fim de se tentar retirar a atenção de cima dos assuntos que são efectivamente fundamentais para os Açorianos.

E não há área mais importante do que a Saúde. É o sector onde não podemos falhar, porque trata-se da vida das pessoas. Mas é precisamente a Saúde que está em risco de colapso nos Açores. O governo regional não conseguiu encontrar forma de gerir a Saúde de forma minimamente sustentável, acabando por nos trazer para a situação de ruptura em que nos encontramos.

Mas vamos aos factos. Segundo o Secretário Regional da tutela, Miguel Correia, a dívida da saúde em finais de 2010 era de cerca de 600 milhões de euros. No entanto, a dívida da Saudaçor, empresa pública que gere o sistema regional de Saúde era de 260 milhões. Estamos a falar de dívida que tem vindo a aumentar progressivamente ao longo dos últimos anos. Ou seja, analisando a tendência, a ideia que fica é que este governo socialista não tem qualquer forma de inverter esta situação. A situação é mesmo muito grave porque entre os credores do governo estão as empresas que fornecem material para os hospitais da região, desde medicamentos à comida, passando por todo o material necessário ao funcionamento das unidades de saúde. Chegou-se a um ponto de ruptura porque sem receberem, essas empresas não podem continuar a trabalhar e vão cortar o fornecimento de material, como aliás já anunciaram que iam fazer. Estamos perante uma situação em que um açoriano tenha de recorrer a um hospital e não seja tratado por falta de medicamentos. As nossas vidas podem estar em risco. E porquê?

O governo regional dos Açores não soube gerir as suas prioridades e deu preferência a áreas como a construção em cimento e betão. Basta ver o último Parecer do Tribunal de Contas para se comprovar isso mesmo. Os nossos grandes investimentos são as SCUT, que iam custar 300 milhões, mas vão custar 1.2 mil milhões e o Hospital de Angra, que ia custar 65 milhões, mas afinal vai custar 140 milhões. É preciso dizer desde já que não somos contra as SCUT nem muito menos contra um novo Hospital em Angra. O importante aqui são as prioridades. Tal e qual numa família. Claro que é importante para uma família, por exemplo, fazer obras na casa para dar um quarto para cada filho, mas nenhuma família usaria o dinheiro da comida ou da saúde dos filhos para fazer essas obras. De que vale ter um quarto para cada filho se não temos comida para lhes dar? Do mesmo modo, de que vale ter um hospital novo, se não temos material nem medicamentos para o equipar?

Perante esta situação catastrófica, é com enorme tristeza que ouvimos o Presidente do Governo regional a tentar nos ludibriar. Então se o Tribunal de Contas diz que todos os anos a dívida da Saúde aumenta cerca de 100 milhões de euros. E se para 2012 o Orçamento da Região prevê um aumento de 23 milhões de euros para a Saúde. Como é que César diz que a situação está controlada? São contas muito simples de se fazer: se gastamos mais 100 do que podemos, não é com 23 que vamos resolver a situação.

Os factos demonstram-o cabalmente. Este governo liderado por Carlos César falhou na área mais importante: a Saúde. E o pretendente à sua sucessão, Vasco Cordeiro, segue a mesma lógica de governação de betão dirigida ao corta-fitas, como se vê ao anunciar uma secundária para a ilha do Corvo. Novamente demonstram que têm as prioridades trocadas. É importante ter uma secundária no Corvo? Talvez. Mas é fundamental ter a Saúde a funcionar antes nas ilhas todas. Até Outubro vamos assistir a muitas mais obras de cimento e betão a serem inauguradas em todas as ilhas, mas não nos podemos afastar do que é essencial. Saúde em primeiro lugar e depois emprego e prosperidade para todos. A Saúde é o que se vê. O desemprego é o mais alto de sempre nos Açores. Este governo do PS é aquele pai família que obriga os filhos a jantarem todos dias pão e água, para poder andar com o desportivo para impressionar os amigos. Vive de e para as aparências.

2 comentários:

Anónimo disse...

A Máquina de Lavar também é uma Loja da Maçonaria?

Anónimo disse...

Tudo isto só para tentar influenciar alguns incautos, no voto naqueles que estão irmanados pela maçonaria com aqueles que agora por motivos eleitorais fingem combater.
Mas não foram sempre o PS e o PSD, que fizeram esta politica de mentira e que agora mostra perfeitamente a sua intenção não só em Portugal em que a troika manda retirar aos pobres e o palhaço engravatado do Passos Coelho se apronta para dizer, mas não será melhor diminuir mais os ordenados?
Enfim querer esquecer que o que se passa nos Açores não é espelho do que se passa em Portugal, é querer fazer desta autonomia mais do que ela é, e é enganar mais uma vez o Povo como vez Passos Coelho(na campanha eleitoral, ao dizer que nada do que veio a fazer seria feito(retirar subsídios, diminuir pensões, aumentar impostos, aumentar o desemprego etc, etc.)
Se eventualmente o PSD vence-se as eleições nos Açores, seria uma situação não só pior do que é com César, como seria o triunvirato da desgraça,Passos em Lisboa, Jardim na Madeira e Berta nos Açores, era o "coco, ralheta e facada"...
O melhor é fazerem uma promessa a todos os santinhos, a ver se o Povo engole esta patranha...