19 abril 2012

Congresso do PSD/A - O melhor elogio veio do PS

A semana política fica marcada por dois factos de capital importância para o futuro dos Açores. Com o aproximar das eleições regionais, os principais actores vão se movimentando de acordo com aquilo que são as suas estratégias, valorizando qualidades e mais-valias, e minimizando ou escondendo defeitos e falhas.

Comecemos por Vasco Cordeiro. Para todos os efeitos, a impressão das pessoas oscila entre a indiferença, o desconhecimento do seu percurso, a ideia que é uma pessoa bem formada e a certeza de que pertence ao atual governo. Como sempre, o juízo das pessoas é o correcto e efectivamente, se tivéssemos que descrever o candidato socialista em duas palavras, seria isso mesmo: alguém que, apesar de transparecer boa impressão, é-nos indiferente, mas é do governo. E o próprio Vasco sabe, porque tem estudos de opinião, que as coisas são, de facto, assim. Por isso, e na linha de valorizar qualidades e minimizar defeitos, protagonizou um dos tais episódios da semana: a sua demissão de Secretário da Economia.

Vasco, ao demitir-se, tenta demarcar-se dos fiascos da responsabilidade da Secretaria da Economia. O processo do transporte marítimo inter-ilhas, que, passados todos estes anos, mantém-nos dependentes do aluguer anual e caríssimo de navios. A encomenda dos navios Atlantida e Anti-Ciclone. O processo da ASTA e o casino que está ali parado na Calheta em Ponta Delgada. E acima de tudo a SATA. Os preços elevadíssimos das passagens que nos castram qualquer capacidade de desenvolvimento. Nós estamos nesta situação dramática de desemprego e empresas a fechar em catadupa, por falhas do governo regional. O governo e em particular César dizem que a culpa é da crise internacional ou do governo de Lisboa, mas a verdade é que o desemprego nos Açores é, pela primeira vez na História, mais alto que a média nacional. Isto significa que as políticas nos Açores foram piores que no resto do país. Vasco Cordeiro quis sair do governo, quis cortar com esse seu passado. Mas, é impossível. É uma herança e uma responsabilidade que será, também, sempre sua.

O outro dado político da semana foi sem qualquer dúvida o Congresso Regional do PSD Açores. Também na lógica de se realçar qualidades, Berta Cabral apresentou-se como uma líder forte, democraticamente eleita pelos seus pares, deixando clara a distinção entre si e a liderança debilitada de Vasco, que foi escolhido por César e não pelos militantes socialistas em Congresso, como devia. Mas o Congresso do PSD Açores mostrou muito mais que isso. Berta Cabral fez dois discursos em que demonstrou ter uma estratégia e um caminho planeado para a governação dos Açores. Uma estratégia que já está bastante elaborada e bem argumentada, com os objectivos de criação de riqueza e emprego nos Açores, com base na criação do mercado interno. Os transportes são uma forte aposta da candidata do PSD Açores com a promessa, desde já feita, que irá baixar o preço das tarifas áereas. Cá estaremos para comprovar se a cumpre.

No rescaldo do Congresso, as reacções dos principais líderes do partido socialista demonstram o sucesso da reunião social democrata. Basta dizer que César, em visita ao Brasil, teve tempo para assistir a todo o discurso de Berta e dizer que foi o pior da Democracia. Vindo do partido que não faz Congressos que escolhe os seus candidatos a líder entre 2 ou 3 pessoas, falar em Democracia, roça o caricato. E pior que isso, César também nessa reacção ao discurso de Berta traçou o cenário de possível vitória do PSD e fez um grave aviso, sobre a situação que o PSD poderá encontrar nas contas do governo regional. Tal e qual Sócrates deixou o país.
O fim de semana foi importante, mas não decisivo. Existe efectivamente um ar de mudança nos Açores. Os próximos capítulos seguem já a seguir.

7 comentários:

Bandeira Açores disse...

O processo da ASTA e o casino que está ali parado na Calheta em Ponta Delgada. E acima de tudo a SATA.

Sabe porque é o Casino está ali parado e pouco ou nada se houve falar sobre o assunto, é porque o Carlos César e Berta Cabral fizeram um belo caldinho ali e ninguém quer mexer nesse tipo de esterco.
Quanto à SATA não é preciso reavivar as memórias do que Berta Cabral lá fez em apenas um ano de administração.

Bandeira Açores disse...

Sente-se um ar de mudança, era o que se dizia na Madeira quando se soube o drama das finanças, mas o povo decidiu premiar Alberto João Jardim com mais um mandato, será que foi justo, ou não?!
E se o povo decidir premiar o PS Açores com mais um mandato?! É justo ou não?!
Ou será que tudo se resume a um exercício de democracia que de justo não tem nada.

Anónimo disse...

Caro Rui
O seu titulo é explicativo( para além do que quis dizer,) de facto PS e PSD são mais parecidos do que aparentemente parecem.
Esta quase familiaridade entre PS e PSD(mais evidente em Portugal, do que nos Açores) é a razão de todos os males da politica Açoriana e Portuguesa.
É a própria Berta Cabral a dizer que irá fazer uma politica que se baseia na despesa pública e na intervenção do Estado na Economia(o que em principio não é um erro)o que é não só, o que têm criticado em César, com demagogia Passos Coelho diz (mas na prática também faz, ao apoiar os investimentos da china em Portugal e continuar a suportar as rendas que deviam ser suportadas pela EDP entre outras)ser o campeão do liberalismo(mas só naquilo que prejudique o Povo).
Enfim gostava de saber como se irá comportar a ligação entre Berta e Passos se esta ganhar ás eleições?
Não será esta mais uma gigantesca contradição entre o discurso e prática nas fileiras dos governos do PSD?
A ideia dum mercado económico entre as ilhas dos Açores é uma ideia em si positiva mas que necessita bem mais do que boas vontades.
Seja como for a resolução dos problemas dos Açores não se resolve com governos sem vida e com base em partidos PS/PSD completamente divorciados da vida do Povo quer nos Açores quer em Portugal onde estão a promover uma politica completamente catastrófica que já está a prejudicar amplamente a vida económica tanto dos Açores como de Portugal.

Anónimo disse...

Sente-se um desejo de mudança...mas na continuidade.
Quando as sondagens conhecidas dão o PS e o PSD a descer e o PP a subir, aparentemente, e para já, parece que fica tudo na mesma!!!!

Anónimo disse...

Por aquilo que me é dado saber, José de Almeyda Melllo vai para secretário da kultura, é verdade, o homem está num desarimento por apracer na social comunicaçã para se átopromover,


ahhhhhhhhh grande Melllo

Anónimo disse...

As sondagens são claras: arrumam com Berta Cabral e provam que o CDS-PP já deu o que tinha a dar.

Anónimo disse...

Caro Rui
Hoje é dia 24 de Abril e que mais não fosse por a liberdade ter sido retomada juridicamente falando,(já a realidade muitas vezes, parece igual ao tempo "Salazarista ou Marcelista" )em 25 Abril de 1974, devia ter dado nota do evento.
Não faltaria motivos para retomar a luta contra a situação politica que se vive em Portugal, com um autentico prec(neste caso seria mais um pcrc, processo contra revolucionário em curso)ou se quiser um ajuste contra-revolucionário com as conquistas do Povo, ou dito à minha maneira uma Luta de classes ao contrário.
A História contudo repõe sempre o seu rumo no sentido do desenvolvimento social e técnico, existem como agora porem uns recuos civilizacionais que o tempo e a luta do Povo se encarregará de corrigir.
Viva a luta do Povo e o 25 de Abril